capitulo 23

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A madrugada envolvia a casa em um silêncio profundo, o tipo de silêncio que deixava os ouvidos atentos a qualquer mínimo som. S/N estava deitada na cama, tentando forçar o sono, mas a sensação de inquietação persistia. O celular estava ao lado, ainda quente de quando ela havia lido a última mensagem do Stalker. O coração dela batia rápido, um misto de medo e algo que ela não queria admitir: curiosidade.

De repente, ela ouviu um ruído suave, quase imperceptível. Sua respiração se prendeu, e ela apertou os olhos, tentando ignorar o som. Talvez fosse apenas a casa, talvez fosse sua mente pregando peças. Mas então, ela sentiu. Uma presença. Aquela sensação inconfundível de não estar mais sozinha.

Antes que pudesse reagir, uma mão gentil, mas firme, se colocou sobre sua boca, abafando qualquer grito que pudesse sair. Ela arregalou os olhos, seu corpo paralisado pelo terror. Ele estava ali, no quarto. Podia sentir a respiração dele perto do seu rosto, quente e ofegante.

"Shhh, meu amor," a voz dele sussurrou no escuro, baixa e reconfortante, mas carregada de uma intensidade que a deixou ainda mais apavorada. "Não precisa ter medo. Eu estou aqui para você."

O peso do corpo dele ao lado dela na cama a fez estremecer. Ele se moveu lentamente, tirando a mão da boca dela, mas permanecendo próximo. S/N tentou falar, mas as palavras não saíam, presas em sua garganta. Ele a observava, seus olhos brilhando por trás da máscara de palhaço que ele usava, uma visão perturbadora que contrastava com a suavidade de sua voz.

"Você é tão linda, sabia?" Ele murmurou, seus dedos traçando suavemente o contorno do rosto dela. "Eu passo o dia todo pensando em você, em como você me faz feliz, em como eu preciso te proteger."

Ela queria responder, dizer algo que pudesse afastá-lo, mas o medo a mantinha imóvel. Ele, porém, não parecia se incomodar com o silêncio dela. Pelo contrário, parecia aproveitar o momento, saboreando cada segundo ao lado dela.

"Eu sei que você ainda está assustada," ele continuou, inclinando-se para mais perto, até que seus lábios quase tocassem o ouvido dela. "Mas com o tempo, você vai perceber que eu sou o único que realmente se importa com você. O único que sempre estará aqui."

S/N sentiu a mão dele deslizar até sua cintura, apertando-a com uma mistura de ternura e posse. Ela fechou os olhos, tentando se convencer de que tudo isso era um pesadelo do qual ela logo acordaria.

"Você é minha," ele sussurrou, com uma voz doce, porém carregada de uma certeza aterrorizante. "Eu te amo, mais do que qualquer um jamais poderia."

Antes que ela pudesse reagir, ele inclinou a cabeça e a beijou. Foi um beijo intenso, quase desesperado, como se ele estivesse tentando mostrar a ela o quão profundo era o seu sentimento. S/N tentou resistir, mas seu corpo não respondia. Havia algo naquele beijo que a fazia se sentir perdida, confusa, sem saber mais o que era certo ou errado.

Quando ele finalmente se afastou, os olhos dela estavam marejados, uma mistura de emoções que ela não conseguia processar. Ele a puxou para mais perto, deitando ao lado dela, com o braço ao redor de sua cintura, como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo para ele. S/N podia sentir a respiração dele em seu pescoço, suave, mas presente, lembrando-a de que ele estava ali, ao seu lado.

"Durma, meu amor," ele murmurou, acariciando o cabelo dela. "Eu estou aqui. Não vou a lugar nenhum."

S/N permaneceu imóvel, seu coração ainda batendo rápido, mas algo dentro dela estava diferente. O medo não havia desaparecido, mas agora estava misturado com uma sensação de resignação. Como se, de alguma forma, ela soubesse que não poderia escapar dele, que ele sempre estaria por perto, não importa o que ela fizesse.

Aos poucos, o cansaço a venceu, e ela acabou caindo em um sono inquieto, ainda sentindo o braço dele ao redor de sua cintura, segurando-a possessivamente, como se ela fosse sua propriedade. O Stalker permaneceu acordado por um tempo, observando-a dormir, com um sorriso satisfeito nos lábios.

Finalmente, quando teve certeza de que ela estava profundamente adormecida, ele a beijou suavemente na testa, antes de se levantar silenciosamente e sair do quarto, deixando apenas o resquício de sua presença no ar.

O amanhecer trouxe uma nova realidade, mas as marcas da noite ainda estavam presentes, tatuadas na mente de S/N, como um lembrete de que, mesmo na luz do dia, a sombra dele sempre estaria lá, observando, esperando, planejando o próximo movimento.

Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora