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Acordei do meu sono, sem nenhuma preocupação no mundo. Isso até eu verificar meu telefone.

27 chamadas perdidas da mãe

18 mensagens de texto da mãe

3 mensagens de voz da mãe

Eu gemi de frustração. Como eu esqueci de contar para a mãe? Muita coisa aconteceu ontem e, no meio de tudo isso, acabei de deixar de lado um pequeno, mas crucial detalhe. Abri as mensagens antes de responder que estava na casa de um amigo e meu telefone estava no silêncio, então não pude responder. A desculpa, por si só, era um exagero para minha mãe acreditar. Eu nunca mencionei nenhum amigo assim tão especial para ela, não por manter a privacidade.

Sentei-me e imediatamente olhei para o sofá. Fiquei chocada ao ver que ninguém estava lá, confesso que não o considerei madrugador. Fiz uma nota silenciosa para mim mesma para não fazer suposições de julgamento. Estiquei meus membros doloridos antes de sair da cama e ir até o banheiro. Foi então que parei quando meus olhos pousaram nele, Oscar estava deitado no chão ao lado do sofá, seu cabelo era uma bagunça bagunçada de mechas pretas. Sorri presunçosamente sabendo que minhas suposições anteriores estavam certas e me xinguei também por não ter feito essa previsão. Ele estava deitado de costas. Um braço estava no chão ao seu lado, enquanto o outro estava sobre os olhos, protegendo-os da luz que se espalhava por uma fresta nas cortinas.

Lembrei-me de suas palavras da noite passada e meu humor diminuiu significativamente. Era isso que parte de mim temia em ter companhia. Eu não demonstrei muito pelas minhas expressões nem pela minha linguagem corporal, então todos devem pensar que eu poderia tolerar tudo o que eles jogaram em mim. Mas não era verdade, nem um pouco, na época em que eu estava na escola foi difícil. Muitas vezes, quando eu era mais jovem, chorei nos banheiros da escola por causa dos constantes assentos vazios, pois meu melhor amigo tinha se mudado de escola e, foi bastante difícil para mim conseguir fazer novas amizades. Eu era mais jovem e, portanto, era ingênua. Eu não precisava de mais ninguém, além de mim mesma. Eu estava contente assim. Mas eu não estava imune.

Eu odiei o efeito que todos tiveram em mim. Depois de um dia conhecendo Oscar e ele já havia provado que eu não sou imune. Claro, o efeito que ele teve foi mínimo e insignificante, mas ainda assim foi um efeito.

E era justamente por isso que eu tinha tanto medo de me aproximar de alguém.

Decidi deixá-lo ali como uma doce sensação de vingança e desci as escadas em direção à cozinha, olhando para Nicole enquanto ela cozinhava na cozinha, o aroma que veio me deixou com água na boca.

- Bom dia - ela cumprimentou alegremente e eu tive que forçar a careta que normalmente fazia no rosto nessa hora.

- Bom dia - resmunguei antes de notar a enorme pilha de panquecas que ela havia colocado em um prato. Tinha que haver pelo menos 12 lá.

- Uma torre de panqueca? - Eu questionei com uma leve risada, minhas sobrancelhas levantadas comicamente.

Nicole jogou uma panqueca para o alto duas vezes, sorrindo para si mesma com sucesso.

- Essas são para o ursinho. Ele adora panquecas! Ele sempre come às dúzias. - Ela explicou, inclinando a cabeça ligeiramente para trás para falar comigo. Minhas sobrancelhas franziram com suas palavras.

- Ursinho? - Eu perguntei enquanto ela se aproximava de mim, colocando uma panqueca em um prato para mim. Murmurei um pequeno "obrigada" antes de me acomodar.

Ela tapou a boca com a mão antes de olhar para as escadas com cautela.

- É como chamo Oscar. - Ela sussurrou antes de olhar em volta novamente para verificar se alguém estava ouvindo nossa conversa e se aproximou.

- Sabe, eu o chamava de ursinho desde que ele era jovem. Ele reclamou quando tinha 5 anos que não conseguia soletrar seu próprio nome, então queria ir ao "governo" para poder mudá-lo para Urso. - ela sussurrou, um sorriso triste estampado em seu rosto, seus olhos vazios como se ela estivesse vivendo dentro da memória.

Coloquei a mão em seu braço para tranquilizá-la, mas não pude deixar de soltar uma pequena risada com a história.

- Do que está rindo? - Eu me virei e vi Oscar entrando na cozinha, uma mão na nuca, acariciando seu cabelo. Ele veio e sentou ao meu lado, pegou seu prato de panquecas e começou a comer.

- Oh, nada. Estávamos apenas conversando sobre coisas. - eu disse casualmente, encolhendo os ombros.

Ele não tirou os olhos das panquecas.

- Que tipo de coisa? - Ele questionou, sua voz revestida de desinteresse.

Eu acenei para ele com um aceno de demissão.

- Você sabe que se meter na conversa dos outros é feio né? - eu disse, adicionando mais calda às panquecas.

Ele se animou com isso, me fazendo revirar os olhos. Seus olhos brilhavam enquanto ele falava.

- Ai me desculpa por ser mal educado. - Ele disse com tanto sarcasmo, sorrindo e eu já podia sentir o tom provocador em sua voz.

Eu dei uma olhada de indiferença, mas vasculhei meu cérebro em busca de uma resposta. Ele esperou pacientemente, seus olhos pousaram em mim.

- Hum... Enfim, melhor eu ter de ir andando né. - Ele levantou uma sobrancelha e me olhou.

- Perdi o apetite.

Eu ri alto fazendo Oscar olhar para mim e eu fiz uma careta para seu olhar.

- Se você continuar olhando, você vai perder um olho. Agora, suba e vista uma camisa, Piastri! - Eu disse entre risadas. Ele ainda estava apenas de calça de corrida.

Continuei comendo quando o ouvi chegar atrás do balcão e ficar atrás do meu banquinho, falando em meu ouvido.

- E por que eu deveria colocar uma camisa? Nós dois sabemos que você adora. - Ele sussurrou em meu ouvido.

Fiquei tensa com suas palavras e corei. Tentando esconder isso, eu me abaixei minha cabeça e comecei a comer panquecas como uma louca.

O australiano riu, interpretando meu silêncio como uma confirmação de sua alegação. Ele então se inclinou mais perto antes de falar, sua voz notavelmente rouca.

- Ah, e a propósito, você fica muito fofa com meu moletom. Fique com ele. - Ele então se afastou de mim, caminhando até a porta da cozinha.

Eu me virei e fizemos contato visual enquanto eu olhava para ele. Ele sorriu e piscou em resposta.

- Tchau, Bea. - ele disse por cima do ombro ao sair e eu tive uma chicotada devido aos muitos estados de espírito que enfrentei dele em apenas um dia sozinha.

Esse menino era bipolar e imprevisível e o pensamento criou medo e expectativa dentro de mim.

Simples favor l Oscar PiastriOnde histórias criam vida. Descubra agora