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MADELYN LAURENT

    Estava irritada com a claridade entrando no quarto, estava tentando continuar dormindo mas mesmo de olhos fechados podia perceber o quão claro já estava e o quanto isso estava me deixando com um péssimo humor antes mesmo de acordar por completo.

Me viro para o outro lado e passo a abrir meus olhos lentamente para conseguir me acostumar com a claridade, mas tudo que meus olhos encontram é Charles, me encarando. Me assusto um pouco e pisco os olhos algumas vezes. Ele parecia encarar minha alma, seus olhos estavam mais verdes do que o normal e em um tom bem mais claro, quase puxado para um acinzentado.

- Bom dia! Dormiu bem? — Charles perguntou e tirou uma mecha do meu cabelo loiro do meu rosto.

- Você está me encarando demais e isso está me assustando. — Resmunguei e acabei por voltar a me virar para o outro lado.

Não sabia o que era pior: Acordar com a claridade ou saber que ele estava me olhando dormir.

- Você virou de costas para mim tem algumas horas, não fiquei te encarando esse tempo todo. — Ele falou voltando a me abraçar. - Não dormi a noite, estava preocupado com você.

- Eu estou bem. Foi só uma febre. — Murmurei tentando me afastar de forma sutil enquanto buscava distância na cama. - Eu disse que o remédio iria ajudar.

- De qualquer forma não consegui dormir, mas fico aliviado que está bem. — Ele disse e senti afastar seu braço. Talvez eu não tenha sido tão sútil assim.

- Ainda estou um pouco cansada, mas acho que é por conta da febre. — Voltei a falar e vim a me espreguiçar. - Acho que eu deveria voltar para o outro quarto...

Não tinha me esquecido de suas palavras antes de irmos dormir e iria esperar por uma explicação vinda de Charles. Não queria tocar novamente no assunto sobre meu pai, então iria esperar até o almoço.

- Preferia que ficasse aqui, pelo menos por mais um tempo. — Ele disse tocando meu ombro após segundos em silêncio. - Vire para mim, não gosto de falar com você de costas.

Dei uma breve resposta funda antes de me virar e o encontrar mais próximo do que eu esperava. Meus olhos se passaram por todo o seu rosto e os pequenos detalhes, como: Suas sardinhas na região do nariz, os cílios grande, suas covinhas e até mesmo seus lábios rosados. Charles era bonito.

- São grandes... — Murmurei aproximando meus dedos de suas covinhas. Eram adoráveis.

- Sabia. — Ele murmurou rindo, o que fez suas covinhas ficarem ainda maiores. - Você sempre gostou das minhas covinhas e costumava colocar o dedo nelas.

- Mesmo? — Perguntei e ele assentiu com a cabeça. Mas não conseguia ter nem mesmo um flashback. - E o que mais?

- Meu cabelo. Tinha vontade de terminar comigo todas as vezes que eu cortava. — Ele disse sorrindo e negou com a cabeça. -  Gosta dele do jeito que está agora.

- Combina com você. — Falei passando minha mão por seu cabelo. Era macio.

Ousei o olhar e vi que tinha um sorriso nos lábios. Minhas bochechas passaram a ganhar um pouco de cor e rapidamente desviei o olhar esperando que ele continuasse.

- O que mais você quer saber? — Ele perguntou ainda sorrindo e passou os dedos pelo meu cabelo.

- Qualquer coisa. Talvez de alguma forma possa me ajudar a recuperar minha memória. — Falei passando a olha-lo.

Por mais que eu tentasse não pensar sobre isso, era sempre uma lacuna em aberto em minha mente. Queria minhas memórias de volta.

- Gosta de quando meus olhos estão mais escuros. Agora não deve estar gostando tanto, eles ficam mais claros de manhã. — Charles disse e acabei por rir, realmente estavam claros.

- Estão bem claros. — Falei os olhando e piscando algumas vezes seguidas. - Quase como um acinzentado.

- Uma vez disse que estavam tão cinzas que pareciam azuis, quase terminamos. — Ele falou e deu risada, tinha uma risada gostosa que me fez ter vontade de rir junto.

- Eu gosto dos seus olhos. — Vim falar e um sorriso se abriu em seu rosto.

Talvez fosse uma das coisas que eu mais tinha reparado nesses dias: Seus olhos. Sempre me chamavam a atenção. Tinham um tom de verde diferente.

- Também gosto dos seus, não são tão bonitos quanto os meus, mas são bonitinhos. — Ele falou e pude perceber o tem cínico em sua voz, então acabei por rir.

- Obrigada, Charles. — Vim a falar mantendo o mesmo tom cínico e o senti me puxar de forma devagar, me fazendo deitar com a cabeça em seu peito.

- O que quer comer hoje? Podemos pedir algo ou cozinhar. — Ele perguntou e senti sua mão em meu cabelo, fazendo carícias.

- Podemos pedir pizza. — Sugeri e pude o ver pelo canto dos olhos que assentiu com a cabeça.

Acabei por ficar em silêncio passando a relaxar mais meu corpo e tentando ignorar meu coração que batia rápido em meu peito. Eu sabia que namoravamos antes, mas para mim era como se essa relação nunca estivesse existido. Ainda estava tentando me acostumar com a ideia. Charles não aparentava ser um namorado ruim ou qualquer coisa do tipo. Maelle confiava muito nele, por mais que as vezes ele agisesse de maneira esquisita.

Estava tentando me permitir de o conhecer aos poucos.

- E para o jantar podemos pedir comida mexicana, você sempre gostou. — Ele sugeriu e me olhou.

- Tudo bem. — Acabei por concordar o senti deixar um beijo no topo da minha cabeça.

Passei meus olhos pelo quarto para ver se conseguia lembrar-me de algo, mas acabei vendo algo na estante que me chamou a atenção. Estiquei meu braço alçando o frasco rosa e arregalei os olhos ver do que se tratava. Era lubrificante. Pisquei algumas vezes seguidas. Olhei para Charles e vi que estava com seu celular em mãos. Parecia digitar uma mensagem. Franzi as sobrancelhas.

Por que isso estava aqui?

- Você... trouxe alguém aqui? — Vim a perguntar e o vi largar o celular na mesinha ao lado da cama.

- Não trago ninguém para cá há mais de um ano. — Ele disse me olhando e em seguida seu olhar foi para o fraco em minha mão. - Está perguntando por causa do lubrificante?

- Sim. — Vim a falar ainda não sabendo se engolia totalmente o que tinha falado.

Seus olhos verdes continuaram a me encarar e eu me senti um pouco intimidade pela intensidade deles, então desviei o olhar para minhas mãos.

- Você é apertada. — Ele falou após segundos em silêncio e meus olhos se arregalaram. Senti minha bochechas queimarem. -  Pode passar o tempo que for, sempre usamos lubrificante.

Cocei a garganta vindo a colocar o frasco onde estava e neguei com a cabeça, mas logo vim a arregalar meus olhos com o pensamento repentino que tomou conta de mim.

Meu Deus.

- Eu poderia estar... grávida? — Vim a perguntar e o vi arregalar os olhos também. Talvez até mais do que eu.

- Não. Sempre nos protegemos. — Ele alou coçando a garganta e se sentou na cama. - Inclusive, deveria voltar a tomar seu anticoncepcional.

- Por que? — Questionei o olhando e semicerrei meus olhos. Não pretendia me envolver sexualmente com alguém tão cedo.

- Porque é algo que seu organismo estava acostumado. — Ele disse e deu de ombros pegando sua camiseta no chão. - Sem contar que é um cuidado a mais.

- Não acho que seja necessário retornar a tomar. — Resmunguei e percebi que estava sendo olhada de canto de olhos.

- Tudo bem. Você que decide o que faz ou deixa de fazer com o seu corpo, Maddy. — Ele deu de ombros se levantando da cama. - Vou tomar café, quer descer comigo?

Assenti com a cabeça vindo a me levantar também e me espreguiçando novamente. Estava mesmo com fome e precisava comer para tomar meus remédios receitados pelo médico.

[...]

traces of love | charles leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora