capitulo 28

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Depois de combinar o encontro com Matheus, passei o restante das aulas tentando ignorar a inquietação que crescia dentro de mim. Thaiga continuava falando, mas eu apenas acenava e sorria, tentando parecer mais presente do que realmente estava. O rosto de Matheus, seu sorriso tímido, continuavam surgindo na minha mente. E junto com ele, o pressentimento de que eu estava caminhando para algo que não poderia controlar.

Assim que o último sinal tocou, despedi-me de Thaiga e fui para o portão da escola. Matheus já estava lá, encostado em uma árvore, mexendo no celular. Ele parecia um pouco nervoso, e isso de alguma forma me confortou. Pelo menos, eu não era a única.

Matheus: Oi, S/n! — Ele levantou a cabeça e sorriu ao me ver. — Pronta para o sorvete?

S/n: Oi! Pronta sim! — Respondi, tentando ignorar o nó no estômago.

Caminhamos lado a lado até a sorveteria mais próxima. Matheus tentou puxar conversa, falando sobre as aulas, hobbies e coisas triviais, mas eu mal conseguia focar no que ele dizia. Meu olhar continuava se desviando para os arredores, como se esperasse ver alguém nos seguindo. O stalker. Essa ideia não saía da minha cabeça.

Chegamos à sorveteria e fizemos nossos pedidos. Matheus escolheu chocolate, enquanto eu peguei flocos , meu favorito. Sentamos em uma mesa próxima à janela, e eu tentei me acalmar. Ele parecia tão normal, tão... inofensivo. Talvez isso fosse o que eu precisava, um pouco de normalidade em meio ao caos que minha vida havia se tornado.

Matheus: Então... — Ele começou, olhando para o sorvete e depois para mim. — Eu queria te dizer uma coisa.

Minha respiração ficou presa no peito. Não estava pronta para isso. Queria levantar e sair correndo, mas permaneci imóvel, forçando um sorriso.

S/n:O que foi, Matheus?

Matheus:Bem... Eu sei que a gente não se conhece muito, mas... eu gosto de você. — Ele disse, rapidamente, como se quisesse se livrar logo das palavras. — E eu estava pensando... se você gostaria de sair comigo mais vezes.

Seu rosto corou, e ele desviou o olhar, claramente envergonhado. Meu coração disparou. Isso estava indo rápido demais. Eu não queria machucar os sentimentos dele, mas também não sabia o que dizer. A imagem do stalker surgiu em minha mente, e eu senti um frio na espinha.

S/n: Matheus, eu... — Comecei, tentando encontrar as palavras certas. — Você é um cara legal, e eu gosto de você também, mas... tem muita coisa acontecendo na minha vida agora. Não quero que você se envolva nisso.

Ele me olhou, confuso.

Matheus:Do que você está falando? Você está bem?

Hesitei, olhando pela janela, sentindo como se estivesse sendo observada. A sensação era sufocante. Voltei meu olhar para Matheus, que agora estava genuinamente preocupado.

S/n:Eu não sei como explicar... — Minha voz era quase um sussurro. — Só sei que não quero que você se machuque por minha causa.

Matheus franziu a testa, claramente preocupado.

Matheus:S/n, você está me assustando. Se tem algo te incomodando, você pode me contar. Eu quero ajudar.

Antes que eu pudesse responder, senti meu celular vibrar na bolsa. Meu coração pulou uma batida. Retirei o aparelho e vi uma notificação. Uma nova mensagem de um número desconhecido.

"Você está se divertindo? Cuidado com suas escolhas, S/n."

Meu corpo congelou, e o sorvete que eu segurava escorregou dos meus dedos, caindo na mesa. Matheus arregalou os olhos.

Matheus:S/n, o que foi? — Ele perguntou, tentando pegar meu celular.

Imediatamente puxei o aparelho para longe, levantando-me de repente, quase derrubando a cadeira no processo. Minha mente estava em completo pânico.

S/n:Eu... eu preciso ir. — Minhas palavras saíram trêmulas, e senti o rosto de Matheus mudar de preocupação para desespero.

Matheus:S/n, espera! — Ele levantou-se também, tentando me segurar pelo braço. — O que está acontecendo?

Olhei para ele, os olhos dele cheios de uma mistura de confusão e dor, e soube que não podia arrastá-lo para isso. Eu precisava sair dali, precisava me afastar antes que algo pior acontecesse.

S/n: Desculpa, Matheus. Eu não posso explicar agora. — Minha voz quase falhou. — Por favor, esqueça o que aconteceu aqui.

Antes que ele pudesse responder, virei-me e saí correndo da sorveteria, com o coração martelando no peito. Meu estômago se revirava, e as lágrimas ameaçavam cair, mas eu precisava me manter firme.

Enquanto corria pelas ruas, sentia os olhos em mim. Sabia que estava sendo observada. O stalker estava por perto.

Finalmente, quando alcancei uma esquina deserta, parei, tentando recuperar o fôlego. O celular ainda em minha mão parecia pesar uma tonelada. Eu o segurei com força, meus dedos tremendo. Não poderia continuar assim. Eu tinha que fazer algo, tinha que encontrar uma maneira de sair dessa situação antes que ela destruísse não apenas a mim, mas também as pessoas ao meu redor.

Meu coração estava apertado, e pela primeira vez, percebi o quão perigoso era o jogo que eu estava jogando.

Contínua

Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora