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CHARLES LECLERC

Observo meu reflexo no espelho e nego com a cabeça. Estava com olheiras imensas. Não dormia ou me alimentava direto tinha alguns bons dias, mas essa estava longe de ser minha preocupação principal.

A ultima vez que vi Madelyn hoje foi quando fui refazer seus curativos pela manhã e depois não me atrevi a voltar para o quarto, deixei que Maelle fizesse tudo. Estava sem forças para aguentar ela me tratando com tanta indiferença e me olhando com desconfiança. Solto um suspiro pesado e pego as caixinhas com os comprimidos de Madelyn que Maelle tinha deixado separado e a pomada para dor, que eu duvidava muito que ela fosse me deixar passar.

Subo as escadas em direção ao quarto e dou duas batidinhas na porta, logo ouvindo a voz de minha namorada falando que podia entrar. Respirei fundo antes de o fazer.

- Maelle deixou seus comprimidos separados. — Entreguei para a mesma e peguei uma garrafinha de água no mini frigobar que tínhamos no quarto.

Madelyn veio a olhar para as caixas do remédio e então tirou um comprimido. Lhe entreguei a garrafinha de água já aberta e ela levou até os lábios junto do remédio. A loira fez uma careta e então pegou o outro comprimido, o tomando também.

- Que horas são? — Ela perguntou largando a garrafinha ao lado da cama e me olhando confusa. - Que dia é hoje? Perdi a noção do tempo.

- São 21:36 e é terça-feira. — Falei olhando para meu celular e em seguida voltou meu olhar para ela. — Está com fome ou algo do tipo?

Madelyn negou com a cabeça e me sentei ao seu lado na cama. Ela mal estava comendo mas não tinha nada que eu pudesse fazer a respeito. Não podia a forçar a comer e Maelle já tinha insistido. Em vista da situação e da minha posição dentro dela era melhor não me envolver e apenas aceitar.

Desbloqueei meu celular abrindo no instagram e olhei algumas publicações, tinha dias que não usava minhas redes sociais. Precisava dar sinal de vida para manter a normalidade. Cliquei na aba principal do aplicativo olhando meu feed e pensei no que eu poderia estar postando.

- Por que você tem tantos seguidores? — Madelyn me tirou dos meus pensamentos e sua mão alcançou a minha, deslizando o dedo pela tela. Sua testa estava franzida.

- Sou piloto de fórmula 1 pela Ferrari. — Falei me virando e estendi a mão em sua direção. - Prazer, Charles Leclerc.

Madelyn veio a apertar minha mão parecendo ainda mais confusa do que já estava antes e cheia de dúvidas.

- Como nos conhecemos? — Ela veio a me perguntar e dei um sorriso ao lembrar-me. - Não me lembro de gostar desse esporte em momento algum da minha vida.

- Você entrou no meu iate por engano e ficamos conversando por um bom tempo. — Falei sorrindo e neguei com a cabeça. - Só percebeu que estava no lugar errado quando viu sua amiga te chamando do iate ao lado.

Ela fechou os olhos com força parecendo tentar se lembrar do que eu contei e então os abriu de novo. Um suspiro frustrado saiu por seus lábios.

- Como... como começamos a nos envolver? — Ela perguntou novamente e fiquei um pouco mais feliz com a interação. - Você parece ser bem famoso.

- Trocamos nossos números aquele dia e desde então não passamos um dia sem conversar. — Falei sorrindo me lembrando de todo o tempo que passamos conversando. - Eu sou, no começo isso te incomodava, mas aprendemos a lidar com isso.

Ela assentiu com a cabeça parecendo tentar assimilar tudo e se ajeitou mais ao meu lado enquanto cobria mais seu corpo.

- Não consigo me lembrar de nada. — Ela resmungou me olhando. Não a culpava por isso, estava aqui para a ajudar em sua recuperação.

- Eu sei, mas com o tempo suas memórias vão voltar ao lugar. Pelo menos eu espero... — Murmurei a última parte e me virou para Madelyn, que passou a me encarar. — Posso dormir aqui hoje?

- Por que? — Ela perguntou com seu olhar em mim meio desconfiado.

Entendia que não estava sendo fácil para ela, mas para mim também não estava. Queria minha namorada de novo. 

- Sou acostumado a dormir com você e quando estou em casa gosto de dormir no meu quarto. — Falei dando um sorriso fraco e suspirei em seguida. Estava sendo tão difícil. - Prometo que não vou te tocar, não se preocupe.

Madelyn veio a se sentar na cama apoiando o rosto em sua mão e passando a me olhar em meio a um bocejo. Sabia que o efeito dos remédios já estavam batendo.

- Posso ficar com o outro quarto. — Ela falou dando de ombros e o choque de realidade voltou até mim novamente.

Demoraria um pouco para retornar a minha rotina.

- Maddy.. por favor, me deixa dormir aqui. — Falei levantando meu olhar para ela e suspirei. - Só hoje, por favor, amanhã eu fico no outro quarto sem problema algum.

Seus olhos azuis me fitaram cheios de dúvidas e ofereci um sorriso a mesma. A forma como Madelyn desconfiava de cada passo que eu dava me deixava um pouco incomodado e levemente irritado.

- Não sei se parece uma boa ideia. — Ela finalmente veio a falar parecendo procurar as palavras certas. - Maelle disse que dormiria comigo quando chegasse.

Assenti com a cabeça e me levantei da cama. Não estava sendo nada fácil e sabia que com o passar dos dias iria piorar.

- Não vou insistir. Pode ficar com esse quarto que eu irie para o outro quarto. — Falei em um tom baixo e caminhei até o guarda-roupa, estava com frio.

Ela voltou a se deitar em silêncio e peguei dali um moletom preto, vindo a vesti-lo. Olhei para Madelyn uma última vez antes de caminhar até a porta e apagar a luz. Sai do quarto contra minha vontade parando em frente ao mesmo e ouvindo seus passos do lado de dentro, seguido de um click.

Tinha trancado a porta.

Desço as escadas e avisto algumas garrafas de whiskey que eu deixava em cima do móvel como decoração. Sorri caminhado até elas e peguei um copo. Despejei um pouco da bebida no mesmo e o levei até a boca e dando um gole grande. Senti o líquido queimar em minha garganta.

Precisava me distrair, pensar em outra coisa por pelo menos uma noite. Liguei a televisão apenas para ter algum tipo de compainha no ambiente e voltei a encher meu copo, o trazendo novamente até meus lábios e virando a bebida de uma só vez.

Fazia tanto tempo que não bebia para afogar as mágoas que acabei por sorrir da forma mais miserável possível. No momento meu único conforto estava sendo uma garrafa velha de whisky e um filme qualquer de romance que passava na televisão.

Totalmente irônico.

Mas não em importava. Só queria beber até perder a consciência de tudo o que vinha acontecendo.

[...]

hihihi

posto mais um hoje se alguém adivinhar o que vai acontecer no próximo

traces of love | charles leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora