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PEDRO GONZÁLEZ

— Eu esperava mais de você, Pedri. - Hansi Flick falou e eu suspirei.

— Me desculpe, eu ando meio...perturbado... - sussurrei.

— Bem, eu prezo muito pela a harmonia do vestiário. Pedri, eu aconselho a você a dar uma visita no psicólogo do clube, a sua reação me preocupou bastante. Eu não irei mais tolerar isso, principalmente por conta de assunto de namoradas. Eu peço para que você vá conversar com o Balde de maneira educada, respeitosa e pacífica,  para que não haja mais problemas no vestiário combinado? - ele me olhou.

— Combinado. - o olhei.

— Pode sair.

Me levantei saindo da sala do treinador. Eu me senti um completo idiota enquanto caminhava pelo corredor em direção ao Balde. A raiva tinha passado, o calor do momento já esfriara, e agora tudo o que restava era a vergonha. Eu tinha perdido o controle, explodido sem pensar. Sabia que tinha ido longe demais, e agora precisava consertar as coisas, de alguma forma.

Quando cheguei perto dele, Balde estava sentado no banco do vestiário, massageando o pescoço onde eu o tinha segurado. Ele não parecia com raiva, mas surpreso e talvez um pouco cauteloso. Os outros jogadores já tinham saído, o vestiário estava mais vazio, e o som da música alta que antes ressoava ali agora era apenas um eco distante.

— Balde... - comecei sentindo o peso das palavras que eu precisava dizer. — Me desculpa, cara. Eu... eu perdi o controle. - soltei um suspiro, me forçando a continuar. — Eu andei passando por um momento difícil, e... quando você falou da Chiara, eu... - balancei a cabeça, tentando encontrar as palavras certas. — Não deveria ter feito aquilo.

Balde olhou para mim, um pouco surpreso pela minha aproximação, mas depois assentiu, relaxando um pouco.

— Eu também sinto muito, Pedro. Se eu soubesse que era ela... Eu nunca teria falado daquele jeito. Não fazia ideia de que você e Chiara tinham alguma coisa, sério. - ele balançou a cabeça, como se estivesse refletindo sobre o que tinha acontecido. — E, olha, não vou mais encontrá-la, tá? Se soubesse que era ela, nem teria começado com isso.

Senti um alívio súbito ao ouvir aquilo. O estresse da situação ainda estava presente, mas as palavras de Balde me fizeram perceber que ele não tinha feito nada por mal. Ainda assim, a culpa continuava a me corroer. Eu havia estragado tudo com Chiara e, agora, estava estragando ainda mais coisas ao perder o controle.

— Terminamos há pouco tempo. - falei com a voz um pouco mais baixa. — E eu fiz uma besteira. Uma enorme besteira, na verdade. - senti a garganta apertar ao admitir aquilo. — Eu deixei tudo sair do controle, e... agora não sei como consertar as coisas com ela.

Balde me olhou por um momento, como se estivesse processando o que eu disse, e depois balançou a cabeça com um sorriso leve.

— Cara, vou ser bem sincero com você. - ele começou, ainda esfregando o pescoço onde eu o tinha segurado. — Chiara... Ela falou de você, sabe? Ela mencionou que ainda te amava muito. De verdade. E, se quer minha opinião, você deveria correr atrás dela. Não deixa essa oportunidade escapar. Chiara é uma garota incrível. E se você sabe disso mais do que eu - ele me deu um olhar firme. — não deixa que esse término seja o fim de tudo.

As palavras dele ecoaram na minha cabeça, e, por mais que eu já soubesse que Chiara era incrível, ouvir isso de outra pessoa reforçou ainda mais a gravidade do que eu tinha perdido.

— Eu sei... - murmurei. — Eu sei que ela é incrível.

Balde deu um pequeno sorriso e levantou-se, se aproximando de mim e dando um leve tapa no meu ombro, algo meio brincalhão, meio sério.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora