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CHIARA BIANCHI

Eu estava em um lugar estranho. Ao redor, tudo é branco, um branco que parece infinito e ao mesmo tempo acolhedor. A casa em que estou parece nova, mas diferente de qualquer outra que já vi. Não há móveis, apenas paredes que se estendem até desaparecer. Caminho por esse espaço, cada passo ecoando no vazio, enquanto me pergunto onde estou. O silêncio é profundo, quase reconfortante. Meus dedos deslizam pelas paredes lisas, tentando encontrar algo familiar, algo que me faça entender o que está acontecendo.

Então, vejo uma porta à minha frente. Ela é branca, como o resto do lugar, mas de alguma forma parece diferente. Há algo nela que me chama, algo que me diz que preciso abri-la. Meu coração acelera sem motivo aparente, e uma onda de ansiedade começa a se formar dentro de mim. Respiro fundo e estendo a mão para a maçaneta fria.

Assim que a porta se abre, eu paro, boquiaberta. Ali, parado à minha frente, está Lorenzo. Ele sorri, aquele sorriso que eu tanto conhecia, que sempre me trazia conforto e segurança. Seu rosto está sereno, como se tudo estivesse bem, como se o tempo não tivesse passado. Meus olhos se enchem de lágrimas instantaneamente. Eu corro para ele, os pés se movendo por conta própria. Não há dúvidas, apenas saudade e a necessidade desesperada de senti-lo perto de mim de novo.

— Lorenzo! - grito enquanto me lanço em seus braços.

Ele me acolhe com um abraço caloroso, firme, exatamente como antes.

— Também estava com saudade de você, Chiara. - ele sorriu. Ele me segura por um tempo, e eu sinto como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido, como se nada mais importasse além desse momento.

Finalmente, me afasto apenas o suficiente para olhar para ele.

— Como você está? - pergunto com minha voz trêmula. — Como você está aqui?

— Estou bem. — ele responde com aquela tranquilidade típica dele. — E eu nem preciso perguntar como você está. Tenho observado tudo. - ele sorri novamente.

Minhas lágrimas escorrem, mas desta vez são de alívio. Eu sorrio de volta. Lorenzo olha para baixo, para minha barriga. Seu sorriso se abre ainda mais.

— Tem um pequeno aí dentro, não é? - ele se ajoelha levemente, os olhos fixos na minha barriga, quase como se pudesse ver o bebê. — Vai fazer companhia pro Theo.

Eu sorrio acariciando a barriga com a mão.

— Sim... Ele também se chama Lorenzo - digo com a voz cheia de carinho.

Ele se levanta devagar rindo enquanto me abraçava de lado.

— Só pessoas incríveis têm esse nome. - se gabou.

Eu rio com ele, sentindo uma leveza que não sentia há tempos.

— E você está noiva do Pedro, não é? - depositou um carinho em meus ombros.

Assinto sorrindo um pouco tímida.

— Sim, estou. - respirei fundo. — Eu me livrei do Manuel e eu estou começando uma nova vida.

Lorenzo parece satisfeito, como se estivesse genuinamente contente por mim.

— Fico feliz por você, Chiara. Ele parece ser um bom homem para você. - apertou minha bochecha. — Eu gosto demais dele e vejo o quanto ele se esforça por você.

Eu fiquei em silêncio por um momento, apenas observando meu irmão. Há tanto que quero dizer, tanto que quero ouvir, mas as palavras parecem insuficientes. Ele se aproxima de novo, colocando a mão no meu ombro, e sua presença é reconfortante, como sempre foi.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora