capitulo 45

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O tempo passou voando. Três semanas para o fim das aulas, e o clima na escola estava mais tenso do que nunca. Era época de provas finais, e Milena, Thaiga, Arthur e eu estávamos atolados de estudos. As últimas semanas haviam sido um turbilhão de revisões, simulados e noites mal dormidas. Ninguém queria fechar o ano com notas baixas, e isso pesava nos ombros de todo mundo.

Na sala de aula, os professores pareciam em uma maratona para terminar o conteúdo, enquanto a pilha de trabalhos e exercícios só crescia. Os intervalos, antes animados com risadas e conversas despreocupadas, agora eram preenchidos por livros abertos e murmúrios nervosos sobre fórmulas de matemática e datas históricas.

Arthur e eu tínhamos transformado a biblioteca em nosso segundo lar. Ele estava focado nas provas de física e matemática, duas das matérias que mais exigiam dele. Eu, por outro lado, passava horas tentando memorizar conceitos de biologia e literatura, minhas maiores dificuldades.

“Eu não aguento mais olhar pra isso,” Arthur disse, jogando a caneta sobre o caderno com um suspiro pesado. “Minha cabeça tá fritando.”

Eu ri, mesmo cansada. “Bem-vindo ao clube. Mas falta pouco, temos que aguentar só mais essas semanas.”

Ele me deu um sorriso cansado e bagunçou o próprio cabelo. “É... só mais algumas semanas.”

Milena e Thaiga estavam na mesma luta. Milena, que sempre foi a mais dedicada da turma, parecia ainda mais determinada a fechar o ano com boas notas. Estudávamos juntas sempre que podíamos, trocando resumos e explicações rápidas. Thaiga, por sua vez, tentava se concentrar, mas seu espírito livre se rebelava contra o estresse das provas.

“Eu só queria um pouco de paz,” Thaiga reclamou um dia, deitando a cabeça sobre os livros na mesa do pátio. “Será que ninguém percebe que estamos sendo torturados?”

Milena, ao lado dela, sorriu e balançou a cabeça. “Relaxa, Thaiga. Daqui a pouco isso tudo vai ser só uma lembrança ruim.”

Enquanto nos esforçávamos para dar conta das provas, Gabriel estava cada vez mais distante. O trabalho na empresa. Ele saía de casa cedo e voltava tarde, muitas vezes exausto demais até para uma conversa rápida. Era estranho não tê-lo por perto, já que sempre havia sido meu confidente e melhor amigo.

Eu sentia falta de nossos momentos juntos, das conversas e dos conselhos que ele sempre soube dar na hora certa. Mas agora, parecia que ele estava em um mundo à parte, preso nas responsabilidades da vida adulta.

Em uma tarde de domingo, enquanto revisava meus resumos de biologia, ouvi a porta de casa se abrir. Gabriel entrou, jogando a mochila no sofá e passando a mão pelos cabelos em um gesto de cansaço extremo.

“Oi, maninha,” ele disse, a voz soando distante.

“Oi, Gabriel,” respondi, tentando esconder a preocupação. “Tudo bem?”

Ele se jogou na poltrona e suspirou, parecendo carregar o peso do mundo nas costas. “Só cansado. A empresa está me sugando, sabe? Mal tenho tempo de respirar.”

Eu me aproximei, sentando ao lado dele. “Sinto sua falta. Faz semanas que a gente não tem tempo pra nada.”

Gabriel me olhou, um sorriso fraco no rosto. “Eu sei, S/N. Desculpa por isso. Eu também sinto sua falta, mas... a vida tá meio louca agora.”

Assenti, entendendo que ele estava fazendo o melhor que podia. “Não precisa se desculpar. Só não se esquece de tirar um tempo pra você também.”

Ele me abraçou de lado, e ficamos ali por alguns minutos em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro. Era difícil vê-lo tão sobrecarregado, mas eu sabia que ele estava crescendo e enfrentando seus próprios desafios, assim como eu e nossos amigos na escola.

Com o fim do ano se aproximando, todos nós estávamos à beira de uma nova fase. Milena falava sobre os planos para a faculdade, Thaiga sonhava em fazer um mochilão pelo país, e Arthur, bem, ele ainda não tinha certeza do que queria, mas estava determinado a descobrir. E eu? Eu apenas queria aproveitar cada momento, sabendo que nossa vida estava prestes a mudar para sempre.

A rotina continuava apertada, com provas, projetos e o cansaço constante, mas também havia uma esperança no ar, uma sensação de que estávamos prestes a virar a página para algo maior. E enquanto as últimas semanas de aula passavam como um borrão, sabíamos que, por mais desafiador que fosse o presente, o futuro estava logo ali, esperando por nós, com todas as suas promessas e incertezas.

E, acima de tudo, tínhamos uns aos outros para enfrentar o que viesse a seguir.

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Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora