- Bom dia doutora Raquel.
- Bom dia Juliette. O meu colega pediu que eu a incluísse na lista dos meus pacientes. Espero ajudá-la.
Juliette concordou com Alice de que estava na hora de ter umas consultas com a psicóloga por isso agradeceu à amiga e foi.
Raquel era uma mulher linda. Alta, elegante, olhos negros e cabelos escuros pela altura do ombro. Juliette não se lembra de tê-la visto durante o seu internamento. Olhou para as mãos dela e não viu aliança.
- A doutora é nova aqui?
- Estou cá há menos de um mês. Vim substituir a colega que foi de férias para ter seu filho.
Aquela frase despertou gatilhos em Juliette. Logo os olhos se encheram de lágrimas que ela se apressou em limpar.
- Chorar por vezes liberta-nos. Quer falar sobre o que a fez chorar?
- É um assunto difícil para mim. Não me sinto à vontade para falar dele.
- Então falemos de outras coisas. O Dinho trouxe-me o seu dossier, mas eu não o quis ler. Prefiro saber das coisas por si.
- Quem é o Dinho?
- O psiquiatra. O dr. Rodolffo. Eu trato-o carinhosamente por Dinho.
- E consegue ter esse carinho por uma pessoa que conhece há menos de um mês?
- Sim, consigo. A Juliette não?
- Por homens não. Nem quero nunca mais.
- Pode contar-me porquê?
Juliette não se abriu muito nesta primeira conversa. Gostou de Raquel, mas ao mesmo tempo ficou de pé atrás.
Ao fim de uma hora, terminaram a consulta e deixaram agendada uma nova para a semana seguinte.Saiu do gabinete da psicóloga e quando chegou à recepção perguntou a Sara.
- Sara, o doutor Rodolffo está com alguém?
- Não. Já terminou a visita aos pacientes hoje. Só tem consultas depois do almoço.
- Posso ir lá?
- Pode Juliette. A si de certeza que ele recebe.
Juliette bateu à porta e pediu licença para entrar.
- Bom dia.
- Entra, Juliette. Bom dia. Como foi a consulta?
- Foi boa, acho eu.
Queria saber como está. Esqueceu-se de mim.- Não é verdade. Tu é que me excluiste. Deixaste claro que não querias contacto comigo.
- Com homens, não consigo.
- E eu não sou homem por acaso?
- Você é o doutor Rodolffo. Quer dizer, parece que agora é o Dinho.
- Sou o quê?
- Dinho, como falou a psicóloga.
- Ah ah ah!!! Gargalhou ele alto e bom som.
- Está a rir de quê? Sou palhaça?
- Não és palhaça, Juliette, mas fizeste-me rir.
- Ah. Vou-me embora.
- Espera, não vás ainda. Queres almoçar comigo? Comemos aqui no restaurante do lado. Aceita por favor.
- Só nós dois?
- Sim. Quem mais querias?
- Ninguém, só que... está bem, eu aceito.
Estiveram à conversa cerca de meia hora mais até que deu a hora de almoço e saíram.
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Livre para sentir Saudade.
FanfictionSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.