Capítulo 15

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- Bom dia doutora Raquel.

- Bom dia Juliette.   O meu colega pediu que eu a incluísse na lista dos meus pacientes.  Espero ajudá-la.

Juliette concordou com Alice de que estava na hora de ter umas consultas com a psicóloga por isso agradeceu à amiga e foi.

Raquel era uma mulher linda.  Alta, elegante, olhos negros e cabelos escuros pela altura do ombro.  Juliette não se lembra de tê-la visto durante o seu internamento.  Olhou para as mãos dela e não viu aliança.

- A doutora é nova aqui?

- Estou cá há menos de um mês.   Vim substituir a colega que foi de férias para ter seu filho.

Aquela frase despertou gatilhos em Juliette.   Logo os olhos se encheram de lágrimas que ela se apressou em limpar.

- Chorar por vezes liberta-nos.  Quer falar sobre o que a fez chorar?

- É um assunto difícil para mim.  Não me sinto à vontade para falar dele.

- Então falemos de outras coisas.  O Dinho trouxe-me o seu dossier, mas eu não o quis ler.  Prefiro saber das coisas por si.

- Quem é o Dinho?

- O psiquiatra.  O dr. Rodolffo.   Eu trato-o carinhosamente por Dinho.

- E consegue ter esse carinho por uma pessoa que conhece há menos de um mês?

- Sim, consigo.  A Juliette não?

- Por homens não.  Nem quero nunca mais.

- Pode contar-me porquê?

Juliette não se abriu muito nesta primeira conversa.  Gostou de Raquel, mas ao mesmo tempo ficou de pé atrás.
Ao fim de uma hora, terminaram a consulta e deixaram agendada uma nova para a semana seguinte.

Saiu do gabinete da psicóloga e quando chegou à recepção perguntou a Sara.

- Sara, o doutor Rodolffo está com alguém?

- Não.   Já terminou a visita aos pacientes hoje.  Só tem consultas depois do almoço.

- Posso ir lá?

- Pode Juliette.   A si de certeza que ele recebe.

Juliette bateu à porta e pediu licença para entrar.

- Bom dia.

- Entra, Juliette.   Bom dia.  Como foi a consulta?

- Foi boa, acho eu.
Queria saber como está.  Esqueceu-se de mim.

- Não é verdade.  Tu é que me excluiste.   Deixaste claro que não querias contacto comigo.

- Com homens, não consigo.

- E eu não sou homem por acaso?

- Você é o doutor Rodolffo.  Quer dizer,  parece que agora é o Dinho.

- Sou o quê?

- Dinho, como falou a psicóloga.

- Ah ah ah!!! Gargalhou ele alto e bom som.

- Está a rir de quê?  Sou palhaça?

- Não és palhaça, Juliette,  mas fizeste-me rir.

- Ah.  Vou-me embora.

- Espera, não vás ainda.  Queres almoçar comigo?  Comemos aqui no restaurante do lado.  Aceita por favor.

- Só nós dois?

- Sim.  Quem mais querias?

- Ninguém,  só que... está bem, eu aceito.

Estiveram à conversa cerca de meia hora mais até que deu a hora de almoço e saíram.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora