Já era tarde quando Rodolffo decidiu voltar para casa. Quando saiu conduziu até à praia e caminhou alguns quilómetros na areia. Quando regressou ao carro reparou que tinha deixado o telefone ali.
Ligou o aparelho, viu as chamadas de Juliette e por fim a mensagem.
Lá fora o sol começava a desaparecer na linha do horizonte.Ficou a apreciar o espectáculo e tirou várias fotos. Fotografia sempre foi um dos seus hobbys predilectos.
Regressou a casa com vontade de que não estivesse lá ninguém porque apetecia-lhe estar só.
Viu o carro de Alice e calculou que Juliette ainda ali estivesse.
Entrou ignorando todo o mundo e foi tomar um banho.
Voltou depois de algum tempo. As duas estavam na cozinha. Alice terminava o jantar e Juliette conversava.- Rodolffo, desculpa o que eu disse. Vamos conversar.
- Não há mais nada a conversar. Tu não queres ninguém na tua vida e isso está muito claro, mas com isso vais perder as pessoas que gostam de ti e também o teu filho. Façamos as coisas como tu queres.
- Eu aceito vir para cá.
- Com toda essa animação eu devia soltar foguetes. Poupa-me Juliette. Eu não quero ter uma pessoa contrariada a viver aqui. A vida vai ser um inferno.
- Eu prometo que não vou interferir em nada, Rodolffo. Serei uma hóspede exemplar.
- É isso mesmo que não me agrada. Vou aceitar apenas pela criança que não deve viver numa instituição.
Alice! Tira o dia de amanhã para ires com a Juliette às compras. Comprem o berço e tudo o mais que necessitar. Eu pago.- Não, Rodolffo. Eu faço questão de pagar tudo. Felizmente isso eu posso fazer.
Quando podemos trazer o meu filho?- Vou telefonar ao Alexandre, mas amanhã podemos ir vê-lo se quiseres, mas vais com a certeza de que não o podes trazer ainda.
- Está bem. Obrigada Rodolffo e desculpa mais uma vez as palavras duras. Eu não te vejo como carrasco.
- Esquece isso. Alice, vou-me deitar. Fecha a porta quando saírem.
- Não vai jantar? Está pronto.
- Estou sem fome e com dor de cabeça. Mais tarde eu como qualquer coisa. Até amanhã.
- Até amanhã, doutor.
Rodolffo saiu sem dirigir uma última palavra a Juliette que ficou a vê-lo subir as escadas.
- Ele está muito bravo, Alice.
- Pois está e com muita razão. Não merecia ouvir o que ouviu de ti.
- Eu pedi desculpas, bolas!
- E ele ouviu-as. E fica por isso mesmo. Amanhã é outro dia, a que horas queres ir às compras.
- Não sei. Eu não perguntei a que horas íamos ver o bébé.
- Vai lá perguntar. Já sabes onde é o quarto dele. Bate à porta e pergunta.
Juliette subiu, bateu à porta e ouviu um entra muito sumido. Abriu a porta e não viu ninguém.
- Entra, estou na varanda.
Juliette foi até à varanda. Rodolffo estava deitado no sofá. Ao lado, em cima da mesinha estava uma garrafa de whisky e um copo.
- Não estava com dor de cabeça?
Porquê a bebida?- Para acalmar. É só um copo. O que querias?
- Saber o horário em que vamos ver o meu filho.
- Logo de manhã. Vem ter aqui de manhã com a Alice e depois vamos. De tarde tenho muito que fazer.
- Eu gostava que fosse fazer compras connosco.
- Porquê isso agora?
- Quero o padrinho do meu filho presente em tudo.
Rodolffo levantou-se e olhou para ela. Juliette sentou-se ao seu lado e segurou nas mãos dele.
- Às vezes sou péssima a verbalizar e tenho muitas retrações, mas não duvides do meu apreço por ti. Quero sim que estejas presente nas nossas vidas e obrigada por tudo o que tens feito.
- Não imaginas como isso é bom de ouvir, disse levando as mãos dela aos lábios e beijando-as.
- Agora larga esse copo e vai jantar. Eu vou embora com a Alice. Até amanhã. - Juliette levantou-se e deu-lhe um beijo leve na bochecha.
Rodolffo ficou a olhar para ela , mandou um beijo e viu-a sair porta fora. Pegou no copo e na garrafa e pela janela da cozinha viu ela entrar no carro da Alice e partirem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livre para sentir Saudade.
FanfictionSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.