capitulo 22

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Acordei lentamente, ainda sentindo o peso do sono em meus olhos. A sala estava silenciosa, com a luz suave da tarde entrando pelas janelas. Eu não sabia por quanto tempo havia dormido, mas a sensação de algo errado persistia. Levantei-me devagar, sentindo os músculos relaxados, mas a mente ainda alerta.

Bak estava sentado na poltrona ao lado, assistindo a algo na TV, mas seus olhos me observavam de canto, como se ele estivesse esperando que eu acordasse. Ao perceber que eu havia me mexido, ele desligou a TV e se inclinou para frente, seus olhos sérios.

"Você dormiu bem?" ele perguntou, sua voz suave, mas carregada de preocupação.

"Sim," murmurei, sentando-me e esfregando os olhos. "Acho que eu precisava disso."

Ele assentiu, mas sua expressão não mudou. Sabia que ele estava preocupado comigo, mas era difícil explicar tudo o que estava acontecendo. Como eu poderia contar a ele sobre os encontros na calada da noite? Sobre o medo que parecia sempre à espreita, mesmo nos momentos mais comuns?

"Você parece mais descansada," ele comentou, tentando sorrir. "Eu... estava pensando em pedir uma pizza para o jantar. Que tal?"

"Pizza parece ótimo," eu respondi, tentando sorrir de volta. "Estou morrendo de fome."

Bak se levantou, pegando o celular para fazer o pedido, mas antes de sair da sala, ele se virou para mim, seu olhar mais sério do que antes.

"S/N," ele começou, hesitando por um momento. "Eu sei que algo está te incomodando. Você pode me contar, sabe disso, certo?"

Meu coração deu um salto, mas forcei um sorriso e balancei a cabeça.

"Eu sei, Bak. Mas estou bem, de verdade. Só... medo do stalker"

"não se preocupe " ele disse finalmente. " estou aqui."

"Eu sei," respondi, sinceramente grata, mas também consciente de que havia muito que ele não poderia entender. Ele saiu da sala para fazer o pedido, deixando-me sozinha com meus pensamentos.

Enquanto esperava, peguei meu celular e o desbloqueei. Havia uma nova mensagem dele, do Stalker. Meu coração acelerou, como sempre acontecia quando eu via o nome dele na tela.

"Você está linda hoje, meu amor. Eu adoraria estar aí com você agora."

Meu estômago revirou. Ele sempre sabia. Sempre sabia como eu estava, o que estava vestindo, o que estava fazendo. A ideia de que ele poderia estar me observando, mesmo agora, fazia meu sangue gelar. Respondi de forma breve, tentando manter a calma.

Estou cansada. Tive um dia longo.

Sua resposta veio quase instantaneamente.

"Eu sei, minha querida. Queria poder estar aí para cuidar de você. Mas estarei sempre por perto, te protegendo."

Eu não sabia o que responder a isso. A mistura de medo e, de certa forma, conforto que essas palavras traziam era desconcertante. Parte de mim queria acreditar nele, que ele realmente estava me protegendo. Mas a realidade de sua obsessão era sempre assustadora.

Bak voltou à sala, me arrancando dos meus pensamentos. Ele parecia mais tranquilo, sorrindo ao se sentar ao meu lado novamente.

"A pizza vai demorar um pouco," ele disse, inclinando-se para trás na poltrona. "Que tal assistirmos algo enquanto esperamos?"

Eu assenti, agradecida pela distração. Ele ligou a TV novamente e começou a procurar algo para assistirmos, mas minha mente ainda estava longe, presa nas palavras do Stalker.

Enquanto o programa começava, encostei minha cabeça no ombro de Bak, tentando aproveitar o momento de normalidade, mesmo sabendo que essa paz era apenas temporária. Eu sabia que o Stalker sempre voltaria, sempre estaria presente, mesmo quando ele não estivesse fisicamente ao meu lado.

E, no fundo, eu não sabia o que era mais aterrorizante: o medo que ele trazia ou a parte de mim que começava a se acostumar com sua presença, a depender dela.

O resto da noite passou devagar, mas tranquila. Comemos a pizza em silêncio, e depois de um tempo, fui para o meu quarto, tentando não pensar nas mensagens, nos encontros noturnos, nas palavras dele.

Deitada na cama, ouvi Bak se movimentando pela casa, certificando-se de que tudo estava trancado antes de ir dormir. Quando ele finalmente apagou as luzes, o silêncio tomou conta da casa. Fiquei deitada, olhando para o teto, meu coração acelerado, esperando. Sabendo que, em algum momento, ele poderia aparecer de novo.

Fechei os olhos, tentando forçar o sono, mas o som familiar de uma notificação me fez abrir os olhos imediatamente. Peguei o celular do criado-mudo, com as mãos trêmulas, e vi a mensagem que tanto esperava e temia.

"Boa noite, meu amor. Sonhe comigo."

De repente, senti o peso de tudo cair sobre mim. Deitei o celular de volta, me encolhendo na cama, desejando que o sono viesse rápido, desejando que, por uma noite, eu pudesse escapar da realidade em que me encontrava presa.

Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora