Capítulo 20

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Já era tarde quando Rodolffo decidiu voltar para casa.  Quando saiu  conduziu até à praia e caminhou alguns quilómetros na areia.  Quando regressou ao carro reparou que tinha deixado o telefone ali.

Ligou o aparelho, viu as chamadas de Juliette e por fim a mensagem.
Lá fora o sol começava a desaparecer na linha do horizonte.

Ficou a apreciar o espectáculo e tirou várias fotos.  Fotografia sempre foi um dos seus hobbys predilectos.

Regressou a casa com vontade de que não estivesse lá ninguém porque apetecia-lhe estar só.

Viu o carro de Alice e calculou que Juliette ainda ali estivesse.

Entrou ignorando todo o mundo e foi tomar um banho.
Voltou depois de algum tempo.  As duas estavam na cozinha.   Alice terminava o jantar e Juliette conversava.

- Rodolffo,  desculpa o que eu disse. Vamos conversar.

- Não há mais nada a conversar.  Tu não queres ninguém na tua vida e isso está muito claro, mas com isso vais perder as pessoas que gostam de ti e também o teu filho.  Façamos as coisas como tu queres.

- Eu aceito vir para cá.

- Com toda essa animação eu devia soltar foguetes.  Poupa-me Juliette.   Eu não quero ter uma pessoa contrariada a viver aqui.  A vida vai ser um inferno.

- Eu prometo que não vou interferir em nada, Rodolffo.  Serei uma hóspede exemplar.

- É isso mesmo que não me agrada.  Vou aceitar apenas pela criança que não deve viver numa instituição.
Alice! Tira o dia de amanhã para ires com a Juliette às compras.  Comprem o berço e tudo o mais que necessitar.  Eu pago.

- Não,  Rodolffo.   Eu faço questão de pagar tudo.  Felizmente isso eu posso fazer.
Quando podemos trazer o meu filho?

- Vou telefonar ao Alexandre, mas amanhã podemos ir vê-lo se quiseres, mas vais com a certeza de que não o podes trazer ainda.

- Está bem.  Obrigada  Rodolffo  e desculpa mais uma vez as palavras duras.  Eu não te vejo como carrasco.

- Esquece isso.  Alice, vou-me deitar.  Fecha a porta quando saírem.

- Não vai jantar?  Está pronto.

- Estou sem fome e com dor de cabeça.  Mais tarde eu como qualquer coisa.  Até amanhã.

- Até amanhã,  doutor.

Rodolffo saiu sem dirigir uma última palavra a Juliette que ficou a vê-lo subir as escadas.

- Ele está muito bravo, Alice.

- Pois está e com muita razão.   Não merecia ouvir o que ouviu de ti.

- Eu pedi desculpas, bolas!

- E ele ouviu-as.  E fica por isso mesmo.  Amanhã é outro dia, a que horas queres ir às compras.

- Não sei.  Eu não perguntei a que horas íamos ver o bébé.

- Vai lá perguntar.  Já sabes onde é o quarto dele.  Bate à porta e pergunta.

Juliette subiu, bateu à porta e ouviu um entra muito sumido.  Abriu a porta e não viu ninguém.

- Entra, estou na varanda.

Juliette foi até à varanda.  Rodolffo estava deitado no sofá.  Ao lado, em cima da mesinha estava uma garrafa de whisky e um copo.

- Não estava com dor de cabeça?
Porquê a bebida?

- Para acalmar.  É só um copo.   O que querias?

- Saber o horário em que vamos ver o meu filho.

- Logo de manhã. Vem ter aqui de manhã com a Alice e depois vamos.  De tarde tenho muito que fazer.

- Eu gostava que fosse fazer compras connosco.

- Porquê isso agora?

- Quero o padrinho do meu filho presente em tudo.

Rodolffo levantou-se e olhou para ela.  Juliette sentou-se ao seu lado e segurou nas mãos dele.

- Às vezes sou péssima a verbalizar e tenho muitas retrações, mas não duvides do meu apreço por ti.  Quero sim que estejas presente nas nossas vidas e obrigada por tudo o que tens feito.

- Não imaginas como isso é bom de ouvir, disse levando as mãos dela aos lábios e beijando-as.

- Agora larga esse copo e vai jantar.  Eu vou embora com a Alice.  Até amanhã. - Juliette levantou-se e deu-lhe um beijo leve na bochecha.

Rodolffo ficou a olhar para ela , mandou um beijo e viu-a sair porta fora.  Pegou no copo e na garrafa e pela janela da cozinha viu ela entrar no carro da Alice e partirem.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora