3.

1K 110 95
                                    

PEDRO GONZÁLEZ 🌩️

📍Tenerife, Ilhas Canárias
10 anos atrás

— Mamãe, posso ir jogar bola na rua? - perguntei cutucando o braço da mais velha.

— Sim, mas não fique até tarde! - minha mãe me respondeu enquanto mexia na grande panela ao fogo.

— Te amo! - andei o canto da cozinha e peguei minha bola de futebol.

Corri para fora do pequeno restaurante da minha família e dei a volta logo parando na frente da porta da casa de minha tia. Toquei a campainha sete vezes ansioso para alguém me atender, o que não demorou muito, já meu tio Antônio abriu a porta.

— Pedrinho! - sorriu me observando.

— Tio, chama o Manuel para a gente brincar! - comecei a fazer embaixadinhas com a bola.

— Manuel já saiu atrás de você. - falou confuso e eu parei o que estava fazendo.

— Hm... - fiz um biquinho. — Tudo bem, eu vou atrás dele. - peguei a bola do chão começando a correr pela cidade em que vivia atrás de meu primo.

Desde que me lembro, Manuel e eu vivíamos juntos. Não lembro de quando ele chegou, ele já estava lá quando nasci. Nascemos com apenas alguns meses de diferença e crescemos em Bajamar, uma aldeia que ficava aqui em Tenerife. Nossas famílias eram muito próximas porque nossas mães são irmãs, o que significava que passávamos a maior parte do tempo juntos.

Era legal passar o natal com o meu melhor amigo.

De repente senti alguém pular em cima de mim e eu me assustei resmungando um palavrão. Mamãe gostava que eu xingasse mas agora eu não podia evitar.

— Aí está você. - ouvi a voz de meu irmão e olhei na direção o vendo em pé. Olhei para minhas costas vendo Manuel ali com um de seus dentes faltando.

— Onde vocês estavam? - perguntei me levantando.

— Arrancando meu dente mole. - meu primo me soltou. — Você deveria arrancar o seu também assim será homem igual a mim.

— O meu irá cair sozinho. - peguei a bola.

— Isso aí é mentira. - Fernando falou. — O dente só cai se arrancarmos.

— Arranca logo esse dente. - Manuel abriu minha boca e segurou meu dente, me afastei rapidamente cobrindo meus lábios com as mãos.

— Não. - falei negando com a cabeça várias vezes.

— Frouxo. - meu irmão pegou a bola.

— Não sou frouxo.

— É sim. - meu primo sorriu.

— Tanto faz. - fiz um biquinho. — Vamos jogar bola! - sorri animado.

— Não... - Manuel falou. — Você está com o dente mole, é um bebê, pode acabar se machucando.

— Mas...mas jogamos ontem juntos... - parei de sorrir.

— Mas agora hoje é hoje. - Fernando deu ombros.

Os observei e neguei com a cabeça cruzando os braços.

— Injusto.

Não é não. - Manuel deu ombros se virando de costas para nós. — Venha nos procurar quando for homem.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora