11 - capítulo

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Freen terminou de pentear os cabelos de Florence. Já a tinha a banhado e colocado a sua roupinha de dormir. Estava quase na hora de dormir. Sempre colocava a filha na cama cedo para gerar bons hábitos. Eram oito horas da noite, a tolerância máxima era de oito e meia.

Felizmente, estava sem febre e parecia mais animadinha. Tinha brincado com os seus ursinhos e falado a língua dos bebês, o que rendeu um vídeo filmado no celular. Freen amava filmar e tirar fotos de sua filha... O seu coração explodia de amor sempre que a olhava. Como resistir as bochechas enormes e olhos grandes castanhos?

— Você é um grande pedacinho de algodão doce! — Freen falou com amor e segurou suavemente as bochechas da filha, dando um beijinho na pontinha do seu nariz, o que rendeu uma gargalhada da Florence. Ela também riu. — Gostou disso não é? — deu outro beijinho na pontinha do nariz.

Florence soltou mais uma gargalhada, mantendo os olhos fixos na mãe. Freen amava escutar essa risada á toa da filha, soltou as bochechas dela e fez um carinho em sua cabecinha cabeluda.

— Não cresça nunca... Continue sempre pequeninha, promete pra mamãe?

Florence não entendia nada, então, balançava os braços animadinhos. Freen deu outro beijo, agora na testa de sua filha e a pegou nos braços.

— Hora da papinha e depois caminha. — Freen informou indo para a cozinha com a sua filha.

Florence segurou em seu cabelo, enquanto pronunciava: 

— Mama, mama, mama!

— Sim meu amor. É a mamãe. — deu outro beijinho, agora na bochecha.

Pegou a mamadeira de Florence em cima da pia e foi para a sala. A televisão estava ligada no jornal. Sentou-se no sofá e estendeu as pernas para cima do centro. Os seus pés estavam destruídos. Ajeitou a filha em seu colo, e a deu mamadeira, enquanto, ninava o corpo da mesma. Florence colocou as mãozinhas na mamadeira, e começou a mamar lentamente.

Apesar de estar com os olhos fixos na televisão, não prestava atenção no noticiário. Estava tensa, não ficaria em paz até entregar o cheque para o homem cujo não sabia nem o nome. Enquanto não pagasse a dívida do seu pai, não se sentia segura e temia pela segurança de sua filha.

Florence era o seu bem precioso, a coisa mais importante em sua vida, não se importava com nada. Só com a sua pequena. Mexesse com ela, mas não mexesse com a sua menina. Olhou para a sua princesa que já estava com expressão sonolenta e parecia que manter os olhos abertos era uma grande dificuldade.

— Eu te amo, e nunca deixarei que alguém faça mal á você. — murmurou com olhos amorosos.

Não demorou muito para Florence terminar o seu mingau. Freen tirou a mamadeira dela, e ficou a ninando até que o sono fosse maior do que sua vontade de se manter acordada. Quando constatou que sua filha dormia, levantou-se com cuidado e a levou para o quarto, deitando-a no berço. Ajeitou o seu corpinho no colchão e depois a cobriu. Florence gostava de dormir de barriga para baixo. Depois fechou o mosqueteiro, voltou para sala.

Estava exausta. Emocionalmente e fisicamente. Os seus pés estavam repletos de bolhas e o seu joelho doía, apesar dos cuidados de Rebecca. Foi até a cozinha preparar alguma coisa para comer, fez um miojo rápido e abriu uma garrafa de vinho. Uma taça não iria fazê-la mal.

Voltou pra sala com a sua taça de vinho numa mão e um prato de miojo na outra, sentou no sofá e se preocupou em comer. A primeira refeição decente do dia, já que quando chegou em casa, se preocupou em arrumá-la e reforçar a segurança da porta e das janelas com pedaços de madeiras.

Morava em Parnamirim, era uma cidade amigável, bem próximo de Natal. Porém, a sua casa era pequena, com apenas uma sala, um quarto, uma cozinha e um banheiro. Nem tinha quintal! Apenas um terraço pequeno. Mas estava ótimo, era solteira e Florence pequena, não precisava de espaço.

Tinha acabado de comer o seu miojo quando o seu celular começou a tocar. Torceu a boca, era o inconsequente do seu pai.

Atendeu furiosa.

— Como pode fazer isso comigo, papai? Como pode fazer isso com a sua neta? Florence tem apenas um ano e dois meses e já está sendo ameaçada por sua inconsequência e seu egoísmo por pensar em si próprio! — Freen bufou, não dando tempo de o seu pai falar. — Dez mil reais? O senhor ficou louco de vez? E pra que precisou de tanto dinheiro?

— Docinho. — Joe começou, sempre usava o apelido de infância dela quando queria um perdão rápido. — Sei que está irritada... — Freen o interrompeu.

— Irritada não, estou furiosa! A vida da minha filha está em risco por sua causa! Como se sente sendo o responsável pelo mal de um ser tão puro e indefeso como a Florence?

— Sinto-me péssimo. Eu não queria que isso tivesse acontecido, estava correndo atrás dessa grana, mas não estou tendo sorte e o prazo do Jhonny está se encerrando. — seu pai tinha a voz arrasada.

— Não me diga. — Freen falou ironicamente. — Você queria que isso acontecesse sim! Caso contrário, não teria falado de mim e Florence para esse canalha! Ele praticamente me sequestrou para dentro do seu carro e começou a me ameaçar como um psicopata. Por que você pega dinheiro com esse tipo de gente? Existem bancos!

— Ele descobriu, na realidade... Ele arrancou as informações de mim. — Vagner lamentou. — Os bancos não me emprestam mais dinheiro, estou endividado com eles, então, rumei para um agiota, estava precisando mesmo da grana. — Freen fechou os seus olhos com força, sentindo a sua cabeça aumentar a dor. — Não peguei dez mil, foram cinco... Os cinco mil extras foram de juros.

— Ladrão. — Freen resmungou. — Mas o senhor não me respondeu para que precisava desse dinheiro!

— Pra minha cirurgia de vesícula. — o seu pai respondeu. E boa parte da raiva de Freen foi embora. — Estava tendo muitas crises de vesícula, e minha cirurgia no hospital público sempre era remarcada, não estava suportando mais e fui num médico particular que deu o preço, não tive muita opção, mas se eu soubesse que isso iria sobrar pra você, nunca teria pedido, iria preferir morrer com a vesícula estrangulada. — Joe dramatizou.

Ao menos, não foi em jogo. O que era menos mal.

— Sente-se melhor?

— Sim. Estou bem... Não totalmente. Filha... Você tem o dinheiro para pagar?

— Felizmente tenho! — Freen trocou o celular de mão. — Amanhã darei o dinheiro para aquele crápula, mas só lhe digo uma coisa, papai... Nunca mais fale de mim e de Florence! Para ninguém. Não temos culpa e nem responsabilidade pelas suas dívidas. Irei pagar essa, mas apenas essa e não me importa o motivo.

— Certo. Certo. — a voz de Vagner parecia dez tons mais altos. — O importante é que você tem o dinheiro e que todo mundo sairá bem. Prometo que ninguém irá mais cobrar á você. Eu te amo minha filha e obrigada por isso. — desligou.

Freen revirou os olhos e olhou para o seu celular. O seu pai deveria ganhar o prêmio de cara de p/au, foi apenas saber que ela tinha o dinheiro que desligou. Colocou o celular em cima do sofá e se concentrou em tomar a sua taça de vinho... A sua mente foi invadida por olhos grandes e castanhos... Os olhos de Rebecca.

Será que o destino colocou a dívida do seu pai em seu caminho para que ela fosse obrigada a aceitar a proposta de Rebecca e ficarem juntas?

Deu uma risada cética. O vinho estava começando a fazer efeito...

............. 


Oras, o destino sabe das coisas! 

Faz De Conta! { FreenBecky }Onde histórias criam vida. Descubra agora