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CHARLES LECLERC

     Ouvi a porta do meu quarto ser aberta com cuidado e meus olhos se abriram de forma rápida por alguns segundos, encontrando a figura de Madelyn adentrando no cômodo. Os fechei novamente e senti o espaço vazio ao meu lado na cama passar a ser ocupado. Meu sono era tanto para a questionar que apenas passei meu braço por sua cintura e me aproximei um pouco, a sentindo se remexer e cobrir seu corpo meu cobertor.

Madelyn veio a parar quieta e meu estado de quase sono voltou a tomar conta de mim, mas que veio a ser atrapalhado por Madelyn - novamente - que murmurou alguma coisa na qual eu não entendi. Não sabia porque estava reclamando se ela mesma quem veio para cá.

- Shh... só dorme, amor. — Resmunguei num sussurro ainda mantendo meus olhos fechados.

Não sabia que horas eram, mas eu ainda estava cansado e meu corpo implorava por descanso. Se Madelyn queria atenção, eu a daria. Mas apenas amanhã.

Não sabia nem porque tinha vindo aqui após a nossa discussão.

Relaxei meu corpo novamente e quando achei que estava prestes a voltar a dormir senti Madelyn se mexendo. Ela só pode ter vindo aqui para me irritar. Soltei um suspiro baixo e tentei ignorar, até sentir uma cotovelada em minha barriga.

- Madelyn, por favor, fique quieta. — Murmuri a puxando para mais perto, a abraçando com mais força. - Eu preciso dormir e você precisa descansar.

Madelyn pareceu relaxar seu corpo mesmo com meu aperto firme e toda a proximidade, o que me deixou no mínimo confuso. Não estava esperando por isso ou que ela realmente viesse a ficar quieta e praticamente imóvel.

- Desculpe... eu não queria acordar você. — Ela murmurou baixinho e encostei minha testa em suas costas. Estava sentindo falta disso. De a ter assim próxima.

- Não estou reclamando, mas posso perguntar por que veio aqui? Aconteceu alguma coisa? — Perguntei em um tom baixo e mentive minha testa em suas costas.

- Estou com frio. — Ela voltou a sussurrar se mantendo quieta como estava.

Meus olhos se abriram e acabei por sorrir. Por menor que fosse a ação, ainda era um progresso.

- Quer que eu pegue mais uma coberta? — Perguntei passando minha mão em seu braço, deixando algumas carícias.

- Não. Assim está bom. — Maddy falou e senti seu corpo se arrepiar contra meus dedos.

- Está com sono? Posso ficar acordado com você se quiser. — Falei em um tom baixo e deixei um leve beijo em sua pele.

- Você pode dormir. Não queria ter te acordado. — A ouvi falar e se enrolar mais no cobertor.

Maddy veio a pegar meu braço e o passar envolta de seu corpo, enquanto o segurava ali. Fechei meus olhos me questionando se tinha recuperado sua memória ou se estava arrependida por hoje mais cedo. Não parecia mais tão brava quanto estava quando resolvi cessar nossa discussão.

- Vou dormir quando você dormir. — Falei a abraçado mais forte e escondi meu rosto em sua nuca. - Quer meu moletom? Não estou com frio.

- Quero... — A ouvi dizer, dessa vez um pouco mais alto.

Vim a me afastar e Madelyn se sentou na cama também. Retirei o moletom do corpo e acendi a luz, para a ajudar a coloca-lo. Assim que meus olhos se encontram com seu rosto foi imperceptível não notar o quão rosadas suas bochechas estavam.

Sorri a olhando e levei minha mão até sua bochecha para acariciar a região, mas minha uma reação foi franzir as sobrancelhas.

- Madelyn, você está fervendo. — Falei colocando a mão em sua testa e arragalei meus olhos. - Por que não me disse que estava com febre?

Agora sabia o porquê ela estava aqui por livre e espontânea vontade.

- Eu já tomei remédio e não queria que se preocupasse com isso. — Ela falou me olhando e dei um suspiro pesado enquanto me aproximava com o moletom.

Precisava a levar até o hospital. As palavras do médico foram claras: Caso havesse febre, Madelyn deveria retornar.

- Você sabe que vamos ter que ir para o hospital, né? — Perguntei olhando para a loira que fez uma careta em resposta. - O médico disse para voltar em caso de febre, sabe disso.

- Não quero ir para o hospital, por favor. — Ela falou vestindo o moletom e negou com a cabeça várias vezes seguidas. - Já tomei o remédio, a febre vai passar.

- Você sabe que precisa ir, pode acabar piorando se ficar aqui. — Suspirei a olhando e tirei uma mecha de seu cabelo que estava em seu rosto.

Madelyn novamente negou com a cabeça mantendo o olhar em mim e veio a abraçar suas pernas. A olhando dessa forma parecia estar tão frágil.

- Por favor... — Ela resmungou num fio de voz e seus olhos pareciam meio marejados. - Não gosto de hospital. Não quero ser internada novamente com várias pessoas diferentes tocando em mim o tempo todo.

- Não quero ser o culpado se algo acontecer com você, Maddy. — Murmurei a olhando e neguei com a cabeça.

Detestaria ter culpa em qualquer coisa que pudesse causar algum mal à ela.

- Você... pode cuidar de mim. — Ela disparou de forma rápida e levantei as sobrancelhas. Era o que eu vinha tentando fazer há dias e sendo impedido.

- Ah, então agora quer que eu cuide de você? — Franzi as sobrancelhas e dei um sorriso cínico para Madelyn.

Ela assentiu com a cabeça devagar e dei um suspiro pesado. Sabia que Madelyn odiava hospitais. E principalmente que ficassem tocando nela.

- Por favor! Eu já tomei o remédio, Charles. — Ela voltou a suplicar ainda me olhando e pensei em sua proposta a fazer. - Já nem estou mais com tanto frio.

- Então vamos fazer um acordo. — Falei a olhando e cruzei os braços, dando um sorriso.

- Que acordo? — Ela questionou mais baixo me olhando meio desconfiada. Era notório em seus olhos.

- Vai me deixar te ajudar sem ficar me olhando com indiferença ou desconfiada. Já sabe quais são minhas intenções, não tem o porquê disso, Maddy. — Falei de forma séria e mantive meu olhar na loira. - E também precisa parar de me afastar, eu so quero te ver bem.

Ela se manteve em silêncio parecendo pensar em minha proposta e apenas continuei a olhando. Sabia que Madelyn não se lembrava de nada, mas seu comportamento não estava ajudando em coisa alguma. Talvez até mesmo atrapalhando mais sua recuperação.

- Tudo bem. — Ela veio a falar após um silêncio que pareceu interminável. - Mas nada de hospitais.

- Por hoje, nada de hospitais. — Vim a falar e voltei a me deitar, abrindo um pouco meus braços. - Vem deitar, se precisar de algo pode me cutucar.

Madelyn me deus mais uma olhada e se aproximou devagar vindo a deitar a cabeça em meu peito. Apaguei a luz e puxei o cobertor para cima de nós, fazendo questão de a deixar bem coberta.

- Por que não quis responder minha pergunta? — A ouvi murmurar e fechei os olhos.

- Amanhã falamos sobre isso. Você está com febre e precisa descansar agora. — Resmunguei passando a mexer em seu cabelo.

Não sabia como iria dizer para Madelyn que seu pai me odiava. Ainda não tinha encontrado as palavras certas e não sabia se iria soar bem, levando em consideração toda a situação.

Não queria mentir para ela, mas também não queria falar sobre isso. Sabia que iria não ajudar em nada e queria que Madelyn confiasse em mim para voltarmos aos poucos a nossa rotina e realidade.

[...] 

traces of love | charles leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora