Capítulo 8

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Rodolffo chegou à clínica e pediu à Sofia que lhe desse o contacto do detective particular ou se ele pudesse ir ter com ele.

Foi até ao quarto de Juliette para lhe entregar os materiais de desenho que tinha comprado.

- Juliette,  eu acho que já estás bem melhor.  Preciso conversar contigo um assunto.  Tens que te abrir comigo para eu te ajudar.

Rodolffo não queria dizer-lhe que sabia da história dela nem o modo como soube.

- Tens que contar-me algumas coisas da tua vida.  Só assim podemos ajudar.  Como se chamava o teu marido?

- Não era marido.  Nós não casámos.  Eu não quero falar dele.

- Diz-me só o nome e o que ele fazia.

- Chamava-se Júlio Tavares e não fazia nada.

- Viviam de quê?

- Eu tinha dinheiro.  Os meus pais deixaram-me muito dinheiro.

- Queres dar-me a morada da tua casa?

Rua de S. Caetano, 21.

- Juliette,  podes abrir-te comigo.  Eu não vou fazer-te mal.

- Obrigada pelo material.

- E o caderno?  Tens escrito muito?  Posso ler?

- Tenho, mas ninguém pode ler.

- Está bem.  Por hoje já tenho o que queria.

Rodolffo no seu gabinete só pensava no assunto Juliette.   Ler aquele caderno, afectou-o mais do que queria.  De repente lembrou-se da conversa que tivera com Alice.

Resolveu ligar-lhe.

- Alice!  Lembras-te da conversa que tivemos sobre a tua amiga?

- Sim doutor.   O que tem?

- Deixa ficar tudo e vem aqui à clínica.  Quero mostrar-te uma coisa.  Pede na recepção para te trazerem ao meu gabinete.

- Vou já, doutor.

Não demorou muito para Alice chegar.  Rodolffo levou-a até à janela e apontou para o jardim.

- Vê se reconheces alguém.

Alice pousou os olhos na jovem de cabelos longos e levou as mãos à boca.

- A Juliette,  doutor!

- É a tua amiga?

- É ela sim, mas o que faz aqui?

- Longa e triste história.  Vou pedir para a levarem para o quarto.

Sofia foi buscar Juliette e logo depois Rodolffo chegou com Alice.  Abriu a porta do quarto e mandou-a entrar, ficando na entrada.

- Alice!!! - gritou Juliette correndo para ela.

- Juliette!  Minha amiga.  Procurei-te tanto.

As duas abraçaram-se e caíram de joelhos a chorar.  Rodolffo decidiu fechar a porta e deixá-las sózinhas.

Já refeitas da surpresa, levantaram-se e sentaram-se no sofá sem deixar de se abraçar.

- Amiga Juliette, temos tanto para conversar.  Eu quero saber tudo o que aconteceu.  Porque desapareceste?

- É uma história triste que eu não quero reviver.  Só quero seguir em frente e se possível esquecer.  Algumas coisas nunca vou esquecer, mas hei-de sobreviver.

- Sempre foste uma guerreira.

- Nem sempre.  Houve alturas que só queria terminar com tudo.  Como me achaste?

- Eu conto.

Ficaram horas a conversar.  Tinham tanto para dizer que um dia não chegaria.

Livre para sentir Saudade.Onde histórias criam vida. Descubra agora