Os dias seguintes passaram em uma névoa de tensão crescente. Cada som, cada movimento ao meu redor parecia amplificado, como se eu estivesse constantemente à beira de um precipício. O stalker continuava a mandar mensagens, cada uma mais perturbadora que a anterior, e o medo de que ele realmente estivesse sempre por perto se tornou insuportável.
Na manhã em que eu deveria voltar à escola, acordei com uma sensação de peso no peito, como se uma mão invisível estivesse apertando meu coração. Eu tinha passado a noite em claro, virando de um lado para o outro na cama, imaginando todas as maneiras em que o dia poderia dar errado.
Enquanto me arrumava, cada passo parecia um esforço monumental. Coloquei meu uniforme, o tecido familiar agora parecia estranho, como se não pertencesse mais a mim. Cada botão que fechava, cada dobra que ajeitava, me lembrava que eu estava saindo da segurança relativa da minha casa e indo direto para o desconhecido.
Na cozinha, Bak estava de pé, mexendo no fogão. Ele me olhou com um sorriso, mas seus olhos traíam a preocupação. “Bom dia, pequena. Tudo pronto para o grande dia?”
Forcei um sorriso, tentando parecer confiante. “Sim, acho que sim.”
Ele colocou um prato com ovos mexidos e torradas à minha frente, mas meu estômago estava embrulhado demais para comer. Mesmo assim, peguei um pedaço de torrada e dei uma mordida, apenas para que ele não insistisse.
“Sei que você está nervosa, mas vai dar tudo certo. É só o primeiro dia. Conhecer novas pessoas, se ambientar... daqui a pouco vai se sentir em casa de novo,” disse ele, tentando ser encorajador.
Eu queria acreditar nele, mas a realidade era que nada mais parecia seguro. Cada pessoa, cada canto da escola poderia ser uma armadilha, e eu não sabia como me proteger, muito menos proteger os outros.
“Sim, você tem razão,” murmurei, mais para mim mesma do que para ele.
De repente, meu celular vibrou na mesa, interrompendo o breve momento de calmaria. Meu corpo ficou tenso instantaneamente, e o medo subiu pela minha espinha. Peguei o aparelho com mãos trêmulas, torcendo para que fosse uma notificação qualquer, mas no fundo já sabia o que encontrar.
“Ansiosa para o primeiro dia, minha garota? Vou estar de olho em você. Não se preocupe, não vai ficar sozinha.”
A mensagem do stalker estava lá, exatamente como eu temia. Meu coração disparou, e a torrada quase escorregou dos meus dedos. Como ele sabia de tudo? Como ele sempre estava um passo à frente?
Bak notou minha mudança de expressão e franziu a testa. “S/n, tá tudo bem? Você parece... assustada.”
A preocupação em sua voz quase me quebrou. Eu queria tanto contar tudo a ele, desabafar o terror que estava me consumindo, mas as palavras do stalker ecoavam na minha mente: “Se você contar a alguém, eles vão pagar o preço.”
Então eu fiz o único que podia fazer. Respirei fundo e menti novamente. “Eu só... tô nervosa, acho. É muito coisa nova, você sabe.”
Ele assentiu, mas seu olhar mostrava que ele não estava convencido. “Eu te conheço, s/n. Sei que tem algo mais. Se precisar de qualquer coisa, estou aqui, tá? Não esquece disso.”
“Eu sei, Bak. Obrigada,” respondi, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam escapar. Ele queria tanto me ajudar, mas eu não podia colocá-lo em perigo.
Depois de terminar o café, saímos de casa. Cada passo até o carro parecia me levar mais para dentro da toca do lobo. Eu mal conseguia respirar de tão tensa que estava. Bak falava comigo sobre coisas triviais no caminho, mas minha mente estava longe, concentrada na próxima mensagem que poderia chegar a qualquer momento.
Finalmente, chegamos à escola. O prédio que deveria me trazer algum conforto agora parecia ameaçador, suas janelas me observando como olhos silenciosos. Bak me deu um abraço apertado antes de eu sair do carro. “Vai ficar tudo bem, pequena. Eu prometo.”
“Eu sei,” menti novamente, tentando esconder o pavor na minha voz.
Conforme eu caminhava pelos corredores, sentia os olhos de todos sobre mim, mas nenhum olhar era tão penetrante quanto o dele. Ele estava aqui, eu tinha certeza. Não importava quantas pessoas estivessem ao meu redor, eu sentia sua presença, como uma sombra que me seguia, silenciosa e implacável.
Meu celular vibrou de novo, e eu quase deixei cair de tanto nervosismo. Parei em um canto discreto e olhei para a tela.
“Estou te vendo, minha garota. Você está linda no uniforme. Vai ser um dia maravilhoso.”
O medo era quase insuportável agora. Olhei ao redor, tentando encontrar algum rosto suspeito, mas tudo parecia normal, como se fosse apenas mais um dia de escola. Mas eu sabia que não era.
Engoli em seco e tentei seguir em frente, fingindo que tudo estava bem, que eu não estava sendo caçada por um monstro invisível. Mas no fundo, sabia que esse era apenas o começo do jogo dele. E eu não tinha ideia de como iria sobreviver ao que viria a seguir.
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Stalker-Loud Thurzin
Fanfiction"não traía seu boy killer" "S/N Lessa, uma jovem que sempre viveu à sombra de seu irmão, um dos maiores CEOs de São Paulo, nunca imaginou o quão drasticamente sua vida mudaria. Depois de anos estudando na Coreia do Sul, ela retorna ao Brasil aos 17...