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CHIARA BIANCHI

Entrei no carro de Pedro rapidamente, fechando a porta atrás de mim com um suspiro pesado. O som do motor me cercava, abafando por um momento o caos dos meus pensamentos. Assim que me sentei, me virei para ele e, sem pensar muito, me inclinei e dei um beijo em sua boca. Foi um beijo rápido.

Pedro correspondeu, mas quando me afastei, ele me olhou com uma preocupação evidente nos olhos. Ele sempre conseguia ler as minhas emoçõe.

— O que aconteceu? - ele perguntou segurando meu rosto delicadamente.

Eu fiquei quieta por alguns segundos, tentando encontrar as palavras certas. Mas, ao invés disso, senti as lágrimas começarem a se acumular nos meus olhos. Tudo o que eu vinha tentando segurar dentro de mim, a preocupação, o medo, começou a escapar de uma vez.

— É meu pai. - consegui dizer, minha voz quebrada. — Eu estou muito preocupada com ele, Pedro. Ele está no hospital, e... ele está tão fraco.

As palavras saíram entrecortadas, e eu não consegui mais segurar as lágrimas. Elas caíram silenciosamente pelo meu rosto, e antes que eu percebesse, eu já estava chorando, soluçando, enquanto a dor que vinha tentando ignorar me inundava completamente.

Pedro se aproximou, seus braços fortes me envolvendo e me puxando para perto dele. Senti seu calor me cercar, e aquilo me trouxe um pouco de conforto, mas não era suficiente para afastar o medo.

— Vai ficar tudo bem, tá? Seu pai vai sair dessa, ele vai sair do hospital. - sussurrou.

Eu queria acreditar nele, queria aceitar aquelas palavras e deixá-las acalmar meu coração. Mas a incerteza, a realidade de ver meu pai tão vulnerável, era esmagadora.

— Mas e se ele não melhorar, Pedro? - perguntei — E se... se ele não sair do hospital?

Pedro apertou o abraço, sua mão acariciando suavemente meu cabelo enquanto eu chorava contra seu peito.

— Ele vai melhorar, Chiara. Eu sei que vai. Ele é forte, igual a você. E você não está sozinha nessa, tá bom? Eu estou aqui com você, e vou estar aqui, não importa o que aconteça. - beijou minha testa.

Eu me agarrei a ele, deixando suas palavras me envolverem, tentando acreditar nelas. Aos poucos, as lágrimas começaram a diminuir, mas a dor ainda estava lá, apenas um pouco mais adormecida.

Pedro continuou me segurando, sem pressa, sem dizer mais nada, e naquele silêncio, eu encontrei um pouco de paz.

[...]

Desci do carro assim que Pedro estacionou e suspirei fechando a porta. O moreno deu a volta no carro, chegando ao meu lado. Não precisávamos de palavras, apenas olhares e gestos. Segurei sua mão, um gesto familiar e, ao mesmo tempo, proibido por estarmos em um lugar que com muitas pessoas. Estávamos no shopping para escolher o terno que Pedro iria usar no casamento.

Enquanto caminhávamos, resolvi olhar em voltar até encontrar a fachada elegante. A vitrine era moderna, exibindo ternos impecáveis, era a loja ideal para Pedro escolher o terno que usaria no meu casamento.

Conforme nos aproximávamos da entrada, um desconforto silencioso começou a tomar conta de mim. Eu sentia como se alguém estivesse nos observando, como se olhos curiosos estivessem fixos em nós, analisando cada movimento. Era uma sensação perturbadora, mas não era a primeira vez que a experimentava. Desde que começamos a nos envolver, essa impressão de sermos observados se tornara uma presença constante.

Talvez seja só o medo de alguém nos flagrar.

Pedro notou minha hesitação. Nossos passos diminuíram, e ele, sempre atento, soltou minha mão de forma quase imperceptível, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Eu olhei para ele, e nossos olhares se encontraram por um breve instante.

in the rain - pedri gonzález Onde histórias criam vida. Descubra agora