O terror que me dominava naquele momento era sufocante. Cada respiração parecia raspar em minha garganta, como se o ar ao meu redor estivesse se tornando mais denso, mais difícil de respirar. Ele estava lá fora, observando, e a sensação de estar sendo vigiada penetrava fundo em minha mente, como uma agulha enfiada direto no meu cérebro. Meus dedos tremiam enquanto seguravam o celular, e a ideia de ver mais uma mensagem dele me fazia sentir que ia desmoronar.
Mas eu precisava olhar.
Com os dedos trêmulos, desbloqueei o celular. O ícone de uma nova mensagem brilhava na tela, me chamando, me forçando a encarar o medo.
"Não tenha medo, minha garota. Estou aqui para te proteger."
Li aquelas palavras repetidamente, tentando encontrar algum consolo na promessa perversa que ele fazia, mas só encontrava mais desespero. Como alguém podia achar que me aterrorizando assim seria uma forma de proteção?
“Por favor, me deixe em paz,” digitei, as palavras mal sendo visíveis através das lágrimas que começavam a embaçar minha visão. Enviei a mensagem antes que pudesse hesitar, antes que o medo de provocá-lo me paralisasse.
A resposta chegou quase instantaneamente, como se ele estivesse esperando minha súplica. “Eu não posso fazer isso, minha garota. Você é minha agora. Tudo o que faço é para o seu bem.”
Um soluço escapou de minha garganta. Eu queria gritar, correr para Bak e contar tudo, mas a ameaça pairava sobre mim como uma sombra. Se eu fizesse algo errado, ele machucaria as pessoas que eu amava. E, no fundo, eu sabia que ele estava falando sério.
Meus olhos voltaram a se fixar na janela, onde a figura sombria estava antes. Agora, ele havia desaparecido. O alívio foi momentâneo, substituído rapidamente pela consciência de que ele podia estar em qualquer lugar.
Outra mensagem surgiu na tela.
“Gostou do presente? Fico feliz em ver que está usando a xícara.”
O horror da situação se intensificou. Ele sabia, ele tinha visto, mesmo quando eu estava dentro de casa, em meu suposto lugar seguro. As paredes que antes me protegiam agora pareciam estar contra mim, revelando cada detalhe da minha vida para aquele estranho.
Meus dedos digitavam sozinhos, sem que minha mente conseguisse raciocinar. “Você está me assustando. Por favor, pare.”
Dessa vez, a resposta demorou um pouco mais. Eu quase comecei a relaxar, mas quando o celular vibrou, meu coração voltou a bater descontroladamente.
“Assustando? Eu só quero o seu bem, meu amor. Não há nada para temer. Vou garantir que nada te machuque. Mas você precisa confiar em mim.”
Confiança. A palavra ecoou na minha cabeça, vazia e sem sentido. Como ele podia falar de confiança quando eu mal conseguia respirar de tanto medo?
Meu corpo estava em piloto automático. Sem perceber, comecei a andar pela casa, checando portas e janelas, trancando tudo o que podia. Mas não importava o quanto eu trancasse, o quanto eu me escondesse – a verdade cruel era que ele já tinha me cercado. Eu estava presa, e ele tinha as chaves.
Eu me encostei na porta do meu quarto, o único lugar onde eu ainda sentia um mínimo de segurança. Mas até isso era uma ilusão. O celular vibrou novamente.
“Não adianta se esconder, minha garota. Eu sempre vou te encontrar. Mas está tudo bem, não vou te machucar. Você só precisa seguir o que eu digo, e tudo vai ficar bem.”
Eu estava cansada, exausta, sentindo que qualquer resistência era inútil. Ele tinha todas as cartas, e eu... eu só podia fazer o que ele mandava, ou arriscar perder tudo.
Mais uma mensagem chegou, mas dessa vez eu não queria ver. Eu não podia. A pressão de saber que ele estava me observando, me controlando, estava esmagando o pouco que restava da minha sanidade.
Mas eu olhei. Porque, no fundo, eu sabia que não podia ignorá-lo.
“Agora, seja uma boa menina e vá descansar. Eu estarei por perto, como sempre. Dorme bem, minha garota.”
Eu estava derrotada. Não tinha forças para lutar, nem para continuar a me esconder. Me arrastei até a cama, deitando com o celular ainda na mão, como se fosse uma âncora que me prendia à realidade. Fechei os olhos, mas o sono não vinha. Cada pequeno ruído fazia meu coração saltar, e a imagem dele, lá fora, me vigiando, era tudo o que eu conseguia ver.
Mesmo quando finalmente sucumbi ao cansaço, não encontrei alívio. No meu sonho, ele estava lá, sempre à espreita, sussurrando palavras que eu não conseguia entender, mas que me enchiam de um pavor profundo.
E assim, enquanto a escuridão da noite tomava conta, eu sabia que, mesmo em meus sonhos, não havia mais escapatória. Ele estava comigo, em todos os lugares, em cada pensamento. E eu não tinha mais controle sobre nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Stalker-Loud Thurzin
Fanfiction"não traía seu boy killer" "S/N Lessa, uma jovem que sempre viveu à sombra de seu irmão, um dos maiores CEOs de São Paulo, nunca imaginou o quão drasticamente sua vida mudaria. Depois de anos estudando na Coreia do Sul, ela retorna ao Brasil aos 17...