8 - capítulo

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Rebecca estava almoçando e surpreendeu-se com a invasão de Freen em seu escritório. Depois que a olhou, ficou mais surpresa ainda com o estado dela. Elisa surgiu de repente, e agarrou o braço de Freen, a puxando para fora do escritório.

— Deixa-a. — Rebecca falou para Elisa que a olhou inconformada. — Eu falarei com a Freen. Quando sair, fecha a porta, por favor.

Elisa a olhou contrariada por alguns segundos, mas acatou a sua ordem. Soltou o braço de Freen e fechou a porta.

Freen ajeitou a sua blusa já tão estragada, e caminhou até a poltrona tão agradável, sem conter o alívio por sentar em algo tão convidativo ás suas costas. Estava apreensiva, e também envergonhada, não sabia muito bem como iria abordar o assunto, aliás, o preço seria alto... E se a Rebecca não concordasse?

— Houve um avanço científico e as vacas começaram a falar? — Rebecca perguntou, olhando com bastante interesse para a figura apática de Freen.

— Perdão? — Freen perguntou confusa, então, se lembrou do que tinha dito antes de sair do escritório com o orgulho inflamado. Observou o sorriso provocativo de Rebecca se formando nos atraentes lábios, apertou os olhos. — Vai ficar de graça? Por que se for, eu vou embora. — disse, ameaçando se levantar.

Rebecca levantou a mão para que ela ficasse no mesmo lugar, ao ver a Freen voltando a se sentar, o sorriso se desfez dos seus lábios. Pegou um guardanapo e limpou a sua boca, mas sem tirar os olhos de Freen. O estado das roupas de Freen estava deplorável, não passou despercebido o machucado do joelho. A curiosa a invadiu queria saber o porquê de ela estar assim, e claro, por ela ter aceitado a sua proposta.

— O que aconteceu com você, finalmente? Por que está toda suja e machucada? — Rebecca questionou, colocou o guardanapo na bandeja e afastou de sua frente.

— Eu cair. — respondeu Freen dando de ombros. — Nada demais. Podemos falar no que realmente interessa?

— Claro. — Rebecca ficou ereta na poltrona. — Será uma semana, em Recife... — Freen ficou surpresa, mas não questionou nem reclamou. — Os meus pais irão renovar os votos, será um grande evento social. Passaremos esse tempo na casa deles, então, é imprescindível que nos tratemos da melhor forma possível. Quero que a minha família acredite que estamos apaixonadas.

Freen ficou pensativa.

— Por que quer enganar a sua família com um relacionamento falso? Por que não arranja um relacionamento de verdade?

— Isso não vem ao caso agora. — Rebecca bateu as unhas na mesa. — Quero que seja carinhosa e amorosa comigo na frente dos meus familiares.

Freen riu. Na realidade, ela soltou uma gargalhada que fez a Rebecca arquear a sobrancelha, estava começando a questionar a sanidade da morena.

— Imagina um caminhão, um dos maiores que tem... E atrás do volante, tem uma caminhoneira. Eu sou essa mulher, a caminhoneira. Não sou dada ao melação sentimental nem com uma calda de mel escorrendo pelo meu corpo. — Freen disse ainda rindo. — Não sou romântica.

Rebecca considerou a calda de mel percorrendo pelo corpo de Freen nua... Foi uma imaginação bem fértil e que ficaria em sua mente. Também registrou em sua mente como a Freen era linda rindo.

— Eu também não sou romântica. Mas fui uma ótima atriz nas peças de teatro do colégio. — Rebecca sorriu. — Você só precisa fingir estar apaixonada. Acha que será difícil? — perguntou piscando os olhos. Freen ficou uns segundos olhando para a Armstrong... Ela era tão linda, que não seria nada difícil fingir isso, principalmente se ficasse em transe sempre que a olhasse... Como dessa forma. Percebendo o que estava fazendo, ficou corada. O que arrancou uma risada rouca de Rebecca. — É, eu acho que não.

— Prepotente. — resmungou Freen. — Fingirei até que você é a única mulher da face da terra. Mas antes quero o meu dinheiro. — Freen se sentiu suja por dizer isso, mas não teria sexo no meio, era apenas uma farsa.

— Justo. — a expressão do rosto de Rebecca não se alterou, ficou impassível. Ela pegou a sua bolsa e tirou um talão de cheque, o abriu e buscou uma caneta. — Quanto vai querer?

Moída de coragem, e afastando a vergonha de si, disse:

— Dez mil reais.

Freen manteve o queixo erguido, mesmo quando Rebecca levantou a cabeça para olhá-la. Não soube dizer o que a mais velha estava pensando, mas não queria saber.

— Muito bem. —  preencheu o cheque e o puxou do talão. — Dez mil reais. — Freen estendeu a mão para pegar o cheque, porém, Rebecca levantou a mão e o balançou, recebendo um olhar questionar de Freen. — Posso confiar realmente em você? E se dê para trás? Como vou saber que não vai me enganar?

Freen cruzou os braços, o seu rosto ficando bastante vermelho. Poderia ser tudo, menos mentirosa.

— Eu honro com a minha palavra. Se eu disse para você que irei fazer, eu vou. —  retrucou. — E outra, você tem todos os meus dados na minha ficha. Que saber? Por que não rediz logo um contrato?

— Isso me parece bastante atraente. Não me leve á mal, eu sou uma empresária, sou precavida.

— Não á levo mal nem bem. Faça logo esse contrato, isso é apenas um negócio. — Freen deu de ombros, estava mais preocupada em pegar o cheque e se livrar daquele homem.

Rebecca estudou a Freen por um momento. Tinha algo de errado com ela, os seus ombros estavam pesados, como se ela carregasse algum peso muito grande, ás vezes, os seus olhos ficavam aflitos. Definitivamente, alguma coisa muito errada.

Não querendo prolongar essa aflição em Freen, entregou o cheque. Viu o alívio no rosto da morena. Pelo modo que a mesma saiu do seu escritório revoltada e depois voltou resignada... Alguma coisa tinha acontecido de muito sério. Não se surpreendeu com a quantia, podia pagar, e nem a julgou. Se fosse o inverso, talvez, tivesse pedido mais.

Sabia que Freen era uma boa pessoa. Bastava olhar em seus lindos olhos para saber disso.

— Eu posso ir embora, agora? Que dizer... Pra casa, e não voltar á trabalhar. Pode até descontar o dia do meu salário. — Freen disse em tom cansado.

— Melhor. Por que não tira os dias que antecedem á viagem de folga para se organizar?

Freen quase se desbulhou em lágrimas de felicidade ao escutar isso. Então, uma questão pairou em sua mente.

— Quando é a viagem?

— Daqui á três dias, no meu cálculo... Domingo viajaremos. Algum problema para você, querida? — perguntou com amabilidade.

"Querida". Era uma palavra bastante simplória, usada no dia-a-dia, ás vezes, usada em pura ironia, mas Rebecca pronunciou de uma forma tão doce que foi quase... Íntimo.

— Três dias? Não...

— Ótimo. Organize tudo que tem para organizar, arrume as suas malas e descanse. A quero bem disposta e bem humorada no domingo. — Rebecca olhou em seu relógio. — Passarei em sua casa de manhã, em torno de dez horas... Iremos de carro, ok?

— Ok. — Freen murmurou, de repente, ficando bem consciente da dor do seu joelho. Queria á sua filha, a sua casa, e um banho. — Mas tem um problema.

— Qual? —  perguntou com atenção.

— Como vou justificar as minhas folgas para a Elisa? E como você sabe onde fica a minha casa? — Freen perguntou o óbvio, depois que fez a pergunta, soube rapidamente da resposta.

Rebecca deu um sorriso travesso.

— Por que sou a patroa, eu sei de tudo. — se levantou. — Venha comigo. — ela caminhou em direção á porta.

— Para aonde? — Freen se levantou rapidamente, sentindo o seu joelho reclamar.

Rebecca olhou para trás, os seus cabelos acompanharam o movimento, deixando o seu rosto sexy, e selvagem. Os seus olhos brilharam numa intensidade hipnotizada.

— Vou cuidar do seu joelho... —  respondeu com um sorriso quente, que foi capaz de arrepiar cada centímetro da pele de Freen.

Faz De Conta! { FreenBecky }Onde histórias criam vida. Descubra agora