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CHIARA BIANCHI

Eu olhava ao redor do movimentado terminal do aeroporto, tentando conter a ansiedade que gritava em meu peito. As pessoas se moviam rapidamente, carregando malas e sacolas, seus passos ecoando pelo piso de mármore. Ao meu lado, meu irmão Lorenzo estava mexendo em seu celular, provavelmente jogando algum jogo ou trocando mensagens com amigos ou com alguma menina. Meu pai estava sentado em silêncio, folheando uma revista de esportes, enquanto minha mãe parecia inquieta, olhando o relógio de pulso com frequência.

Estávamos prestes a embarcar para a Alemanha afim de acompanhar a EuroCopa, que eu descobri que não iremos acompanhá-la inteira. Iremos assistir somente dois jogos e voltaríamos para casa, caso a Itália fosse para final, iríamos voltar para assistir.

De repente, Lorenzo levantou a cabeça do celular e franziu a testa, olhando para algo atrás de mim logo fechando a cara. Me virei para olhar e, para minha surpresa, vi Manuel caminhando em nossa direção, carregando uma pequena mala de mão. Meu coração deu um salto e meu estômago se revirou. Eu não fazia ideia de que ele viria.

— O que ele tá fazendo aqui? - meu irmão falou olhando para minha mãe.

Meu pai levantou os olhos da revista e, ao ver Manuel, sua expressão endureceu ligeiramente.

— Manuel? - disse meu pai, a surpresa evidente em sua voz. — O que você está fazendo aqui?

Antes que Manuel pudesse responder, minha mãe se adiantou com um sorriso que parecia um pouco forçado.

— Eu convenci Manuel a vir conosco! - ela falou animada. — Achei que seria bom ele passar um tempo com a gente, como parte da família. E ele pode fazer companhia para Lorenzo.

— Baita companhia. - meu irmão resmungou baixo.

— Celine, nós conversamos sobre isso. - meu pai falou em italiano.

— Depois falamos. - mamãe respondeu no mesmo idioma.

O silêncio que se seguiu foi tenso. Podia sentir a desaprovação do meu pai crescendo, mesmo que ele tentasse disfarçar. Ele não estava nada feliz com essa decisão repentina. Eu, por outro lado, estava dividida. Parte de mim estava contente por ver Manuel, mas outra parte se sentia sufocada porque ele estava grudado comigo a todo momento.

Parecia até que ele estava me vigiando.

Credo.

[...]

Chegamos ao hotel em Gelsenkirchen já perto do final da tarde, logo iríamos direto para o jogo da Itália contra a Espanha. Infelizmente acabamos perdendo o primeiro jogo, mas pelo menos a Itália venceu.

Depois de pegar nossas malas e fazer o check-in, minha mãe estava empolgada e animada para explorar a cidade, alegria não combinava muito com ela.

— Vamos deixar as malas no quarto e depois podemos dar uma volta para conhecer os arredores antes do jogo. - ela nos avisou.

Meu pai, ainda um pouco reservado sobre a presença de Manuel, apenas assentiu, enquanto Lorenzo parecia  pensativo em suas próprias aventuras planejadas, com certeza ele iria fugir de madrugada.

Pegamos o elevador para o nosso andar. O quarto onde ficaríamos era compartilhado entre mim e Manuel, o que era algo que eu não esperava, mas que minha mãe havia planejado. Quando as portas do elevador se abriram, seguíamos para o corredor. Manuel estava ao meu lado carregando nossas malas.

Chegamos ao nosso quarto e, quando a porta se abriu, fomos recebidos por um ambiente acolhedor. A cama era grande e parecia ser confortável e havia uma mesa com cadeiras perto da janela. A decoração era simples, mas elegante, com tons quentes e madeira.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora