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PEDRO GONZÁLEZ

Acordei com uma leve pressão na barriga, algo quente e confortável. Meus olhos se abrem lentamente, e, assim que foco a visão, vejo Nilo — que estava crescendo a cada dia — encolhido sobre mim, dormindo profundamente. Um sorriso me escapa antes mesmo de eu pensar nisso. Ele parece tão tranquilo, diferente do furacão de energia que costuma ser.

Ainda sonolento, virei a cabeça para o lado e vejo Chiara dormindo tranquilamente. Seus cabelos estão levemente bagunçados, espalhados pelo travesseiro, e seu rosto, iluminado pela suave luz da manhã. Minha vontade é de ficar ali, observando-a, por mais um tempo. Mas, antes que Nilo acorde e comece a pular por todo o quarto, decido agir.

Com cuidado, coloco minha mão em volta do corpinho dele e o levanto devagar, tentando não acordá-lo nem acordar Chiara. Ele solta um suspiro, mas continua dormindo como uma pedra. Coloco-o ao lado dela, no espaço vazio da cama, e me levanto com o máximo de cuidado para não fazer barulho.

Entro no banheiro, lavo meu o rosto, escovo os dentes e, no reflexo do espelho, noto meu rosto mais leve do que de costume. Parece que as manhãs com Chiara têm feito mais bem do que eu imaginava.

Ao passar pelo quarto, não consigo deixar de sorrir ao vê-los dormindo juntos. Nilo agora está esparramado, com a barriga para cima, enquanto Chiara está ligeiramente virada para ele, como se o estivesse protegendo. A cena é perfeita demais para ser interrompida, então peguei meu celular na cômoda e tirei uma foto dos dois. Decido sair de fininho e ir para a cozinha.

— Hora do café da manhã... - sussurrei.

minha família não estava em casa hoje. Eles haviam viajado para a Ilhas Canárias para visitar minha avó, já que meu pai voltava algumas vezes pra cuidar dela, então aproveitei pra chamar a Chiara pra dormir comigo.

Enquanto separo algumas frutas, preparo o café e arrumo os pães, penso em como a vida poderia ser diferente se Chiara estivesse comigo o tempo todo. Nós dois juntos, vivendo algo simples, longe de tudo que nos complica... Talvez eu queira casar com ela, mas ainda estava cedo demais para falar de mais casamento para ela. Tentei espantar esses pensamentos enquanto termino de arrumar a bandeja. Coloco tudo com cuidado, a xícara de café soltando um leve vapor e cheirava bem.

Voltei para o quarto com a bandeja, observando o quão sereno ainda está o ambiente. Chiara continua dormindo, e Nilo não se mexeu. Coloco a bandeja na mesinha de cabeceira e me aproximo dela, me ajoelhando ao lado da cama. Deixei um beijo delicado na testa, e ela se mexe levemente, franzindo o cenho antes de abrir os olhos.

Quando ela me vê, seu rosto relaxa, e ela sorri. É um daqueles sorrisos sonolentos que me fazem sentir um arrepio de felicidade.

— Bom dia, dorminhoca... - sussurro.

Ela se espreguiça lentamente e se senta, ainda com os olhos semicerrados.

— Você vai me mimar assim todos os dias? Porque vou acabar muito mal acostumada. - ela riu olhando a bandeja à sua frente com surpresa.

Eu me sento ao lado dela na cama, passando o braço por trás de seus ombros e puxando-a de leve.

— Já te disse que você não vai ficar mal acostumada se vier morar comigo de vez. - dei ombros.

Ela inclina a cabeça e me olha com aquele olhar de quem sabe que estou pedindo algo que não é tão simples.

— Oferta tentadora, mas eu ainda tenho que resolver muita coisa para sair de casa. - suspirou.

— E um detalhe que eu esqueci...minha família mora aqui agora... - fiz um biquinho.

— Eu gosto da sua família. - comentou.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora