14.

791 82 233
                                    



CHIARA BIANCHI

Sair do prédio principal da faculdade sempre me dava uma sensação de liberdade, mesmo que fosse apenas temporária. O vento quente do meio-dia acariciava meu rosto enquanto eu ajeitava a alça da mochila no ombro. Meu olhar varreu o pátio em busca do segurança, e lá estava ele, ao lado do carro preto, os braços cruzados e olhos vigilantes. Um suspiro escapou dos meus lábios.

Tentei manter a expressão neutra, mas a tensão crescia no meu peito. Caminhei em direção ao carro, tentando parecer despreocupada. Foi então que a vi, uma figura encapuzada e de óculos escuros que encostada em uma árvore. Forcei minha visão tentando ver quem era.

Era Gavi.

Dei alguns passos para o lado saindo da visão do segurança e Pablo se aproximou com um sorriso.

— Quem é o cachorrão de guarda ali? - retirou os óculos.

Lancei um olhar rápido e nervoso para ele antes de responder.

— Ele está aqui para me levar para casa e para impedir que vocês se aproximassem de mim. - minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria.

Gavi franziu a testa indignado.

— Me senti ofendido. - fez careta. — E ele não tá fazendo muito bem o trabalho dele.

— O que está fazendo aqui? - ajeitei minha mochila.

— Precisamos conversar, mas não aqui. Me encontre atrás do prédio da administração. - colocou o óculos novamente.

— Mas e o segurança? - falei com um pouco de medo.

— Fala que tá com dor de barriga. - começou a andar para o local indicado.

Concordei com a cabeça logo respirando fundo antes de voltar a andar na direção do segurança, levei minha mão até a barriga e fiz uma careta. Assim que parei na frente do homem, ele abriu a porta do carro.

— A minha barriga não está muito bem...eu preciso ir ao banheiro... - falei fingindo uma voz sôfrega.

Ele me olhou com desconfiança enquanto eu continuava com a minha atuação, mas não demorou muito.

— Certo, vá rápido. - olhou para o lado.

Concordei e comecei a caminhar em direção ao prédio da administração, tentando manter um ritmo calmo e de alguém que estava com dor. Assim que virei a esquina, comecei a correr desesperada, quando finalmente cheguei atrás do prédio, encontrei Gavi escondido nas sombras.

— Por que está agindo como se estivesse em um filme? - falei um pouco ofegante.

— Porque me falaram "seja discreto, igual aos filmes". - deu ombros retirando os óculos e em seguida, o capuz.

— Bem, o que tem para falar? - cruzei os braços.

— O Pedro... - iniciou mas eu interrompi.

— Pedro? Como ele está? Onde ele está? - disparei arregalando um pouco meus olhos.

— Ele está bem, considerando a situação. Foi uma lesão feia, mas ele está se recuperando, voltará daqui dois meses. - falou simples e eu concordei com a cabeça. Gavi ficou quieto por um tempo até que finalmente falou. — Ele está sentindo sua falta...

Suspirei olhando para o chão enquanto me encostava na parede.

— Eu também sinto tanta falta dele. - admiti.

A proibição de minha mãe e de Manuel era com certeza o pior castigo que eu poderia ter. Eles nunca gostaram da nossa proximidade, sempre desconfiaram de Pedro. Mas eu sabia que Pedro era muito mais do que eles conseguiam ver.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora