Capitulo 05

505 31 3
                                    


Ana Flávia.

Eu queria poder saber falar mil palavrões e saber  explodir a minha raiva de uma maneira que machucasse a outra pessoa, queria saber ser grossa e rude ao mesmo tempo que os outros são comigo, mas eu sou tão boba que só consigo pensar nas melhores respostas depois que toda a confusão acaba.

Gustavo Mioto, sim ele agora mais do que nunca vai ter que me engolir, quando eu o chamar assim e sem reclamar. Aquele asqueroso, teve a audácia de me comer com os olhos,  ficar duro e não deixar as coisas rolarem como deveria ter rolado...

Se eu disser que aquilo não me magou eu estaria mentindo, pois a minha mínima experiência com os meninos não são lá muito memoráveis e quando eu me abro pra tentar com outro, ele vem e corre de mim.

Ele disse pra mim que não gosta de me ver pra baixo, que não quer me ver pelos cantos; quer que eu me anime e que eu melhore minha auto estima... mas caramba como ter uma boa estima se o cara que você deseja foge?

Sem contar o que minha mama perguntou para mim: o por quê do menino ter corrido lá de casa como o diabo corre da cruz.

Ironia,  não?

Porque eu sou o diabo e eu sou a sua  cruz?

Mas o pior, foi vê-lo correr de mim no colégio.  Não falou comigo e nem mesmo olhou para mim quando tentei chamar sua atenção,  nada deu certo. Nem mesmo nas aulas que fazemos juntos.

Todas as minhas tentativas foram ralo abaixo com ele fingindo que eu não existo. Aquilo me machucou tanto que ele nem sabe

E por falar em machucar, Lucas finalmente me procurou, mandou mensagens perguntando o motivo de eu ter sumido tanto, que não era assim que deveria ser um relacionamento.

Não existe relacionamento,  seu arrombado!

Respondi que ando tão ocupada quanto ele, desde que: se ele não veio até mim, não serei eu quem vai atrás dele.

Graças ao imprestável Lucas, lembrei que hoje teria treino de basquete, não me esguerei  e nem me escondi dessa vez.

Sente na arquibancada próxima a saída do vestiário, meio escondida dos jogadores, mas visível ao mesmo tempo. Assim que vi os meninos aparecerem, o primeiro que vejo é o Gustavo Mioto, todo sério vestido em um colete vermelho, todo gostosinho.

Não muito tempo depois, ele já estava suado... parecendo bom demais para o meu gosto. Ele se movimenta, faz cestas- muitas - dribla o Lucas tantas vezes que mal posso contar, me pego comemorando cada vez que ele acerta uma de três pontos.

Quando o treino acaba, um Lucas soado e vermelho, parte para cima do Gustavo, que o ignora como se ele fosse uma mera formiguinha. Aquela foi a minha deixa.

Corro até saída esperando ele aparecer. O treinador o entregava algo parecido com uma faixa e conversa com o Gustavo e Lucas num canto separado.

Quando a conversa termina, Lucas vai pra um lado e Gustavo me vê sem esboçar muita felicidade. Ele fecha a cara ainda mais caminhando até a mim.

Mas que coisa de menino sério, poxa eu não tenho culpa de nada!

-Oi- sussurro apertando a alça da minha mochila.

-Oi- carinhoso que só... Gustavo tenta passar mas o fecho, ele suspira empurrando o cabelo encharcado se suor para trás.

-Você não vai fugir de mim- imponho

- E quem disse que estou fugindo de você? - Seu sarcasmo fere, ignoro-o.

-Ah, me ver e ir em outra direção só para não falar comigo não é fugir, desculpe, eu não sabia que tinha outra palavra para esse tipo de atitude.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora