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CHIARA BIANCHI

O teto acima de mim parecia um mar calmo e infinito, apenas uma extensão branca e imperturbável. Meus pensamentos, no entanto, estavam longe disso. O peso quente e confortável de Pedro sobre meu corpo me trazia de volta ao presente, enquanto ele beijava suavemente meu pescoço, pequenos toques delicados e cuidadosos. Seu carinho era inegável, os dedos deslizando pela minha cintura por dentro da blusa, explorando com gentileza, como se ele estivesse desenhando o contorno do meu corpo com cuidado.

Cada toque seu parecia um pedido de desculpa sem palavras, uma tentativa de reaproximação. Eu sabia que ele estava tentando fazer as pazes, nos aproximar de novo, mas algo dentro de mim ainda estava resistente. Olhei para o teto, tentando ignorar o aperto no peito, mas não conseguia. Aquela barreira invisível entre nós ainda estava ali. Não era algo que se quebrasse com um simples toque ou beijo. Ele tinha quebrado algo muito mais profundo, e, mesmo agora, com ele tão próximo, eu sentia que isso não se repararia tão facilmente.

De repente, dei um pulo, empurrando-o de cima de mim. Pedro olhou para mim com surpresa, o rosto dele estava com  preocupação, enquanto eu me sentava na cama e ria, tentando aliviar a tensão.

— O momento casal acabou, Pedro. - declarei sorrindo.

Ele franziu o cenho, claramente sem entender.

— Como assim acabou?

Respirei fundo, meu sorriso se desfazendo lentamente.

— Você vai ter que me reconquistar de novo. - dou ombros.

Pedro se afastou um pouco mais, ainda confuso, tentando absorver o que eu tinha acabado de dizer.

— Reconquistar? Tá falando sério? - me olhou. — Achei que fosse a confiança.

— No começo, eu não confiava totalmente em você. Eu fui ganhando essa confiança, Pedro, aos poucos, até que a gente ficou junto. E agora, essa confiança está quebrada, então... vai ter que reconquistar. - dei língua.

Pedro ficou me olhando, tentando entender, sua expressão suavizando com um suspiro derrotado. Ele se sentou na beirada da cama, esfregando o rosto com as mãos.

— Eu realmente tenho que começar do zero? - fez um biquinho.

Assenti, sentindo meu coração apertar ao vê-lo assim. Mas era o que eu precisava. Não era justo comigo simplesmente deixar as coisas passarem, como se nada tivesse acontecido. Ele precisava entender que não era algo que um carinho ou um beijo iria resolver.

Ele me olhou como se estivesse tentando processar aquilo, como se tentasse encontrar uma solução rápida, mas suspirou outra vez, resignado.

— O que eu não faço por você... - murmurou, quase como se estivesse falando consigo mesmo.
Soltei uma risada suave, me levantando da cama.

— Eu preciso ir para casa agora. - falei.

— O quê? Já? - reclamou.

— Sim. - respondi enquanto ajeitava minha roupa. — Eu marquei com a minha mãe de assistir a um filme hoje à noite.

Ele me olhou com uma sobrancelha levantada, estranhando a situação.

— Você e sua mãe assistindo a um filme juntas assim? Já estão melhores amigas?

— Quieto. - falei.

— Certo, vou te levar em casa. - se levantou.

Aceitei a carona com um aceno, e ele se levantou também, se aproximando de mim devagar. Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para um abraço apertado, enchendo meu rosto de beijos, cada um fazendo meu riso aumentar até eu não conseguir mais segurar.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora