in the rain - pedri gonzález

69.

STARXDZ

O sol da tarde pairava sobre o campinho improvisado, onde Pedro e Manuel corriam com a energia que só meninos de nove anos conseguem ter.

— Vai, Pedro! Corre! - gritou Manuel jogando a bola para frente com um passe preciso.

Pedro sorriu determinado. Ele avançou com rapidez, a bola presa em seus pés. Era ágil, mas Manuel, sempre competitivo, se lançou na disputa. Em sua tentativa de tomar a bola, ele acabou estendendo o pé com força demais, desequilibrando Pedro, que caiu com um baque pesado no chão.

Um grito de dor escapou de Pedro ao tocar o chão, segurando o tornozelo. O jogo parou imediatamente. Manuel ficou paralisado por um segundo, os olhos arregalados em pânico, antes de correr até o primo.

— Pedro! Desculpa! Foi sem querer! - ele disse com a voz tremendo enquanto se ajoelhava ao lado de Pedro.

Pedro fazia uma careta, mas não chorava, embora seus olhos estivessem levemente marejados. Ele olhou para o primo, que já estava puxando a perna dele para ver o machucado.

— Tá doendo muito? - perguntou Manuel desesperado.

Pedro tentou sorrir, mesmo com o desconforto evidente.

— Só um pouco.

— Eu sou um idiota! - exclamou Manuel claramente aflito. Ele olhou ao redor, como se buscasse ajuda, antes de se levantar. — Fica aqui! Eu vou chamar sua mãe!

Antes que Pedro pudesse protestar, Manuel já estava correndo em direção à casa de Pedro, gritando o nome dela. Em poucos minutos, a mãe de Pedro chegou, ajudando o menino a se levantar e levá-lo para dentro. Manuel seguiu de perto, o rosto ainda marcado pela culpa.

Na sala de estar da casa de Pedro, o menino estava sentado no sofá com o pé apoiado em uma almofada e um saco de gelo sobre o tornozelo. Manuel estava ao lado dele, sentado na beirada do sofá, balançando as pernas nervosamente.

— Foi sem querer... - disse Manuel pela terceira vez, com a voz baixa e cheia de arrependimento. — Eu não queria te machucar, Pedro. Juro.

Pedro, apesar da dor, sorriu para tranquilizá-lo.

— Eu sei, Manuel. Foi só um acidente. - deu ombros.

Mas Manuel não parecia convencido.

— Mesmo assim... Eu devia ter sido mais cuidadoso. Eu... eu nunca quero te machucar. - abaixou a cabeça.

Pedro inclinou-se para frente colocando a mão no ombro do amigo.

— Eu sei disso, Manuel. Nunca pensei que você faria isso de propósito.

— Eu sempre vou te proteger. Sempre. Nunca mais vou deixar nada de ruim acontecer com você. - ele prometeu.

Pedro deu um sorriso largo e relaxado.

— E eu sei disso também. Mas, sabe, eu vou ficar bem. Não precisa se preocupar tanto. - olhou a perna.

— Eu me preocupo porque você é meu irmão, mesmo que não seja de sangue, mas tem sangue meu. - Manuel respondeu.

Aquelas palavras pegaram Pedro de surpresa, mas também o encheram de felicidade. Ele assentiu, segurando a mão de Manuel em um gesto que selava aquela promessa silenciosa entre eles.

— Você também é meu irmão. - disse Pedro com um brilho nos olhos.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, até que Manuel finalmente sorriu, relaxando um pouco.

— Tá... Mas você não vai contar pra ninguém que eu chorei, né? - ele perguntou preocupado. — Não quero que a Samara saiba.

— Eu vou contar pra ela que você chorou igual um bebê. - Pedro riu e Manuel bateu em sua perna machucada. — Ai seu lixo!