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- Gabi, não! Me solte. — Eu gritei a plenos pulmões, mas sem sucesso. Meus apelos estavam caindo em ouvidos surdos. Bortoletto parecia inflexível e, não importa o quanto eu tentasse, eu não conseguia soltar o aperto mortal que ele tinha no meu braço.

Uau. A primeira pessoa na Terra a colocar mais energia em segurar um braço do que em gerar expressões faciais básicas.

- Gabriel! — repeti ansiosamente quando percebi onde tínhamos acabado de cruzar, a calçada perto da casa de Oscar, onde nosso último encontro ocorreu.

A calçada onde eu havia proclamado internamente meu amor por ele.

Suspirei. A palavra-chave era internamente. Eu sempre fui uma covarde, isso eu sabia. Desde que compreendi uma compreensão coerente da palavra "medo", nunca houve um momento em que eu tenha sido corajosa ou, no mínimo, altruísta. Nem mesmo em momentos como esse, quando tempo era algo que eu tinha pouco, eu conseguia reunir coragem suficiente para pelo menos contar a Oacar como eu me sentia.

Gritei mais uma vez, mas isso não impediu ao brasileiro de cumprir sua missão "dada por Deus". Ele caminhou rapidamente até o jardim da frente de Piastri, tocou a campainha e só então se virou para mim.

- Tem algo que você queria dizer? — Ele perguntou sarcasticamente, seus olhos castanhos perfurando os meus. Eu o encarei tão duramente quanto pude, e tentei me soltar de seu aperto, usando toda a força que eu tinha. No entanto, minha força não foi o suficiente. Ele olhou para mim com a mesma expressão de "cara de pôquer", divertido com minhas tentativas patéticas. Seus olhos estavam frios como pedra, mas, por uma fração de segundo, eu peguei um brilho neles. Quase como se ele estivesse tentando se impedir de sorrir. Para se impedir de sorrir de quão fraca eu era.

Agora eu estava começando a ver a semelhança entre ele e Oscar.

Antes que eu pudesse dar-lhe uma palavra sobre "como eu estava lutando com ele de estômago vazio" e a porta se abriu e, do outro lado, estava o único garoto que conseguia fazer meu coração palpitar.

Oscar Jack Piastri.

Lá estava ele em toda a sua glória, sem camisa e vestindo calças de moletom. O olhar de choque em seu rosto era claramente óbvio. Ele não esperava que eu estivesse em sua porta, isso também com Bortoletto. Ele não falou e eu franzi a testa. Fazia um tempo desde que ouvi sua voz e eu queria saber se ele estava bem para acalmar o pequeno buraco se formando em meu coração.

O brasileiro pigarreou, escondendo a mão que segurava meu braço.

- Podemos entrar? — Ele perguntou, gesticulando para o interior da casa de Oscar e, embora a pergunta em si fosse educada, parecia tão direta e fria saindo da língua do brasileiro.

Assim como tudo o que ele disse.

O australiano assentiu entorpecido antes de se afastar e nos permitir entrar. Gabriel não demorou para me arrastar para dentro e para a sala de estar. Oscar seguiu logo atrás, confusão aparente em suas feições. Eu podia dizer que ele sabia que este não era um encontro regular. Havia palavras que precisavam ser ditas.

Palavras que eu não estava pronta para dizer.

- Algo aconteceu? — Piastri questionou, olhando entre nós novamente. Meu coração caiu no meu estômago ao ouvir sua voz. Bem, isso foi até Bortoletto me dar um olhar penetrante, sinalizando para eu falar. Suspirei, escolhendo olhar para o chão. Era demais falar e olhar em seus olhos ao mesmo tempo.

- Bibi, há algo errado? — Ouvi a voz de Oscar me chamar e sorri feliz com a preocupação evidente em seu tom.

O sorriso desapareceu, eu não conseguia sentir o que sentia, tínhamos que acabar com isso agora antes que eu afundasse muito. Isso me destruiria, eu sabia disso.

Simples favor l Oscar PiastriOnde histórias criam vida. Descubra agora