capítulo 5 "muito perto"

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Depois que Bak saiu da cozinha, o silêncio pesou como uma pedra no meu peito. A cada segundo que passava, meu pânico só crescia. Eu sabia que precisava fazer alguma coisa, mas o medo de colocar a vida das pessoas que eu amava em risco me paralisava.

Fiquei alguns minutos parada, tentando controlar a respiração, mas meu coração continuava a bater descompassado. Meu celular, que estava sobre a mesa, vibrava novamente. Eu sabia que era ele, mas mesmo assim, minha mão tremeu ao pegar o aparelho.

A mensagem estava lá, me esperando, como um predador espreitando sua presa.

“Boa menina. Vi que obedeceu. Eu gosto disso. Agora, por que não tira o dia para descansar? Eu cuido de tudo.”

Engoli em seco, a mão apertando o celular com força. Como ele sabia o que eu estava fazendo? Como ele podia me ver? A paranoia começou a crescer, e me vi olhando ao redor, procurando por câmeras ou qualquer sinal de que estava sendo vigiada.

Mas não havia nada. Apenas as paredes da minha casa, o lugar que deveria me fazer sentir segura, agora parecendo uma prisão.

Eu precisava responder. Se não fizesse isso, ele poderia achar que eu estava planejando algo, que eu iria contar a alguém. E as consequências… Eu não podia nem pensar nisso.

“Estou cansada. Acho que vou descansar um pouco,” digitei, tentando manter as mãos firmes.

“Boa escolha, meu amor. Sonhe comigo.” A resposta veio rápido, quase instantânea, como se ele estivesse esperando que eu respondesse. Cada palavra que ele usava me fazia sentir um misto de repulsa e terror.

Afastei o celular e me sentei à mesa, tentando pensar em qualquer coisa que pudesse fazer para sair dessa situação. Mas cada plano, cada ideia que surgia, era imediatamente destruída pela lembrança da ameaça que ele fez. Eu estava presa, sem saída.

Pouco tempo depois, Bak entrou na sala novamente, agora com um olhar decidido, preocupado. Ele se sentou ao meu lado, observando-me com olhos atentos.

“Você não parece nada bem, pequena. Eu sei que você disse que estava tudo bem, mas... não consigo acreditar nisso. Você pode falar comigo, sabe disso, né?”

Eu queria tanto contar. Queria abrir meu coração e chorar nos braços dele, mas a imagem dele, ferido por minha causa, era insuportável. Respirei fundo, lutando contra as lágrimas.

“Bak, eu... só estou me sentindo meio estranha. Talvez seja só o cansaço da viagem, sabe? Muita coisa mudou em pouco tempo.”

Ele não parecia convencido, mas deu um pequeno sorriso, tentando me confortar. “Eu entendo. É muita coisa para processar de uma vez. Mas lembra que eu estou aqui para o que você precisar, tá?”

Eu assenti, evitando seu olhar. “Obrigada, Bak. Eu vou ficar bem.”

Ele suspirou, ainda me estudando, como se tentasse ler a verdade por trás das minhas palavras. “Tudo bem, pequena. Mas se qualquer coisa acontecer, você me chama, tá bom?”

“Tá bom,” murmurei, sentindo o nó na garganta crescer.

Quando Bak se levantou e foi para o quarto dele, eu quase cedi. Quase corri atrás dele para contar tudo, mas as palavras do stalker ecoaram na minha mente, congelando meus pés no chão.

Tentei me distrair o resto do dia, mas nada funcionava. Cada ruído, cada notificação no celular, me fazia saltar. Eu estava à beira do pânico constante, e a pior parte era que não podia confiar em ninguém.

O tempo passou devagar, cada minuto se arrastando em uma tortura silenciosa, até que o sol começou a se pôr. A casa estava mergulhada em uma penumbra assustadora quando ouvi um barulho na janela da sala.

Meu corpo ficou rígido, e meu coração começou a bater descontroladamente. O som era fraco, mas inconfundível. Como se algo, ou alguém, estivesse arranhando o vidro.

Respirei fundo, tentando me convencer de que era só minha imaginação. Mas, lentamente, fui até a janela, movida pela necessidade de saber.

Quando puxei a cortina, a visão do lado de fora fez meu sangue gelar.

Lá estava ele. Uma figura sombria do outro lado da rua, parado, imóvel, me observando. A rua estava vazia, exceto por ele. E mesmo na escuridão crescente, eu podia sentir o peso do olhar dele em mim.

Meus olhos se arregalaram, e o terror absoluto tomou conta de mim. Voltei para trás, tropeçando no tapete, enquanto meu celular vibrava mais uma vez na mesa.

Com as mãos tremendo, peguei o aparelho e olhei a mensagem que acabara de chegar.

“Eu te disse que estou sempre cuidando de você. Não se preocupe, meu amor. Ninguém vai te machucar enquanto eu estiver aqui.”

Meu corpo inteiro tremia, e a sensação de estar completamente indefesa me dominou. Eu estava presa em um pesadelo, sem saber como escapar. E a única coisa que eu sabia com certeza era que ele estava perto. Muito perto.

continua

Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora