capitulo 16

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O sol invadia suavemente o quarto através das cortinas semiabertas, anunciando um novo dia. Eu estava encolhida sob as cobertas, tentando afastar os eventos da madrugada anterior, mas a lembrança dele, da sua presença, era algo impossível de ignorar. Respirei fundo, sentindo o coração ainda acelerado, e me forcei a levantar.

Assim que coloquei os pés no chão, a porta do quarto se abriu. Bak apareceu, seu semblante preocupado, mas tentando disfarçar com um sorriso.

"Bom dia, pequena," ele disse, tentando soar casual. "Infelizmente, hoje você vai ter que ir para a escola."

Meu coração afundou ao ouvir isso. A ideia de enfrentar o mundo lá fora, depois de tudo o que tinha acontecido, parecia insuportável. Mas eu sabia que não tinha escolha.

"Eu sei..." murmurei, sem muita convicção, enquanto olhava para ele.

Bak se aproximou, tocando meu ombro com suavidade. "Fiz um café da manhã para você. Vem comer, você precisa estar forte."

Assenti, me levantando devagar. Enquanto me dirigia à cozinha, senti o peso do mundo em meus ombros, mas o cheiro do café recém-feito e do pão torrado trouxe uma pequena dose de conforto.

Na mesa, havia frutas, ovos mexidos e torradas. Bak tinha preparado tudo com tanto cuidado que quase me senti culpada por não conseguir apreciar. Ele me observava com atenção, mas evitou fazer perguntas que sabia que eu não estava pronta para responder.

Peguei o celular para ver as horas e, como esperado, havia uma nova mensagem. Meu corpo enrijeceu ao ler o texto.

"Bom dia, minha princesa. Espero que tenha dormido bem. Estarei com você o dia inteiro, mesmo que você não me veja."

A tensão no meu corpo era palpável, mas forcei um sorriso para Bak enquanto guardava o celular. Ele percebeu, mas não disse nada. Eu sabia que ele estava tentando me proteger do jeito que podia, e a última coisa que queria era preocupar ainda mais meu irmão.

Depois do café, fui me arrumar. Vesti o uniforme escolar, cada movimento meu pesado, como se estivesse prestes a enfrentar uma batalha. Bak me esperava na sala, pronto para me levar.

O caminho até a escola foi silencioso. Eu observava a cidade pela janela do carro, sentindo uma mistura de medo e resignação. Bak mantinha o olhar firme na estrada, mas sua preocupação era evidente.

Quando chegamos à escola, Bak estacionou e virou-se para mim, segurando minha mão por um momento. "Se precisar de qualquer coisa, me liga. Não hesite, ok?"

Assenti, tentando sorrir. "Eu vou ficar bem, Bak."

Entrei na escola, e logo Thaiga veio até mim, o cabelo ruivo brilhando à luz do sol. Ela me abraçou, a preocupação estampada em seus olhos.

"S/n, você está bem? Ontem...  Por que não  veio à escola?"

Arthur também se aproximou, a expressão tensa. "Nós ficamos preocupados. Tem certeza que está tudo bem?"

Respirei fundo, sentindo as palavras travarem na garganta, mas sabia que precisava falar. "Ontem... foi difícil. O Stalker... ele esteve no meu quarto."

Os olhos de Thaiga se arregalaram de choque, enquanto Arthur cerrou os punhos, a raiva evidente. "No seu quarto? E você está aqui hoje? Por que não chamou a polícia?"

Eu olhei para baixo, sentindo as lágrimas ameaçarem. "Ele me ameaçou, Arthur. Disse que se eu chamasse a polícia, ele machucaria o Bak. Eu não podia arriscar."

Thaiga me abraçou com força. "Isso é horrível, S/n. Você não deveria estar aqui... deveria estar segura em casa."

Arthur assentiu, a expressão séria. "Esse cara é perigoso. Temos que fazer algo, mas... eu entendo que você esteja com medo."

Passamos o resto do dia juntos, e embora eu tentasse me concentrar nas aulas, era impossível ignorar as mensagens constantes que chegavam. A cada toque do celular, meu coração pulava. Ele estava lá, sempre presente, mesmo quando não podia vê-lo. As mensagens variavam de doces declarações a ordens sobre onde eu deveria estar e com quem eu deveria falar.

Thaiga e Arthur fizeram o possível para me distrair, mas eu sabia que eles também estavam preocupados. A tensão era constante, uma sombra que pairava sobre nós.

Quando o último sinal tocou, sinalizando o fim do dia, senti uma pequena onda de alívio. Estava exausta, mentalmente e fisicamente, mas sabia que o verdadeiro desafio começaria quando voltasse para casa.

Bak me esperava no carro, seu olhar apreensivo, mas ele tentou manter o tom leve. "Pronta para ir para casa, pequena?"

Eu assenti, forçando um sorriso. Mas, por dentro, sabia que o dia ainda não tinha terminado. Sabia que ele estava lá fora, observando, esperando.

E a noite estava por vir.

Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora