Capítulo 18

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- Que casa linda, Alice.

- Eu também acho.  Tu gostaste?

- Amei.  O doutor vive aqui sózinho?

- Faz dez anos que eu trabalho para ele, nunca vi mulherada por aqui.

- Ué!  Quer dizer que ele nunca namorou?

- Se namorou, não era sério porque nenhuma teve o privilégio de entrar aqui.  Eu sei que alguns dias ele ligava para avisar que não vinha jantar, mas isso faz tempo.

- E está a fazer obras?  Eu vejo ali naquele quarto tudo bagunçado.

- Vamos remodelar.  Devem chegar hóspedes por esses dias.

- Hóspedes?

- Sim.  Só não sei quem é.

- Será que é namorada?

- Se fosse namorada ia para o quarto dele, não achas?

- É tens razão.

- Vamos almoçar.  Vem ajudar-me com a mesa.

Aparentemente Juliette estava bem tranquila.  Durante o almoço contou sobre o jantar que teve com Rodolffo em sua casa e de como se sentiu bem do lado dele.

- Vês como nem todo o mundo é igual?  Ele é um amor de pessoa.  A mulher que o levar será uma sortuda.

Ouviram a porta e Rodolffo entrou de rompante.

- Almoço de amigas?  Porque não fui convidado?

- Chegou na hora do café.  Já é alguma coisa.

- Como estás, Juliette?

- Estou muito bem.  Com a Alice estou sempre bem.

- E comigo?

- Também me sinto bem.

- Óptimo, porque tenho um assunto sério para conversar contigo.

Juliette olhou para ele e mudou imediatamente a expressão.

- Alice, vamos para o jardim.  Traz o café para os três.

O dia não estava muito quente.  O sol era quente, mas soprava uma leve brisa que refrescava o ar.  Sentaram-se os três nos cadeiras à volta de uma mesa.

- Juliette!  Tudo o que eu disser agora, quero que penses que foi feito para teu bem.  Em momento algum eu quis invadir a tua intimidade.  Foi apenas no intuito de ajudar.

- O que foi? - questionou ela e pelo movimento das mãos,  Rodolffo notou algum nervosismo.

- Sabes o teu caderno que começaste a escrever na clínica?  Eu li o princípio.

- Não tinha esse direito.  Eram coisas minhas.

- Eu sei, mas foi necessário e ainda bem que o li.  Lá estava escrito que no dia em que foste para o hospital depois de caíres, ouviste risos e um choro de bébé.

- Sim.  Eu ouvi.  Porquê?

- Por causa disso, eu e o Alexandre fomos atrás desse choro e descobrimos... - Rodolffo engoliu em seco e depois tomou um pouco de àgua.

- O que descobriram?  Eu estou a sentir-me mal.

- Respira.  Bebe àgua e respira.

- Fala Rodolffo.   O que descobriram?

- O teu bébé está vivo.  Aquela gente lá da casa de repouso roubaram o teu bébé.

Juliette desatou a chorar compulsivamente.  Alice abraçava-a e Rodolffo segurou-lhe nas mãos.

- Eu quero ele.  Onde está o meu filho?

- Calma.  Alice, vai buscar um dos calmantes que eu deixei em cima da mesa.  Vais tomar um só para ficares menos ansiosa.

- Eu faço tudo, só quero o meu menino.

- E vais tê-lo.  Nós vamos buscá-lo juntos, mas primeiro temos que resolver outras coisas.

- Tu viste-o Rodolffo.   Como é ele?

- Não vi ainda.

- Como sabes que é o meu bébé?
Eles confessaram?

- Sim.  O Júlio confessou, mas eu mandei fazer o teste de DNA.  Não há dúvidas.

Embora chorosa, Juliette estava mais calma depois do comprimido.
Rodolffo contou tudo até ao teste de paternidade e do pedido para retirar a criança da instituição.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora