XXXXVIII

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Senti meu coração arder em desamparo ao ver o carro de Pedri sair da garagem, levando s/n consigo. O que me deixava ainda mais angustiado era o fato de que Débora havia me informado, antes mesmo de eu acordar completamente, que ela estava convencendo s/n a afirmar que tivemos uma relação sexual, uma mentira absurda que eu não conseguia acreditar.

A confusão misturou-se com uma sensação aflitiva de impotência e desespero ao me perguntar sobre o paradeiro do irmão de Débora, que tinha levado minha filha com ele. Meu peito estava apertado, e um calor sufocante subia pela minha garganta. Suspirando profundamente, passei a mão na testa, tentando controlar a onda de frustração e nervosismo. Olhei para Débora, caída no chão, abaixo do interfone, e meu sentimento de raiva só aumentava.

Ajudei-a a se levantar, sentindo um misto de irritação e ansiedade. Com um esforço, sentei-a no sofá, observando-a com um olhar que misturava descrença e exigência.

— Quero uma explicação. Agora.

Débora suspirou, limpou o sangue do rosto com uma expressão de cansaço e frustração, e balançou a cabeça em negação. O desespero e a impotência dela eram evidentes, mas isso não diminuía a intensidade do meu próprio desconforto.

— Aquela mulher... está completamente fora de si. Ela acredita que nossa bebê é filha do meu irmão e que ele não é meu irmão.

— E não é mesmo! — interrompeu uma voz masculina, aguda e irritada. Olhei para frente, surpreso, e vi um funcionário da cozinha, visivelmente nervoso e agitado, que parecia estar às voltas com sua própria frustração.

— Desculpe-me pela intromissão, mas vi o que aconteceu. Essa moça está te enganando, senhor Pablo. A bebê não é sua filha, e aquele homem não é seu cunhado.

Um frio cortante percorreu minha espinha, e uma onda de confusão misturada com raiva tomou conta de mim. Eu me sentia traído e completamente desorientado.

— Você está me enganando, Débora? — perguntei, a voz carregada de uma mistura de incredulidade e desespero. Seus olhos, que antes estavam cheios de uma falsa confiança, agora evitavam o meu olhar.

— Não! É a s/n! Ela, todos, Pedri e até esse empregado! — tentou gritar, mas sua voz soava fraca e falhou em transmitir qualquer convicção.

Bufei, o sentimento de frustração e impotência tornando-se insuportável. A raiva e a confusão eram uma mistura turbulenta dentro de mim enquanto a deixava no sofá e saía de casa.

Entrei no meu carro e dirigi em alta velocidade pelas ruas de Barcelona, o volante nas mãos parecia uma âncora contra o caos interno que eu estava enfrentando. Cada curva e cada frenagem eram acompanhadas por um tumulto mental, um furacão de perguntas sem resposta e medos não resolvidos. Em um tempo recorde, cheguei à casa de s/n. Corri até a grande porta de entrada, e minha ansiedade se manifestava em cada passo acelerado até o quarto dela. Sem sequer bater na porta, entrei, desesperado.

Não encontrei nenhum sinal dela. "Não. Não, não, não." O desespero me envolvia como uma nuvem densa, e o pânico começava a tomar conta de mim. Meu coração batia descontroladamente, e cada batida parecia ecoar o meu medo.

Respirei fundo, tentando regular as batidas frenéticas do meu coração e manter a calma. Dirigi-me para a área de lazer, onde encontrei Pedri e Aidan. O medo e a frustração eram quase palpáveis em mim.

— Onde ela está!? — minha voz soou como um grito de urgência, carregada de uma seriedade que escondia a crescente ansiedade.

Pedri franziu o cenho, confuso e surpreso. Estava prestes a responder quando s/n apareceu na varanda, com um olhar igualmente confuso.

Eu Ainda Te Amo - Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora