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PEDRO GONZÁLEZ

Chiara gemeu sentada na beira da cama, com o corpo relaxado, mas o cansaço visível em seu rosto. Ela passou a mão sobre a barriga de sete meses, e um sorriso breve iluminou seu rosto enquanto eu me aproximava. Estava exausta, e, para ser honesto, eu nunca tinha visto alguém tão bonita ao mesmo tempo. Ela soltou um leve gemido novamente ao sentir minhas mãos em seus ombros.

— Está doendo aqui? - perguntei movendo os dedos sobre um ponto onde ela parecia mais tensa perto do pescoço.

Ela suspirou fechando os olhos.

— Sim... pode continuar. Faz isso para sempre?

Ri baixinho ajustando a pressão dos dedos nas costas dela.

— Infelizmente, "pra sempre" é pedir demais. Mas posso fazer até minhas mãos cansarem. - mostrei o beiço.

— Então, que cansem... - respondeu ela, sorrindo com os olhos ainda fechados.

Ficamos em silêncio por um tempo. Massageei suas costas, os ombros, subindo e descendo devagar, vendo-a relaxar aos poucos. Depois de alguns minutos, soltei as mãos e dei um leve tapinha nas costas dela.

Ela suspirou se virando para me encarar.

— Você não sabe como isso ajuda. Ser grávida é... complicado. - ela fez careta.

Eu sorri me abaixando para beijar o topo de sua cabeça.

— Eu percebi. Mas vou estar aqui com você o tempo todo, pra qualquer coisa.

Chiara me olhou, com um brilho surgindo em seus olhos.

— Qualquer coisa mesmo?

— Sim, qualquer coisa. - respondi certo de que estava preparado para o que quer que fosse.

Ela fez uma pausa dramática e, de repente, disse:

— Então, eu quero comer atum com ovo de Páscoa.

Franzi as sobrancelhas fazendo careta de nojo.

— Mas, Chiara, a gente não tá na Páscoa. Você sabe disso, né?

Ela balançou a cabeça dando de ombros.

— Quero mesmo assim.

Ri, tentando entender de onde tinha saído aquele desejo esquisito.

— Eu posso até arranjar o atum... e chocolate. Mas ovo de Páscoa... isso vai ser complicado. - cocei a nuca a observando.

Ela me olhou com uma carinha que eu sabia que ela iria insistir.

— Pedro, você prometeu que faria qualquer coisa por mim. - cruzou os braços virando o rosto.

E, de repente, ela começou a chorar. Um choro silencioso, mas angustiado, e eu senti um aperto no peito ao vê-la assim. Ela puxou o lençol, escondendo o rosto, e eu só pude suspirar derrotado.

— Tá bom, Chiara... eu vou dar um jeito, tá bom?

Ela espiou debaixo do lençol, com os olhos ainda cheios de lágrimas, e um sorriso se abriu no rosto. Ela me deu um beijo na bochecha.

— Eu te amo. - me abraçou.

Meu coração se aqueceu, e eu a abracei de volta, sussurrando que também a amava. Saí do quarto e, descendo as escadas, passei pela sala onde meus sogros estavam.

— Ela quer ovo de Páscoa... com atum - sigo com um suspiro.

— Boa sorte. - a mãe de Chiara riu.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora