capítulo 7 "escola"

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Na manhã seguinte, acordei com a luz fraca do sol entrando pelas frestas da cortina. Meu corpo estava tenso, como se eu não tivesse descansado nada, e a primeira coisa que fiz foi olhar para o celular. Por mais que eu quisesse ignorá-lo, o medo de encontrar outra mensagem do stalker me fez desbloqueá-lo rapidamente. Para minha surpresa, não havia nada. Nenhuma notificação, nenhuma mensagem nova. Mas isso não me trouxe alívio. Pelo contrário, a ausência de contato me deixava ainda mais inquieta, como se ele estivesse planejando algo.

Eu me levantei lentamente, tentando manter a calma. Bak já estava acordado, e o cheiro de café fresco se espalhava pela casa. Me arrastei até a cozinha, tentando parecer normal, mas minha mente estava em outro lugar, sempre alerta, esperando o próximo movimento do stalker.

Bak sorriu ao me ver, mas seu sorriso logo se transformou em uma expressão preocupada. “Bom dia, pequena. Como você dormiu?”

“Bem,” menti, forçando um sorriso enquanto me sentava à mesa. Ele não parecia convencido, mas não insistiu. Sabia que algo estava errado, mas parecia respeitar meu espaço, ou talvez não quisesse me pressionar.

“Tem algo que preciso te contar,” ele disse enquanto se sentava ao meu lado, tomando um gole de café. “Semana que vem você vai voltar a estudar. Conversei com a escola, e já está tudo certo.”

Meu coração deu um salto, não de alegria, mas de puro terror. Voltar a estudar significava estar fora de casa, longe de qualquer sensação de segurança – por menor que fosse. O medo de que o stalker pudesse me seguir até lá, ou pior, se aproximar de mim, se instalou imediatamente.

“Voltar a estudar...” repeti, tentando processar a ideia enquanto minha mente corria com pensamentos apavorantes.

Bak assentiu, olhando para mim com uma expressão gentil, mas ainda com aquela preocupação que nunca deixava seus olhos. “Eu sei que é muita coisa para lidar de uma vez, depois de tanto tempo fora. Mas é importante, sabe? Pra você se readaptar, conhecer novas pessoas...”

Eu queria dizer que não estava pronta, que precisava de mais tempo. Mas as palavras ficaram presas na minha garganta. Qual seria a desculpa? O que eu poderia dizer que soaria razoável?

“É... claro, faz sentido,” murmurei, fingindo uma calma que estava longe de sentir.

Ele colocou a mão sobre a minha, apertando levemente. “Mas se você não se sentir bem com isso, me fala, tá? Podemos ajustar as coisas. Eu só quero o melhor para você, pequena.”

Eu sorri para ele, mas a ansiedade estava me consumindo por dentro. “Obrigada, Bak. Eu... vou pensar sobre isso.”

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, meu celular vibrou. O som fez meu corpo inteiro se encolher. Com o coração disparado, olhei para a tela. Lá estava a notificação que eu temia.

“Ansiosa para voltar à escola? Não se preocupe, vou estar lá com você.”

Meus dedos apertaram o celular com força, como se quisessem esmagá-lo. O pavor tomou conta de mim, e a única coisa que conseguia pensar era que ele sabia. Ele sabia de tudo, até das conversas mais íntimas que eu tinha com Bak. Ele estava em todos os lugares.

“Quem é?” Bak perguntou, inclinando-se para espiar a tela do meu celular.

“Ah, ninguém... só uma mensagem boba,” respondi rapidamente, escondendo o telefone antes que ele pudesse ver o conteúdo. Meu coração martelava no peito, e tive que fazer um esforço enorme para não deixar o pânico transparecer.

Bak franziu a testa, claramente desconfiado. “Você tem certeza que tá tudo bem? Sério, parece que você não é a mesma desde que chegou.”

O nó na minha garganta ficou maior, e senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas eu não podia deixar isso acontecer. Não podia contar a verdade, não sem arriscar a vida de Bak e de todos os outros que eu amava.

“Eu estou só... um pouco nervosa, só isso. Muito tempo fora, sabe? Mas eu vou ficar bem, prometo,” menti novamente, sentindo a culpa me corroer por dentro.

Ele suspirou, ainda parecendo preocupado, mas deu um pequeno sorriso. “Tudo bem. Não vou te pressionar. Só quero que saiba que estou aqui, ok? Para qualquer coisa.”

Assenti, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair. “Eu sei, Bak. Obrigada.”

Ele se levantou e me deu um abraço apertado, o tipo de abraço que eu queria nunca mais sair. Eu estava à beira do colapso, mas sua presença, sua confiança em mim, me dava forças para continuar fingindo que tudo estava normal.

Quando ele saiu da cozinha, finalmente me permiti respirar fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções dentro de mim. Olhei novamente para o celular, ainda com a mensagem dele na tela.

“Eu sei que você está com medo, minha garota. Mas vou cuidar de você, sempre.”

Cada palavra era uma faca afiada, cortando minha sanidade pouco a pouco. Mas eu não tinha escolha. Só podia seguir em frente, fingir que tudo estava bem, e rezar para que de alguma forma, esse pesadelo acabasse.

Com a respiração pesada e o medo constante, comecei a pensar no que faria quando voltasse à escola. Como me manteria segura, como protegeria os que amo sem que eles soubessem o perigo que estavam correndo. Cada dia que passava parecia me afundar mais e mais nesse abismo, e eu não sabia por quanto tempo ainda conseguiria resistir.

Stalker-Loud ThurzinOnde histórias criam vida. Descubra agora