Rodolffo chegou à clínica e pediu à Sofia que lhe desse o contacto do detective particular ou se ele pudesse ir ter com ele.
Foi até ao quarto de Juliette para lhe entregar os materiais de desenho que tinha comprado.
- Juliette, eu acho que já estás bem melhor. Preciso conversar contigo um assunto. Tens que te abrir comigo para eu te ajudar.
Rodolffo não queria dizer-lhe que sabia da história dela nem o modo como soube.
- Tens que contar-me algumas coisas da tua vida. Só assim podemos ajudar. Como se chamava o teu marido?
- Não era marido. Nós não casámos. Eu não quero falar dele.
- Diz-me só o nome e o que ele fazia.
- Chamava-se Júlio Tavares e não fazia nada.
- Viviam de quê?
- Eu tinha dinheiro. Os meus pais deixaram-me muito dinheiro.
- Queres dar-me a morada da tua casa?
Rua de S. Caetano, 21.
- Juliette, podes abrir-te comigo. Eu não vou fazer-te mal.
- Obrigada pelo material.
- E o caderno? Tens escrito muito? Posso ler?
- Tenho, mas ninguém pode ler.
- Está bem. Por hoje já tenho o que queria.
Rodolffo no seu gabinete só pensava no assunto Juliette. Ler aquele caderno, afectou-o mais do que queria. De repente lembrou-se da conversa que tivera com Alice.
Resolveu ligar-lhe.
- Alice! Lembras-te da conversa que tivemos sobre a tua amiga?
- Sim doutor. O que tem?
- Deixa ficar tudo e vem aqui à clínica. Quero mostrar-te uma coisa. Pede na recepção para te trazerem ao meu gabinete.
- Vou já, doutor.
Não demorou muito para Alice chegar. Rodolffo levou-a até à janela e apontou para o jardim.
- Vê se reconheces alguém.
Alice pousou os olhos na jovem de cabelos longos e levou as mãos à boca.
- A Juliette, doutor!
- É a tua amiga?
- É ela sim, mas o que faz aqui?
- Longa e triste história. Vou pedir para a levarem para o quarto.
Sofia foi buscar Juliette e logo depois Rodolffo chegou com Alice. Abriu a porta do quarto e mandou-a entrar, ficando na entrada.
- Alice!!! - gritou Juliette correndo para ela.
- Juliette! Minha amiga. Procurei-te tanto.
As duas abraçaram-se e caíram de joelhos a chorar. Rodolffo decidiu fechar a porta e deixá-las sózinhas.
Já refeitas da surpresa, levantaram-se e sentaram-se no sofá sem deixar de se abraçar.
- Amiga Juliette, temos tanto para conversar. Eu quero saber tudo o que aconteceu. Porque desapareceste?
- É uma história triste que eu não quero reviver. Só quero seguir em frente e se possível esquecer. Algumas coisas nunca vou esquecer, mas hei-de sobreviver.
- Sempre foste uma guerreira.
- Nem sempre. Houve alturas que só queria terminar com tudo. Como me achaste?
- Eu conto.
Ficaram horas a conversar. Tinham tanto para dizer que um dia não chegaria.
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Livre para sentir Saudade.
FanficSaudade Palavra com um sentido enorme. Sentimento que cabe no peito. Sensação de partida e também chegada. Temos de quem está longe, mas por vezes de quem está perto também. Olhei para trás e conclui que só queria ser livre para sentir Saudade.