9

406 33 6
                                    

Parecia um dia comum, por assim dizer, exceto pelo fato de que eu estava sentado na sala de jantar da família Piastri, tentando manter minha melhor expressão impassível enquanto o filho da família Piastri, Oscar Jack Piastri, tentava me irritar pra caramba.

Nicole continuou falando sobre seu trabalho, sem saber o que estava acontecendo ao seu redor, bem debaixo da mesa para ser mais específico, e eu interiormente pedi desculpas a Nicole por não prestar atenção a uma palavra que ela disse.

Virei-me para Oscar, com irritação aparente em meu rosto.

- O que você está fazendo?! - Eu sussurrei. Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele estava fazendo isso para me irritar e eu não iria cair em seus truques.

O australiano ergueu os olhos da comida, fingindo inocência.

- O que eu estou fazendo? - Ele questionou.

Eu dei a ele o maior olhar mortal que pude lançar quando Nicole direcionou sua atenção para sua comida, antes de fazer uma careta.

- Oh, por favor, Piastri. Acho que já é hora de você conhecer alguém que seja imune aos seus "encantos"! - Cuspi com raiva, certificando-me de que Nicole não nos ouvisse, mesmo que não houvesse chance disso. Ela estava tão absorta em suas conversas que esqueceu tudo ao seu redor. O que, naquela situação, fiquei feliz.

Oscar sorriu triunfantemente, sentindo como irritada eu estava.

- Tem certeza que está imune? Você sabe que pode me dizer, Bea. - Ele disse, tentando ao máximo não cair na risada.

Tive que processar o que ele disse antes de ouvir o apelido que ele me deu. Ninguém se preocupou em me dar um. Eles me chamaram pelo meu nome, Beatrice, ou por algum insulto. Eu não gostava muito de ambos, mas Bea era legal. Isso me convinha.

Meus pensamentos pararam quando a mão dele subiu mais alto e, se eu não estivesse com raiva, teria rido de como ele estava usando dois dedos para passar pela minha coxa como se fossem pernas. Foi só quando ele apertou que eu pulei abruptamente da mesa, caindo quase da cadeira.

Tudo pareceu parar naquele momento e senti vontade de fechar os olhos para acabar com o constrangimento borbulhante. Mãe de Oscar havia parado de falar e agora me olhava com curiosidade. Sua mão estava no ar e ela a deixou ali, completamente congelada.

A resposta de Oscar foi totalmente diferente. Ele sentou-se, olhando para o prato, tentando ao máximo não rir. Jurei a mim mesmo que ele nunca mais veria a luz do dia.

- Beatrice, você está bem? - Nicole disse, parecendo estar conversando com uma louca. Eu me contorci, equilibrando-me de um pé para o outro desconfortavelmente, pensando em uma desculpa.

- Sim, estou bem. É só que tive dor aqui na barriga e doeu muito, então eu... Sim. Acho que deveria apenas me afastar da comida. - eu disse, desconfortável, uma risada nervosa escapando da minha boca.

Ela sorriu e pareceu acreditar porque ela não me questionou mais. Sorri de volta, antes de me acomodar novamente.

Olhei para Oscar para ver que ele não estava mais olhando para o prato, mas para mim, sorrindo.

- Dor de barriga? Tem certeza que vai ficar bem? Pareceu muito extremo - Ele me questionou, levantando uma sobrancelha. Sua voz estava cheia de falsa preocupação.

Idiota era tudo que eu conseguia pensar.

- Extremo? Não, você está enganado, Piastri. De certeza que não é nada parecido com o que você sofre. Acredite em mim, se fossem, eu já teria assassinado o banheiro, certo? - Sorri com os dentes cerrados e Oscar fez uma careta com minhas palavras. Nicole riu alto.

- Se você conseguir calá-lo assim normalmente, poderá aparecer com mais frequência. - Ela brincou e eu sorri com o convite. Se ela me convidasse novamente, provavelmente ela não me odiaria completamente.

Olhei para a hora antes de me virar e sorrir para Sam.

- Está ficando tarde, acho que deveria ir embora agora. Foi muito bom conhecer você, Nicole. - Eu disse educadamente, levantando-me lentamente da cadeira, mas não antes de cutucar Oscar com força nas costelas como punição pelo constrangimento que enfrentei há poucos momentos.

Nicole falou antes que eu pudesse sair.

- Não, querida, você não pode ir! Você honestamente acha que vou deixar você ir quando estiver com dor de estômago? Você tem que ficar e, além disso, já é tarde. Fique aqui esta noite!

Levantei uma sobrancelha levemente com a oferta e ela estava tão relaxada ao me perguntar. Minha própria mãe teria me dado um tapa na cabeça se eu pedisse a ela para deixar um menino ficar aqui.

Balancei minha cabeça com um sorriso.

- Ah, não, eu odiaria impor, está tudo bem, vou indo, Nicole. - Eu raciocinei antes de pegar meu telefone e guardá-lo no bolso.

Nicole resmungou colocando o cabelo atrás de sua orelha.

- Insisto, Beatrice. Você ficará porque adoraria tê-la como minha convidada. É o mínimo que posso fazer pela bela refeição. - Ela insistiu. Seu pedido foi firme e exigente. Eu sabia que ela não aceitaria um não como resposta. Ela era exatamente como seu filho nesse sentido.

Olhei para Oscar em busca de ajuda e só o vi tirando o macarrão do meu prato para colocar no dele.

- Oh... tudo bem. - eu disse, sem entusiasmo, sem saber mais o que dizer. Às vezes eu odiava o quão complacente eu era.

Eu estava com um pouco de medo de ficar em casa de Oscar. Além disso, eu estava um pouco nervosa. Quer dizer, eu não sabia se Oscar estava bem com isso. Ele não disse nada sobre eu passar a noite.

- Excelente! - Nicole cantou feliz. - Bem, nenhum dos quartos de hóspedes foi limpo ainda, então presumo que você não se importaria de dormir no quarto de Oscar? - ela questionou e eu corei com o quão direta ela era.

Com isso, o australiano desviou a atenção do telefone, no qual havia passado os minutos anteriores enviando mensagens de texto, e olhou para sua mãe.

- O que? - Ele disse.

Sua mãe zombou alto.

- Saia desse telefone e mostre a Beatrice onde ela vai ficar. - ela disse revirando os olhos. Quando Oscar não se levantou, ela se virou até ele e começou a conduzi-lo para fora de seu assento.

- Vá em frente! Mostre-lhe o seu quarto. - com isso, ela foi para a cozinha, lavar a louça. Perguntei se ela precisava de ajuda, mas ela me disse que eu ajudava o suficiente e pronto.

Oscar ergueu as sobrancelhas, confuso com o que acabara de acontecer.

- Ok? - Ele falou lentamente. Ele então suspirou, colocou o telefone no bolso de trás e subiu as escadas.

Eu fiquei lá sem jeito. Eu não sabia o que fazer. Eu deveria começar a segui-lo ou apenas ficar aqui até que ele diga para onde ir.

- Você vem ou o quê? - Oscar disse de sua posição nas escadas, a metade superior de seu corpo virada enquanto olhava para mim. Ele tinha uma expressão entediada e recuei diante de sua súbita mudança de comportamento.

Balancei a cabeça rapidamente. Ele suspirou antes de virar o corpo totalmente para frente e subir as escadas correndo. Eu o segui lentamente, pensando em como o comportamento dele tinha dado uma volta completa de 180 graus. Eu sabia que era apenas uma atuação para a mãe dele, mas esperava que ainda pudéssemos ser civilizados, apesar de tudo. Lembrei-me da discussão no café e me perguntei se ele ainda estava bravo com o modo como eu o havia chamado.

Meu cérebro estava doendo de tanto pensar e minha cabeça latejava. Tudo que eu queria era deitar e dormir.

Cheguei à porta pela qual vi Oscar entrar. Pensei brevemente em como era o quarto dele. Houve um ditado que eu li uma vez que indicava que a aparência do quarto de alguém era um indicador claro da natureza do indivíduo.

Não não estava a acreditar. Sou uma namorada falsa de Oscar Piastri! Oscar Piastri! O piloto de fórmula 1, e agora terei de dormir em sua casa, mais especificamente com ele. Meu deus, alguém me ajude.Balançei a cabeça para me livrar dos pensamentos, respirei fundo e abri a porta.

Simples favor l Oscar PiastriOnde histórias criam vida. Descubra agora