GUSTAVO MIOTO

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Uma das coisa raras que eu faço é fumar, e isso só acontece quando o meu estresse chega no limite, além do suportável.

Encostado contra a parede da entrada do colégio, talvez aquele fosse meu terceiro cigarro em meia hora. Estou nervoso por Ana Flávia, ansioso para ver como ela vai reagir às pessoas, e em como as pessoas vai reagir a ela.

Hoje será o dia que Ana vai começar a por seu plano em prática. Lucas é companhia estão fodidos, prestando serviços depois da aula, completamente isentos dos treinos e do time de basquete.

Eles são forçados a assistir os jogos sentados na arquibancada. Muitas vezes o treinador ainda permite que um deles seja gandula. Secar as bolas, limpar os equipamentos também é um dos "bônus " do treinador. Eu até tento não rir da cara de idiotas deles.

Mas o deboche fala mais alto e não consigo não rir.

Afasto as lembranças dos vermes otários e me concentro em apagar meu último cigarro. Aind estou amassando o tabaco quando um carro bonito para na entrada do colégio, completamente robusto e brilhoso.

Eu quase tenho um treco quando a porta traseira se abre, e de lá sai os mais belos pares de pernas que já vi na minha vida.

Caraca, ela consegue travar minha atenção totalmente para ela e eu nem mesmo vi  seu rosto ainda. Aquelas pernas e coxas são de matar, e nesse momento, encontro-me no céu,  tenho certeza disso porque aquilo tudo só pode ser um anjo.

Cadê saia? Ou o shorts?

A porra da porta bloqueia a minha visão, o vidro fume tampa o rosto dela, e por conta da porta só tenho visão do joelhos para baixo. Arrependo-me de ter fumado no mesmo instante, procuro por alguma bala no meu bolso, e acabo achando um chiclete de menta. Começo a mascar esperando para ver que beldade está por trás daquele vidro.

A porta se abre mais e tenho a visão da sua silhueta – que bunda é aquela meu Deus? – A menina ainda está de costas para mim, quando ela finalmente se vira, meu coração sofre e para.

Tudo em mim congela, e eu acho que meu cérebro começou a reproduzir as coisas em câmera lenta. Como eu não reconheci que era Ana Flávia? Só podia ser ela.

Como essa garota pode ter a autoestima baixa, meu Deus? Com um rosto lindo desse, como um corpo desde, sendo ela toda?

Estou tendo um troço.

O vento escolheu esse momento para soprar os cabelos dela, nem mesmo parece haver um resquício da Ana Flávia que eu conheço. Essa Ana Flávia tem um poder enorme saindo de seus poros. Um andar felino, um olhar matador e ainda, só para quem a conhece de verdade, o jeito tímido de ser escondido em seus olhos enormes.

Ana vem em minha direção parecendo uma modelo, noto os olhares voltados para ela, de homem a mulher, todos babando na minha amiga.

Aquela sai xadrez em conjunto com a jaqueta, mais a blusinha branca que pouco tampa seu umbigo bonito. A deixaram nada mais nada menos que gostosa.

Quando Ana Flávia pariu bem na minha frente, eu simplesmente não conseguia esboçar nada além de choque e admiração. Ana sorri toda sexy, toda espontânea, toda ela e eu fico parecendo um buldogue,  babando em cima dela.

— Oi Gustavo Mioto – Ana me cumprimenta e eu... É impressão, ou a minha pressão caiu? — E aí,  acha que causei algum impacto?

— Você está... linda e está usando maquiagem!– digo quando notei o delineado em seus olhos— Caramba... Ana Flávia, você só melhorou o que já estava perfeito.

Passo a manga da minha jaqueta no canto da minha boca, limpando a baba que escorria dali.

— Obrigada – ela olha em volta disfarçadamente e meus olhos ficam fixam em seu rosto — Eu estou tentando fingir que nenhum desses olhares estão me incomodando, mas eu estou a um fio de surtar.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora