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Race week, as férias acabaram e chegou a hora de retornar à temida rotina.

Suspirei pesadamente enquanto andava pelo Paddock, observando os outros se cumprimentando sentimentalmente uns com os outros. Parecia que uma doença contagiosa de "felicidade" havia infectado cada pessoa porque, por algum motivo desconhecido para mim, os sorrisos pareciam estar permanentemente colados em seus rostos.

Que bom que eles tinham algo para ficar felizes.

Ao chegar ao motorhome, fui direta para a garagem. Antes fui em meu armário deixar minha bolsa. E então eu vi. Aquela carta. Aquela maldita carta.

- Chegou uma carta — começou minha mãe, com um tom hesitante, como se estivesse pisando em águas perigosas.

- Sim... — Eu arrastei para fora, esperando que ela continuasse. Ela olhou para baixo mornamente, como se estivesse contemplando suas palavras, mas finalmente olhou para cima, segurando algo pelas costas dela.

- Foi do médico... — meus olhos imediatamente se estreitaram em fendas perigosas.

- Não — eu disse categoricamente, meu rosto desprovido de qualquer emoção. Surpresa brilhou em seu rosto, mas logo foi substituída por um olhar de aborrecimento.

Suspirei mais uma vez. A carta estava na mesa da cozinha quando desci para tomar café da manhã e, depois de encará-la por vários minutos, decidi que seria melhor pegá-la, mesmo que eu ainda recusasse. Era o mínimo que eu podia fazer por ela. Eu sabia que, à sua maneira, ela estava certa. Sendo mãe, não se pode deixar de sentir que a saúde do filho é responsabilidade dela. Tudo o que ela fez sempre foi para minha melhora e felicidade. Ir a uma consulta médica por ela nem começaria a retribuir tudo o que ela fez por mim. Antes que eu pudesse chegar a uma conclusão, meus pensamentos foram interrompidos por um grito.

- Ei, Bea! — A voz retumbou, ecoando pela motorhome . Virei-me para a voz familiar, ficando tensa quando o olhar de todos caiu sobre mim e a figura musculosa que estava do outro lado do corredor.

Lando.

Ele não pareceu se importar com a atenção, pelo contrário, ele gostou, sorrindo presunçosamente enquanto caminhava em minha direção.

Como se soubesse que era o ponto alto do dia de todos.

Ele passou a mão pelo cabelo enquanto andava. Lando parou na minha frente até abrir a boca para falar.

- E aí, Bea?! Não te vejo há séculos. — Ele disse e eu me encolhi com o quão alto ele estava falando, o estranho é que eu sabia que ele não estava fazendo isso intencionalmente.

Eu odiaria ser alguém para quem ele sussurra um segredo.

Sorri, embora me sentisse ansiosa.

- É. Só estive ocupada — Menti, sabendo perfeitamente bem que tudo o que eu fazia era pensar em como tudo estava lentamente desmoronando.

A testa de Lando enrugou-se enquanto pensava em minhas palavras.

- Muito ocupado para ver seu namorado e amigos? — Ele questionou, ofegante exageradamente. Ele colocou uma mão no peito em choque dramático e olhou ao redor como se os espectadores também fossem ofegar com minhas ações inapropriadas e covardes. Eu teria resmungado com seu comportamento se não tivesse notado o que ele disse.

Amigos?

Eu sorri com isso. O britânico me considerava um amigo. Ele foi uma das primeiras pessoas a pensar em mim assim e, não sei por que, mas isso me fez sentir aquecido por dentro. Algo sobre a ideia de ser desejado pela primeira vez na minha vida trouxe uma nova sensação de felicidade, uma felicidade que eu nunca tinha sentido antes.

Simples favor l Oscar PiastriOnde histórias criam vida. Descubra agora