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MADELYN LAURENT

          Tinha acordado fazia pouco mais de duas horas e ainda não tinha me levantado. Estava deitada na cama coberta até o pescoço perdida em meus próprios pensamentos, já que não podia assistir televisão ou até mesmo mexer em meu celular. Me mexi cama vindo a me virar para o lado contrário e uma lufada de ar escapou por meus lábios. Tinha passado a noite em meu quarto e de Charles, porém quem dormiu comigo foi Maelle, que já tinha se levantado há algum tempo.

Não fazia ideia de que hora era, mas sabia que já era dia. A pouca claridade que entrava pelas frestas da janela me alertava sobre isso.

Ouvi algumas batidas na porta e murmurei um “pode entrar”. A porta foi aberta e revelou Charles, que entrou com algumas coisas em sua mão, as quais eu não consegui ver direito o que era de longe.

- Maelle saiu, pediu para que eu te ajudasse com os curativos. — Ele falou se aproximando e colocando as coisas na mesinha do lado da cama.

Ele veio a se sentar na beirada da cama e acendeu a luz, que me arrancou uma careta com a claridade repentina.

- Onde minha irmã foi? — Perguntei o observando abrir um pacote de gaze e outro de esparadrapo. 

- Quis sair para comprar algo para a gente almoçar, mesmo eu falando que não precisava. — Ele deu uma risada fraca e pegou um garrafa de soro.

Charles veio a abrir a tampa de uma pomada e segurei o cobertor com mais força contra meu corpo. Ele parecia determinado a fazer isso e eu não queria que o fizesse.

- Vamos esperar ela voltar. — Falei dando de ombros e tentando fazer pouco caso da situação.

- Madelyn, uma hora ou outra vai ter que me deixar fazer as coisas por você. — Ele falou em um tom mais sério e largou a pomada em cima da cama. - Sua irmã não vai estar aqui o tempo todo e não consegue fazer isso sozinha.

- Eu posso aprender a fazer sozinha. Consigo dar conta. — Voltei a falar e seus olhos se encontraram com os meus. Estavam em um tom tão claro de verde que me deixaram presa.

- Eu não sabia que a sua perda de memória estava te afetando tanto que não consegue nem se lembrar o que o médico falou. — Charles falou dando um sorriso cínico e umedeceu seus lábios. - Tem que fazer o mínimo de esforço possível. E eu não vou a lugar nenhum, você queira ou não.

Continuei o olhando e seu olhar sério em mim parecia me queimar. Estava começando a me sentir intimidada e me incomodada. Com meu coração batendo rápido em meu peito aos poucos fui afastando o cobertor que cobria meu corpo e levantando a camiseta. Encarei o curativo em minha barriga com esparadrapo e suspirei brevemente. Sabia que iria doer.

- Não acho que você saiba como fazer isso... — Falei quase num sussurro e ele se sentou mais próximo de mim.

- Quantas vezes acha que me acidentei pilotando um carro a 300km por hora? — Ele perguntou em um tom irônico e revirou os olhos. - Sei exatamente o que devo fazer, você só tem que ficar em silêncio e me deixar fazer.

Acabei por ficar em silêncio sem ter a menor ideia do que ele estava falando e fechei meus olhos quando suas mãos se aproximaram, uma vindo a ser apoiada em minha barriga enquanto com a outra o senti puxar de maneira rápida o esparadrapo que prendia a gaze em um dos lado do corte. Tinha doído. A primeira coisa que pensei foi que puxou assim de propósito.

- Está doendo? Acho que sim pela sua careta, perdão. — Ele disse passando a tirar o outro lado com mais cuidado.

Charles pegou um algodão e molhou com soro, passando com cuidado em volta dos pontos. Parecia saber o que estava fazendo.

- Maelle não disse que horas ela vai voltar? — Perguntei o ouvindo dar um suspiro pesado e sentindo a área do machucado arder um pouco.

- Não. Só disse que ia comprar comida e me mandou trocar os seus curativos. — Ele falou terminando de limpar com o soro e pegou um pouco da pomada com os dedos. -  Me avise se doer muito.

Ele falou antes de começar a espalhar a pomada pelo corte.

Estava doendo. E muito, por sinal.

Mas não falei nada, apenas observei em silêncio me mexendo de forma desconfortável vez ou outra. Meus olhos pararam em um anel em seu dedo e encarei por alguns segundos.

- É uma aliança? — Apontei e Charles assentiu com a cabeça.

Passei a olhar para minhas mãos e identifiquei um anel em meu dedo também. Observei por um bom tempo antes de vir a tirar. Não via muito sentido no porquê continuar usando.

Charles piscou algumas vezes olhando para meu dedo sem o anel e em silêncio terminou de passar a pomada, terminando de fazer o curativo em minha barriga.

- Me da. — Ele falou estendendo sua mão sem me olhar.

O entreguei o anel e ele puxou minha mão, voltando a colocar em meu dedo e me olhando com o mesmo semblante sério. Não sabia como dizer que não estávamos "namorando". Não conseguia me lembrar dele ou de qualquer coisa relacionada ao nosso namoro.

Não me senti apaixonada por ele e a ideia de o namorar soava meio estranha para mim.

- Estava apertando meu dedo. — Murmurei como uma forma de desculpa e ele veio a abaixar minha camiseta novamente.

- Não tem direito de terminar comigo Madelyn! Não sabe o que está fazendo. — Ele falou se levantando e cruzou os braços. - Se quiser terminar comigo quando recuperar sua memória tudo bem, é uma escolha sua, mas agora não tem esse direito.

- Está me obrigando a namorar com você? — Vim a questionar tentando assimilar suas palavras.

Charles passou a mão no cabelo parecendo meio impaciente e voltei a me cobrir.

- Sim. Não me importo se não fizermos coisas que namorados fazem, eu só quero que fique bem logo. — Ele falou em um tom mais baixo e virou de costas para mim. - Se quando sua memória voltar você quiser terminar comigo eu não vou tentar te impedir, mas agora você não vai fazer isso e não vai tirar essa aliança do dedo.

Antes mesmo que eu pudesse responder ele veio a sair do quarto fechando a porta com um pouco de força atrás de si mesmo. Respirei fundo sem saber ao certo o que pensar ou que fazer. Não era como se eu tivesse algum sentimento por Charles ou algo do tipo.

Me sentia um pouco triste por ele e pela situação toda, mas para mim estava sendo muito mais difícil.

Grandes mudanças aconteceram em minha vida no último ano e para mim era se nada tivesse ocorrido.

Basicamente se tornou um espaço em branco em algum lugar da minha cabeça.

[...]

oiiiii comentem muito e eu posto mais

traces of love | charles leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora