13.

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CHIARA BIANCHI

Eu estava sentada na minha cama, encarando o nada. O silêncio do meu quarto era interrompido apenas pelo tique-taque constante do relógio em formado de gatinho na minha parede. Tudo parecia tão diferente agora.

Desde aquele dia desastroso, minha mãe se tornara implacável em suas regras e medidas de segurança. Uma prisão dourada, como eu gostava de chamar.

Minha mente vagava de um lado para o outro, tentando encontrar algum conforto em minhas memórias passadas, quando ouvi uma batida suave na porta. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu lentamente e Olívia apareceu.

— Oi, Neymara. - ela disse entrando no quarto. — Como você está?

—Oi... respondi tentando forçar um sorriso. —Estou... sobrevivendo.

Ela fechou a porta atrás de si e olhou ao redor, assim que pareceu analisar o quarto e não encontrar nada, se aproximou.

— Por que tem um segurança na porta do seu quarto? - ela perguntou franzindo a testa.

Suspirei me ajeitando na cama.

— É por causa da minha mãe. - expliquei. — Meus pais ficaram muito rigorosos depois daquilo. Mamãe acha que se colocar seguranças por toda a casa vai me impedir de tentar fugir de novo.

Olivia balançou a cabeça incrédula.

— Isso é um absurdo. Você não é prisioneira dele. - se aproximou irritada. — Você é praticamente um brinquedo.

— Eu sei... - murmurei desviando o olhar. — Mas eles acham que estão fazendo o que é melhor para mim.

Ela se sentou ao meu lado na cama.

— Eu queria poder fazer algo para te ajudar, Chiara. Você não merece isso.

— Obrigada, Olivia. - falei apertando a mão dela. — Só de você estar aqui já ajuda bastante.

Olivia suspirou me observando e quando eu ia falar algo, ela falou primeiro.

—Você ouviu sobre o que aconteceu com ele? - me observou.

Rapidamente senti meu coração acelerar e me sentei mais próxima dela.

— Não, o que aconteceu? Ele está bem? - perguntei preocupada.

Ela assentiu, mas seu olhar preocupado não diminuiu.

— Ele se machucou durante a partida de futebol contra a Alemanha. Foi um lance feio, e ele irá ficar sem jogar por uns dois meses. - mordeu o lábio. — Está andando torto.

Arregalei os meus olhos totalmente chocada e olhei para um ponto fixo na parede. Ele se lesionou ontem, tempo depois de eu ter sido obrigada a ligar e acabar com nossa amizade.

— E como ele está? - perguntei com minha voz tremendo. — Ele vai ficar bem?

— Não sei, a seleção espanhola ainda não soltou a nota oficial, por enquanto só sabemos isso. - sorriu triste para mim.

Senti uma onda de tristeza me invadir. Queria estar lá para ele, assim como ele sempre esteve para mim quando fui para o hospital.

— Eu gostaria vê-lo. - sussurrei. — Ele é muito especial e me ajudou bastante quando tive aquela problema repentino.

— Mas e esse segurança? Você não vai conseguir fugir dele e...

— Eu sei. - interrompi. — Mas não posso mais ficar aqui sentada nessa situação. Eu estou cansada disso tudo.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora