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MADELYN LAURENT

        Ouvia vozes que pareciam estarem longe demais para que eu pudesse compreender o que estava sendo dito. Minha cabeça doía como nunca antes. Abri meus olhos e rapidamente minha visão foi totalmente ofuscada por uma imensa claridade. Pisquei uma. Duas. Três vezes, até me acostumar com a luz. Tentei me sentar mas fui imediatamente impedida por uma enorme dor em meu corpo e um acesso de soro em meu meu braço, já outro em minha mão com o que quer que fosse o ligado que pingava.

Estava em um hospital.

Meu coração rapidamente acelerou em meu peito e eu passei meus olhos assustados pela sala branca e muito bem iluminada. Minha última lembrança era de estar em uma cafeteria com meu pai após uma aula exaustiva sobre jornalismo político, e então, tudo ficou preto e se apagou. Como se fosse um sonho.

Queria respostas, mas abri a boca para falar e nada saiu. Apenas percebi que estava com sede. Muita sede. Minha garganta se encontrava seca.

Olhei para o lado e na poltrona tinha um moletom preto junto a um celular. Já na porta da sala, uma enfermeira conversando com um homem. Ambos estavam de costas para mim e eu não conseguia assimilar suas falas. Tudo parecia confuso demais. Meu corpo todo doía. Estava com medo. Mexi as pernas por baixo da coberta e suspirei um pouco mais aliviada. Apesar da dor ainda estavam ali.

Meu movimento veio a chamar a atenção das pessoas que conversavam a porta, pois ambas de viraram para mim e meus olhos se encontraram com o do homem. Seus olhos eram verdes e ele tinha um enorme sorriso no rosto, apesar da aparência de cansado.

Não o conhecia e não sabia o porquê de estar sorrindo assim para mim.

- Graças a deus você acordou! — Ele disparou e pude ver um alívio surgir em seus olhos junto de um brilho diferente.

Olhei para a enfermeira que caminhava em direção e franzi as sobrancelhas. Ela também tinha um sorriso em seu rosto.

- Consegue me dizer qual é o seu nome? — Ela perguntou e eu assenti com a cabeça, não conseguindo desviar o olhar do homem. - Sabe onde está?

Novamente assenti com a cabeça.

- Meu nome é Madelyn Marie Laurent. — Falei passando a olhar para a enfermeira. - O que está acontecendo?

Tinhas tantas perguntas.

- Seu namorado estava mais preocupado do que toda a equipe médica. — A enfermeira falou e o homem deu uma risada. Eu não tinha um namorado. - Irei chamar o Dr. Martin para esclarecer todas as suas dúvidas e deixa-los conversar um pouco.

- Eu não tenho um namorado. — Disparei antes que a enfermeira saísse da sala.

Olhei assustada para o homem que veio a parar ao lado da maca em que eu estava deitada e a jovem enfermeira, que identifiquei como Celine devido ao crachá em sua camiseta, veio a nos olhar.

O homem estava paralisado enquanto me encarava e levei um breve susto quando ouvi um barulho insuportável do aparelho de frequência cardíaca que estava conectado em mim. Não sabia o quão acelerado meu coração estava até isso acontecer. Então percebi que minhas mãos suavam também. Por que ele estava aqui? Onde estava meu pai? E minha irmã? 

- Onde está meu pai?! — Disparei tentando me levantar e a enfermeira venho até mim, enquanto o homem continuava parado. - Quem é ele? Por que ele está aqui? Por que EU estou aqui?

Minha respiração estava rápida e as lágrimas já se formavam em meus olhos enquanto Celine me segurava pelos ombros tentando me conter. Levei minha mão até o acesso que estava em meu braço o puxando de uma só vez e vendo sangue espirrar pela sala. Não me importava. Só queria sair dali.

- Madelyn...

- Não! — Indaguei quando ouvi meu ser pronunciado pelo homem de olhos verdes e passei a negar com a cabeça.

- Poderia chamar a equipe médica? Não vou conseguir a conter sozinha e se eu sair daqui às coisas vão ficar piores. — Ela veio a falar olhando para o homem enquanto segurava meus braços. - Madelyn, eu preciso que você se acalme para que possamos conversar.

Ouvi o barulho da porta sendo aberta e puxei toda a quantidade de ar possível que consegui para dentro de meus pulmões. Meu braço estava doendo e eu podia sentir o sangue quente escorrendo por ele. Talvez tivesse sido uma péssima tirar o acesso dessa forma, mas com a adrenalina correndo em meu corpo eu mal senti na hora.

- Você se lembra do que aconteceu? — Celine pergunta me olhando a medida que vou tentando me acalmar. - Pode me dizer com suas palavras o que foi que houve?

- Sim. — Falei ainda sentindo suas mãos em meus braços. - Estava tomando café com meu pai em uma cafeteria após minha aula de jornalismo político... E então tudo se apagou e eu já estava aqui. Foi isso o que aconteceu.

- Certo. — Ela fala e consigo sentir a preocupação em seu tom de voz manso. - Tem mais alguma coisa que você ache relevante me dizer?

Assenti com a cabeça. Estava cheia de perguntas e queria repostas, mas no momento o que mais preocupava era o homem em meu quarto.

- Ele não é meu namorado. — Murmurei e ela assentiu com a cabeça. - Eu não o conheço. Não sei quem. Nunca o vi na vida.

E novamente meu coração disparou fazendo o aparelho apitar alto. Minha cabeça já estava doendo e isso pareceu piorar ainda mais.

- Está tudo bem. Você está segura aqui. — Ela fala e senti seus dedos acariciaram meus braços. - O Dr. Martin já está vindo para esclarecer suas dúvidas.

- Onde está meu pai? Onde está minha irmã? — Voltei a perguntar e aos poucos ela foi me soltando, suspirando ao ver meu braço machucado.

- Sua irmã já está há caminho. — Celine falou e me ofereceu um sorriso gentil. - Vamos cuidar desse braço antes que o resto da equipe e sua irmã cheguem aqui.

Apenas concordei com a cabeça e fechei meus olhos. Nunca estive tão confusa como estou agora. Queria saber o que tinha acontecido, mas ao mesmo tempo estava com medo das respostas que encontraria. Não me lembrava de absolutamente nada e isso estava me deixando aflita.

Por que eu estava aqui? Por que todos esses aparelhos e acessos estavam em meu corpo? Por que meu corpo doía tanto?

Novamente puxei a maior quantidade de ar que consegui e senti um algodão molhado sendo passando em meu braço. O cheiro forte de álcool chegou até meu nariz e vi que Celine limpava o sangue que escorria. Fechei meus olhos a deixando fazer seu trabalho e tentei me concentrar em não surtar novamente.

Queria estar bem quando meu pai e minha irmã chegassem aqui.

[...]

oiiiii

que vai sofrer mais, charles ou madelyn?

traces of love | charles leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora