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CHIARA BIANCHI

Acordei com uma sensação diferente, algo quente e macio ao meu redor. Pisquei os olhos devagar, percebendo que estava na casa de meu noivo. Olhei para baixo e notei Pedro encolhido, aconchegado em mim. Eu era a conchinha maior dessa vez, com ele praticamente se moldando ao meu corpo. Tentei prender o riso ao ver como ele parecia confortável e tão vulnerável ao mesmo tempo.

Movi meus dedos delicadamente, passando a mão em suas costas em um gesto suave, sem intenção de acordá-lo. Era raro vê-lo assim, tão quieto e em paz, mas, para minha surpresa, ele se mexeu, dando sinais de que estava despertando.

— Desculpa. - sussurrei com a voz um pouco rouca do sono. — Não queria ter te acordado.

Ele abriu os olhos devagar, se espreguiçando um pouco sem se afastar de mim.

— Tudo bem... - ele murmurou. — Já estava acordando mesmo.

— Mentira. - eu ri olhando para ele com uma sobrancelha arqueada. — Você estava dormindo tão profundamente que quase dava para ouvir os sonhos.

Pedro sorriu de leve, aquele sorriso preguiçoso que me fazia querer continuar a manhã ali, abraçada com ele.

— Você nunca vai saber se era verdade ou não. - ele disse piscando para mim.

Eu balancei a cabeça rindo, antes de puxá-lo para um beijo rápido. Era um desses momentos em que o tempo parecia desacelerar, onde nada mais importava além de nós dois.

Mas o momento foi interrompido pelo toque irritante do meu celular. O som preencheu o quarto, cortando o silêncio confortável e Pedro soltou um resmungo.

— Esse celular sabe a hora certa de incomodar, hein? - ele disse virando-se de lado para se afastar um pouco. — Bem na hora oficial do chamego da manhã.

— Hora oficial do chamego? - perguntei rindo enquanto esticava o braço para pegar o celular na cômoda. — Essa é nova.

Ele apenas resmungou algo inaudível, ainda encolhido entre os travesseiros. Quando olhei para a tela, meu sorriso desapareceu. Era minha mãe ligando. Estranhei. Não era comum ela me ligar tão cedo, a não ser que algo tivesse acontecido.

— O que foi? - perguntei com uma leve preocupação enquanto atendia. — Está tudo bem?

Do outro lado da linha, a voz da minha mãe soou urgente.

Você precisa voltar para casa agora! - disse ela com a voz séria.

Meu coração deu um salto e me sentei na cama, sentindo a minha respiração acelerando.

— O que aconteceu? - perguntei já me preparando mentalmente para o pior.

O bebê da Emily... Ele está nascendo!

Minha mente ficou em branco por alguns segundos. O bebê era para fevereiro. Eu não estava preparada para isso agora.

— Mas... não é muito cedo? - perguntei ainda meio perdida.

Sim, é mais cedo do que esperávamos, mas ela acordou com dores e o médico disse que ele vai nascer agora. Vamos todos para a Inglaterra, seu pai já está comprando as passagens. Vem logo!

Desliguei o celular, tentando absorver a informação enquanto olhava para Pedro, que me observava com uma expressão confusa.

— O que houve? - ele perguntou já se sentando ao meu lado.

— Eu... preciso ir. Para a Inglaterra - respondi ainda tentando processar tudo.

— O quê? Por quê? - ele fez careta.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora