Faz De Conta! { FreenBecky }

100 - capítulo

Christian estava animadíssimo. A sua alegria estava contagiando á todos. O motivo de tanta felicidade? A sua irmã estava para chegar... Não que ela morasse longe. Era apenas uma hora de distância, mas a mesma nunca tinha decência de se deslocar de sua fazenda para visitá-lo.

O motivo da visita?

Ela queria conhecer o pequeno pedaço de céu: Florence.

Quem não queria?

Richard estava na cama, com a mão na barriga, sentindo-se feliz pelo seu amado. Sabia como era unido com a sua irmã, e que faria muito bem a presença dela na casa. Mesmo tentando não transparecer, o Christian estava apreensivo demais por conta de sua condição de saúde, mesmo estando bem. Sentia um pouco de dor, mas a dor da cirurgia. Foi uma cirurgia de grande porte. Precisava de bastante repouso, a recuperação era lenta.

Sabia também que não estava sendo muito paciente. Queria sempre se levantar, e fazer coisas que não podia. Tecnicamente, estava infernizando um pouco a vida do Christian, e também da Freen que ficavam aperreados com a teimosia do Richard.

Ele tinha a cabeça bem dura. Meio que a ficha ainda não tinha caído do grande trauma que o seu corpo sofreu, por tanto, era um pouco rebelde. Mas, o Christian tinha uma paciência de anjo. Mesmo que muitas vezes, sentisse vontade de socar o Richard, estava contente por o seu amado estar em casa e com vida.

Freen estava amarrando as cortinas do quarto. Achava que o Richard precisava de um pouco de vitamina D. E como ele não podia fazer esforço, deixaria que os raios solares adentrassem pela janela e o tocasse.

Christian estava falando sem parar.

— Nem acredito que a Cheryl vem. Depois de quase um ano sem vê-la. — Christian fez uma careta, mas sorriu.

Richard sorriu, mas fez uma careta. O esforço fazia doer um pouco o seu abdômen. Freen abriu as janelas, e virou-se para eles.

— Ela mora muito longe? — ela quis saber.

— Não. — Christian sentou-se na cama e balançou a mão. — Uma hora de viagem. Ela mora em Gravatá, é veterinária e tem um hotel-fazenda. Dedica muito tempo aos seus bichos e ao seu hotel. É lindo. Divino. Perfeito para passar um final de semana bem romântico. —  olhou para o Richard.

— Sim. Com muito pernilongos, maruim, cobras, sapos... — Richard fez uma careta.

Christian revirou os olhos, e Freen riu.

— Você está vendo o lado ruim da coisa. É contato com a natureza pura e limpa. Claro que tem esses bichinhos que estão no seu habitat. — Christian retrucou, mas olhou para Freen. — O hotel é lindo. Bem decorado. As refeições são deliciosas, típicas nordestinas. É delicioso para quem quer se isolar com o seu amor ou até mesmo se livrar da poluição e o estresse da cidade grande.

A morena imaginou o lugar perfeito com a descrição do Christian. Não era dada muito á natureza, mas... Não acharia ruim de ficar em um local agradável, com o ar puro, e muita paz ao lado de quem se ama... O seu pensamento foi logo em Rebecca. O seu coração se apertou quando a sua mente avisou que estava sem ela.

— Quando você se recuperar totalmente, iremos ter uma lua de mel lá... — Christian acariciou a mão do Richard, o olhando com tanto carinho e amor. — E não adianta reclamar. Vai ser apenas eu, você e o nosso amor. — inclinou-se para beijá-lo.

Um pingo de inveja assolou o coração de Freen. Que saudade do tempo que ficava assim com a Rebecca... O beijo não demorou muito.

— Enfim. Voltando para o x da questão: Cheryl. Ela virá, e ficará uns dias aqui. O que é muito espantoso. Ela vive pra o seu hotel-fazenda. — olhou para Freen. — Bom. Como aqui só tem dois quartos... Teria alguma objeção se você dividir o quarto com ela?

— Claro que não. — Freen sorriu.

— Ótimo. Você vai adorá-la. Todo mundo gosta da Cheryl.

— Que horas ela irá chegar? — Richard perguntou.

— Á noite. Ela disse que sairia de Gravatá por volta das cinco horas.

Freen escutou a Florence chorar. Pediu licença e foi até a filha que estava no cercadinho, aparentemente, não foi um choro, foi uma risadinha. A televisão estava ligada e passava um programa infantil no Discov.Kids. Era um musical. Florence batia palminhas com a música, e dava risadinhas.

Achando muito lindinho aquela cena. Freen retirou o celular do bolso, e começou a filmar. Para sua surpresa, Florence a olhou com os seus grandes olhos castanhos, abriu um sorriso e pronunciou:

— Cá.

Era a primeira palavra de Florence. O peito de Freen explodiu de uma emoção e alegria. A primeira palavra da sua filha. Quase não acreditou, aproximou-se com o celular voltado para a pequena, sem parar de filmá-la.

— O que meu amor? — Freen falou suavemente. — O que você disse? Repete pra mamãe? — pediu suavemente.

— Cá... Cá... Cá... Cá... — Florence repetiu diversas vezes como se fosse um coral.

— Cá? — Freen perguntou ainda sem entender direito.

— Cá! — Florence apontou para a televisão e abriu o sorriso mais lindo de todos. — Cá!

Freen olhou em direção da televisão. No programa tinha uma mulher vestida de fadinha. Mas o que chamava atenção mesmo eram os cabelos castanhos e os olhos castanhos. A mulher se parecia com Rebecca.

— Cá. — Florence voltou a repetir e parou. Ficando com os olhos fixos na televisão.

O coração de Freen apertou-se. Sua filha estava chamando por Rebecca. Parou de filmar. Mesmo sempre indo para casa da Rebecca, era nítido que a Florence adorava tanto que a sua primeira palavra foi chama-la.

— Você sente falta dela, não é meu amor? — fez carinho na cabeça da sua filha que não tirava os olhos do programa, parecia hipnotizada. — Eu também sinto. Muito. — murmurou com os olhos lacrimejando.

Tinha que tomar uma atitude. Deu um beijo na cabeça da filha, limpou os olhos e se levantou. Voltou para o quarto do casal. Os dois estavam cochichando, pareciam trocar segredos. Assim que a viu, sorriam envergonhados.

— Eu não escutei nada. — Freen esclareceu. — Chris tenho que dá uma saidinha. Você se importa em ficar com a Florence? Sei que a sua irmã vem hoje e tal... Se for problema, eu a levo.

— Claro que não, minha querida. Pode ir. — ele sorriu. — Cheryl vai adorar ver a nossa pequena.

Freen mandou dois beijinhos para eles, e foi para o seu quarto. Não podia aparecer no apartamento de Rebecca como uma mendiga...