Gustavo Mioto.

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Em certos momentos da vida, nós precisamos saber qual o momento de puxar o freio e parar algumas atitudes nossa. Magoar Ana não está nos meus planos, assim como me apegar a ela também não. Ela sentiu e eu percebi que ela notou que eu a rejeitei.

E ela não tem noção do quanto isso me parte por dentro.

Eu não fui feito para ter alguém como ela. Pra começo de conversa nós não deveríamos ter nos envolvido tanto assim fisicamente.  Mas, não pude resistir diante a tudo aquilo que estava à minha frente.

Depois de ficar uns dias longe dela, eu finalmente consegui pensar com clareza, foi algo crucial para que eu viesse a tomar uma decisão.

Por muito pouco joguei tudo pelo ralo, quando a vi encarando Teresa de igual para igual, na porta do meu quarto, e em seguida dizendo para mim que vai fazer cada um daqueles arrombados pagar por cada coisa que lhe fez.

Minha cabeça de cima deu uma guinada nas engrenagens e me restou a de baixo, que não pensa, só age por impulso.

Foda é que meu impulso se chama Ana Flávia.

E eu daria tudo para ser alguém que a merece tê-la.

Com sorte, consegui me segurar e acabei dando uma puta desculpa esfarrapada. Então, fugi dela como sempre.  Só não sei se vou continuar resistindo a Ana por muito tempo, ainda mais se a mesma me atiçar. Eu não sou de ferro.

As semanas foram passando rápido e Ana Flávia entrou em um processo de mudanças drásticas. Mudanças essas que de primeira não aprovei– mas quem sou eu para opinar? – essa coisa que tem que mudar quem você é, para ser aceito, não entra na minha cabeça nunca.

Ela já me disse que vai trocar suas calças folgadas por vestidos e saias. Vai aposentar seu tênis e começar a usar mais os saltos que ela ganha de presente da mãe. Sua primeira mudança foi com sua maneira de agir e se comportar.

Devo dizer que adoro esse jeito tímido dela?

— Como devo me portar socialmente? – ela pergunta me olhando pelo espelho — Para uma herdeira, eu não sou um terço do que deveria aparentar.

E daí?

— Gosto de você do jeito que você é – digo admirando-a , encostado na cabeceira da sua cama— E acho que você deve ser você mesma.

O reflexo dos seus olhos me encaram, ela sorri de lado e me agradece toda tímida.

— Obrigada – aquiesço — mas se eu for eu mesma, ninguém vai falar comigo. Mas em primeiro lugar: preciso de uma dose de coragem.

E daí?

— O que acha de não mudar nada e ser você mesma cem por cento?

— Gustavo Mioto– fecho a cara diante do seu olhar divertido — por favor!

Fico com a expressão ainda mais amarrada diante da sua teimosia por querer algo que não precisa ser mudado.

— Ok! Primeiro lugar você deve aprender a nunca abaixar a cabeça,  segundo deixe que eles venham até você.  Busque sempre chamar atenção.

— Eu odeio chamar atenção – murmura.

— Eu sei disso, mas acredito que se você se esforçar só um pouquinho, você vai conseguir.

— Se eu começar a tremer igual vara verde na frente de todos? Eu sou uma amadora Gustavo – choraminga.

— Calma nanica, estarei com você em todos os momentos, eu prometo.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora