74 - capítulo

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Freen ainda estava com o pensamento envenenado pelo comentário do Stefan. Estava melancólica, não podia evitar, parecia que uma maré estava á arrastando lentamente a sufocando. Caminhou na beira do mar para tentar controlar o sentimento ruim que invadia o seu ser. Estava com a sua pequena nos braços, sentia conforto com a sua filha tão quentinha aninhada em seu corpo.

Florence era a sua força. Sem ela, não aguentaria muitas coisas que passou pela vida. E estava passando... Chorou na sua caminhada. Lágrimas angustiantes diretamente da sua alma.

Meu Deus... Não permita que seja verdade. Não permita que a Rebecca tenha vergonha de mim, eu a amo tanto... Não irei superar ser o alvo de vergonha do amor da minha vida. Por favor, meu Deus, não permita.

Pediu silenciosamente entre os seus soluços, o que acordou a Florence. A pequena a olhou sem entender nada, vendo a sua mãe chorar fez uma carinha de choro e todo o seu rosto ficou vermelho.

Era sempre assim... Sempre que a Florence a via chorar, também chorava.

— Não meu amor. Não chora. A mamãe está bem, minha vida. — Freen murmurou para Florence, segurando a cabecinha da sua filha e depositando um beijo carinhoso na bochecha. — Não chora minha preciosa.

Deu muitos beijinhos na cabecinha de sua filha... Abraçou-a com mais carinho e aos poucos, as duas foram parando de chorar. Freen limpou os olhos com a outra mão, depois limpou as bochechas de Florence com a fralda.

Caminhou mais um pouco. Quando sentiu cansada, voltou para casa. Encontrou a Rawee sentada na área da piscina com um guia de viagens nas mãos.

— Olha só, você voltou. — Rawee sorriu ao vê-la.

Freen sentou-se ao lado dela, ajeitou a sua filha em seu colo. Florence ficou sentadinha, mas com a cabeça encostada no peito dela.

— Sim. O que você está fazendo?

— Olhando algumas viagens. Quero fazer um cruzeiro com o meu marido. Não tivemos a festa de bordas, mas ainda á tempo de comemorar, não? — Rawee sorriu para a sua nora.

— Vocês se amam muito, não é? — Freen perguntou com um sorriso sincero.

Rawee suspirou. Fechou o guia, e sorriu.

— Sim. Muito. Desde o primeiro momento. O meu amor ainda continua o mesmo desde o primeiro dia que o vi na faculdade. Quando os nossos olhos se encontraram, soube que para sempre seria dele. E que ele seria também meu. E aqui estamos... Com os nossos filhos encaminhados e criados, felizes e vivendo como se fosse á primeira vez.

Freen sorriu mais, no fundo, sentia uma espécie de inveja boa.

— Vocês passaram por muitas dificuldades?

— Claro. Todo relacionamento tem seu alto e baixo. Não éramos ricos. Bem... Eu não era rica como o Jacob. Minha família era esforçada, mas não podia ser enquadrada na sociedade pernambucana. Houve muito preconceito, principalmente da família do Jacob. Mas superamos isso. O nosso amor e a vontade de estarmos juntos foram maiores do que qualquer preconceito e dificuldade.

Freen mordeu o lábio inferior. Esfregou o seu nariz suavemente no couro cabeludo de sua filha, sentindo o cheiro do perfume suave.

— E por algum momento... O Jacob sentiu vergonha de você? Deixou de lhe apresentar aos seus amigos e levá-la á algum evento social? Ou qualquer canto?

— Não. — Rawee fez uma careta. Olhou diretamente para a Freen. — Por que... — parou de falar ao ver o semblante tristonho da sua nora. — O que essa cabecinha está pensando?

— Você acha que a Rebecca, sei lá, sente vergonha de mim? —  perguntou com a voz embargada.

Rawee arregalou os olhos.

— Deus. Não! A minha filha não sente vergonha de você. Por que sentiria?

— Porque ela nunca me apresentou aos seus amigos, nem me levou a nenhum evento social... Quase nunca saímos...

— Não pense nisso. Nunca! Rebecca não tem nenhuma vergonha de você. Ela te ama. Você acha que ela sentisse vergonha de ti, apresentaria a nós? A família? Que somos mais importante do que amigos? —  a olhou com carinho. — Rebecca não tem muitos amigos aqui, apenas colegas... Pessoas que são mesquinhas e esnobes. Acredite, ela está apenas poupando tempo á você. E o fato de não saírem, a nossa família passou por um momento delicado, você sabe... Acho que o foco de minha filha foi dá apoio á mim, ao pai e também ao irmão. Acredite: Ela não tem vergonha de você. Ela é louca por você.

Freen apenas balançou a cabeça em positivo. Ainda estava com muita dúvida e também medo.

Rawee deu uma tapinha na mão de Freen.

— Não fique alimentando o mal dentro de si. É muito fácil dá ênfase às neuras do nosso cérebro. O difícil são ignorá-las. Já tive o meu tempo de ficar enlouquecida com as minhas paranoias, acho que toda mulher é assim.

— Como faz isso parar?

— Só lembrando-se dos bons momentos e lembrar também do amor condicional e único que compartilham. E tudo ficará muito bem. — Rawee sorriu cúmplice, então, virou-se para o carro que adentrava na propriedade. — O meu amado chegou. Com licença, querida.

Rawee se levantou e deu um beijo na testa da Florence, depois foi até o seu marido.

Freen ficou um tempo pensando. Estava tão confusa! Também estava com muita saudade de Rebecca, sentia-se arrependida por ter sido muito fria com ela ao telefone. Não deveria ter feito isso.

Florence reclamou de fome, e Freen foi providenciar alguma coisa para ela comer. Depois que alimentou a sua filha, e trocou as fraldas. A colocou para dormir, o sono da tarde. Depois disso, foi tomar um banho de banheira com bastante espuma. Quem sabe assim esfriava os pensamentos?

Lembrou-se de um ditado que a sua mãe sempre dizia: O apressado come cru.

Talvez... Ela estivesse comendo cru...

Faz De Conta! { FreenBecky }Onde histórias criam vida. Descubra agora