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CHIARA BIANCHI

Pedro estava me carregando pela minha casa, e o ar leve de sua risada misturada com o som de nossos passos ecoa pelo corredor. Quando ele me coloca sobre a bancada da cozinha, seus braços fortes me soltam devagar, e sinto o frio da pedra sob mim. Instintivamente, me ajeito, puxando a barra da camiseta para cobrir mais minhas pernas. Ele está ali, de pé, com aquele olhar que levemente sedutor mas curioso.

— Então... o que você vai cozinhar para nós hoje, chefe? - pergunto sorrindo de lado, enquanto balanço as pernas levemente, fazendo o chinelo pendurado em um dos meus pés quase cair.

— Eu já estou encarando a minha janta. - ele falou e eu arregalei os olhos.

Arqueei a sobrancelha e pulei do balcão, sem Pedro esperar, o peguei no colo em estilo noiva e ele se assustou se segurando em mim.

— Tu que será minha janta. - falei sorrindo.

— Que isso, mulher. - ele falou assustado e eu não aguentei, comecei a rir alto o colocando novamente no chão.

Me sentei novamente no mármore da cozinha enquanto Pedro me encarava com a mão no peito.

— Desde quando é forte assim? - perguntou.

— Sempre fui, só não falei. - dou ombros. — Mas é sério, eu tô com fome. O que vai fazer?

Pedro arqueia uma sobrancelha, fingindo pensar seriamente sobre a questão.

— Eu não sei, o que a senhora gostaria de comer? - cruzou os braços.

— Hambúrguer. - respondo de imediato, como se já estivesse planejando isso desde que ele passou pela porta. — Com bastante queijo, por favor.

— Então, hambúrguer será. Vou fazer o melhor que você já provou. - anunciou.

— Pode abrir a geladeira e armários para cozinhar. - cruzei minhas pernas.

Enquanto ele começa a abrir os armários, mexendo nas prateleiras, vou dando as instruções de onde encontrar cada coisa.

— O pão tá no armário de cima, os temperos estão na gaveta de baixo... Ah, e a frigideira tá ali. - aponto para o canto da cozinha.

Enquanto ele organiza tudo, percebo como é bom tê-lo aqui. Meus pais viajaram para Madrid essa manhã, resolver algumas coisas das empresas. Sempre que eles vão, a casa fica enorme, quase vazia demais. Meu pai, talvez percebendo o quanto isso me afeta, sugeriu que eu convidasse Pedro para passar os três dias comigo, para não me sentir tão sozinha.

— Você vai me ajudar ou só vai ficar aí sentada me dando ordens? - Pedro pergunta, jogando uma fatia de queijo para o meu lado que cai no meu colo.

Dou uma risada pegando o queijo e salto da bancada, indo em direção ao balcão para ficar ao seu lado enquanto comia o queijo.

— Claro que vou ajudar. Mas só vou fazer as partes fáceis, ok? - sugeri.

— Deixa comigo o trabalho duro então. - ele diz piscando para mim. — Vou te impressionar com minhas habilidades culinárias.

Ele começou a moldar a carne, e eu, ao seu lado, vou passando as coisas. Temperos, pão, queijo, alface. Fiz um biquinho percebendo algo e o olhei.

— Por que você não trouxe o Nilo? - pergunto, de repente, enquanto coloco uma fatia de queijo sobre um dos pães.

Pedro me olha de canto, como se já soubesse que essa pergunta viria.

— Ele está grudado na minha mãe hoje. Não quis soltar dela nem por um segundo. - respondeu.

Fiquei emburrada por um momento, cruzando os braços e olhando para ele com uma falsa indignação.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora