capitulo 17

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Quando cheguei em casa, o alívio momentâneo que senti ao sair da escola logo foi substituído por um peso opressivo. Cada canto da casa parecia carregar um vestígio dele, como se a presença do stalker estivesse impregnada nas paredes, nos móveis, em cada sombra que se estendia pelo chão.

Bak me observava de perto, como se estivesse esperando que eu desmoronasse a qualquer momento. Eu sabia que ele estava tentando ser forte por mim, mas a preocupação em seu rosto era impossível de ignorar.

“Vai querer descansar um pouco, pequena? Ou quer fazer algo para distrair a cabeça?” Bak perguntou, a voz gentil, mas carregada de tensão.

“Eu… acho que vou só descansar no meu quarto, Bak. Foi um dia longo,” respondi, tentando esconder o cansaço na minha voz.

Bak assentiu, sem insistir. “Tudo bem. Se precisar de mim, estou aqui, ok?”

Subi as escadas, cada degrau parecia mais pesado que o anterior. Quando finalmente fechei a porta do quarto atrás de mim, o silêncio era quase ensurdecedor. Sentei na beira da cama, olhando para o celular, sentindo o estômago revirar. Sabia que ele poderia mandar uma mensagem a qualquer momento.

E ele não demorou.

O celular vibrou na minha mão, a tela acendeu com o nome que me causava tanto terror quanto fascínio: "Boy Killer".

“Chegou bem em casa, princesa? Estava observando você o tempo todo. Você estava tão bonita hoje, mas detesto quando outros olham para você. Só eu tenho esse direito.”

Meus dedos tremiam enquanto lia. Parte de mim queria jogar o celular longe, mas outra parte, talvez mais perturbadora, queria responder, queria entender por que ele fazia isso, por que eu. Mas sabia que não era seguro dar espaço para esses pensamentos.

Larguei o celular sobre a cama, tentando afastar o pânico que começava a crescer em mim. Olhei ao redor do quarto, procurando algum sinal de que ele poderia ter estado aqui novamente. Mas tudo parecia normal. Normal demais.

Mais uma vibração. Outro texto dele.

“Você deve estar se perguntando onde estou agora, não é? Não se preocupe, estou mais perto do que você imagina. Não esqueça, estou sempre com você, mesmo quando não pode me ver.”

Senti um arrepio subir pela espinha. Cada palavra era calculada, cada frase parecia destinada a me manter no limite entre o medo e a dúvida.

Decidi responder, mesmo com a voz tremendo. “O que você quer de mim? Por que está fazendo isso?”

Ele respondeu quase imediatamente. “Eu quero você, S/n. Sempre quis. E agora que te encontrei, não vou te deixar. Você pertence a mim, só a mim. E não há nada que possa mudar isso.”

A bile subiu à minha garganta. Estava apavorada, mas havia uma parte de mim, uma pequena e aterrorizante parte, que começava a se acostumar com isso, a aceitar que ele estava sempre lá, na minha sombra, como uma presença inevitável.

Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos, mas antes que pudesse responder, ouvi uma batida suave na porta. Pulei de susto, mas logo reconheci a voz de Bak do outro lado.

“S/n? Posso entrar?”

“Claro, Bak,” respondi, tentando parecer tranquila.

Ele entrou no quarto, me observando por um momento antes de falar. “Eu sei que você quer descansar, mas... você está realmente bem? Parece tão distante…”

“Eu estou… tentando lidar com tudo isso, Bak. É difícil, mas estou tentando,” admiti, sentindo os olhos se encherem de lágrimas.

Bak suspirou, sentando-se ao meu lado na cama. “Eu queria poder fazer mais por você. Queria poder resolver isso, mas… você sabe que precisamos ser cuidadosos. Eu só quero que você saiba que estou aqui, não importa o que aconteça.”

Aquelas palavras, ditas com tanta sinceridade e preocupação, me fizeram querer desabar ali mesmo, mas eu não podia. Não quando sabia que cada fraqueza minha era uma vitória para o stalker.

“Obrigada, Bak. Eu não sei o que faria sem você,” murmurei, encostando a cabeça em seu ombro.

Ele ficou em silêncio por um momento, antes de se levantar e me dar um beijo na testa. “Vou estar na sala se precisar de mim. Tenta descansar um pouco, tá?”

Assenti, observando-o sair do quarto. Quando a porta se fechou novamente, olhei para o celular. Nada de novas mensagens, mas sabia que ele estava lá, esperando. Sempre esperando.

A noite se aproximava novamente, trazendo com ela a escuridão que agora parecia estar tão entrelaçada à minha própria vida. Fechei os olhos, tentando me preparar para o que estava por vir, mas sabia que não havia como me preparar realmente.

Ele estava sempre um passo à frente, e a única coisa que eu podia fazer era tentar sobreviver ao próximo dia.

continua

Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora