GUSTAVO MIOTO

208 20 12
                                    

  Assim que chego na escola caminho pelo corredor e vejo Ana Flávia parada a porta da biblioteca completamente distraída e linda, vestida em seu conjunto floral, com um cropped e saia azul. O cabelo negro caía por seus olhos de maneira rebelde, é, a minha cubana é perfeita e ela sequer sabe disso.

Nossas fotos no Instagram fez sucesso e deixou vários dos meus contatos curiosos e alguns até enfurecidos. Meu número de seguidores caiu e eu fiquei meio sem entender os questionamentos de algumas garotas.

Surtadas...

— ANA FLÁVIA! — até eu me assusto com o grito vindo de trás do corredor. Acompanho Lucas ir até Aba pisando duro e com a expressão furiosa. — Você pode me explicar que PORRA é essa?

Tão serena como estava, ela ficou. Me orgulho em saber que eu a ensinei a ser fria daquela maneira.

— Desculpe? — Ana Flávia pisca confusa mas sem perder sua postura.

— Isso aqui porra! — ele saca o celular do bolso e cospe a sua merda em cima de Ana, aposto minha Fender que seu surto é referente a nossa foto.

Poxa por que tanto alvoroço? As fotos ficaram lindas.

Eu tenho um sorriso diabólico.

— Uma foto? Além de idiota agora você também é burro?

Essa é a minha garota!

— Ana... sem sarcasmos por favor! Isso é pra me atingir? Ok você conseguiu, você sabe que eu estou arrependido, já chega dessa palhaçada, se afaste desse cara.

— Você não manda em mim garoto, eu fico com quem eu quiser, não te devo satisfação alguma.

Respiro fundo esperando o momento certo pra acabar com a crista de Collins mas espero para ouvir mais alguma de suas merdas.

— Você me ama Ana Flávia e eu também gosto de você.

Esse cara é muito patético, sem noção além da conta.

— Você é doente, eu não te amo. Nunca amei. — Vejo a postura de Lucas desmoronar. — Você está se ouvindo?

As pessoas assistem a discussão e ficam cada vez mais curiosas.

— Desculpa Aninha, nunca quis te magoar...

— Ah não? — Ela pergunta irônica. — Posso perguntar para todas essas pessoas que estão olhando para nós agora e todas elas poderão me dizer o que você espalhou para todas elas.

— Isso é passado Ana Flávia vamos superar isso, eu errei tá legal? Eu sei, agora me perdoa, por favor? Veja, até te comprei uma coisa. — vejo ele estender um girassol para Ana Flávia que prende a respiração ao encarar aquilo. — Fui errado em chegar gritando dessa maneira me desculpe, mas... eu fiquei louco quando vi aquela foto. Não consigo lidar com isso Ana, me desculpe eu sai de mim.

Tirei meus olhos da flor que ele empunhava e encarei Ana Flávia, seus olhos estavam perplexos e percebi que suas mãos levaram mais que alguns segundos para pegar o girassol. Aquele discurso fraco lhe comoveu.

Droga!

— Não fraqueje Ana — sussurro para mim, tentando fazer com que meu pensamento chegue até os dela.

Dali em diante não consigo mais ouvir a conversa dos dois, tudo se tornara um sussurro. Até que ambos resolveram sair dali. Meu pobre coração se apertou com aquilo.

***

Respiro fundo e acerto a quinquagésima bola de três pontos na cesta, imaginando que estou jogando a cabeça de Collins ali e não uma bola. O ginásio estava vazio, estava ali eu, minha raiva e o meu ódio. Percebi que aquela flor tocou o coração da minha Aninha, o jeito como ela olhava, tocava, a forma como recebeu... o cara soube onde tocar. A conversa dos dois se prolongou e então Ana Flávia saiu com ele, não a vejo desde então. Na minha cabeça, Ana o aceitou outra vez e fez tudo com ele. E só de imaginar isso eu fico maluco.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora