Gustavo Mioto

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Entramos e logo Ana Flávia me fez comer um sanduiche, depois fomos para seu quarto onde eu já me sentia mais que a vontade... tirei minha roupa e fiquei apenas de cueca. A pequena me encara com um sorriso de canto enquanto eu tiro a almofada do capitão encarando o rosto do loiro com certo receio e Ana me manda não encarar o futuro marido dela daquele jeito. 

Em seguida ela vem e eu me viro, ficando deitado de frente para ela, que estava com um olhar ansioso... Eu queria dizer algumas coisas, se eu conseguisse ser bom com as palavras, mas no fim das contas apenas fiquei quieto observando Ana e sendo observado de volta.

Ela está linda, vestida apenas em um blusão, que só reconheci como minha minutos mais tarde.

— Não sabia que você era uma contrabandista de camisas, senhorita Castela. — Ela sorri timidamente e coloca uma mecha do cabelo para trás.

— Ah, foi só essa. — Ela brinca. — Só uma das suas infinitas camisas pretas.

Ana revira os olhos e eu solto uma risada baixa.

— Ela te deixou mais gostosa do que você já é. — Dou-lhe um piscadinha e Ana suspira pesadamente só então noto que ela parece angustiada com algo. — Está tudo bem?

Ela me dá outro suspiro e acaba virando de barriga para cima.

— Estou começando a ficar nervosa para o baile. — confessa ela e essa dessa vez eu suspiro.

— Fala a verdade Ana Flávia — peço, mesmo com medo do que ela irá me responder.

— Estou com medo de você não me querer mais como amiga depois de tudo isso passar.

Levo mais que alguns segundos para apenas sorrir para Ana, olhei para ela como se a mesma tivesse acabado de dizer o maior absurdo de todos e de fato ela disse.

— Por que diabos você está dizendo isso? — pergunto sem humor algum.

— Porque, o que te uniu a mim foi justamente toda essa história. E meio que, terminando tudo isso qual seria a lógica para você ficar?

Eu encaro mesmo que ela não me encare de volta, inspiro várias vezes antes pegá-la pelos ombros e sacudi-a até que ela ouça o absurdo que está me dizendo.

— Você. — digo firme. — Você e só você. Quer um motivo melhor que este?

Vejo seus olhos se encherem de lágrimas só para logo vazarem e saírem escorrendo lentamente por suas bochechas, na mesma hora que um sorriso lindo aparece em seus lábios. Eu amo esses extremos, eu adoro observar tudo nela.

É encantador.

— Promete? — aquiesço, levando meu polegar a sua bochecha para secar o local molhado. — Então... eu acredito.

— Não vou te deixar ir assim tão fácil gatinha.

     Passamos uma infinidade de minutos apenas em silêncio, Ana Flávia encarando o teto e eu admirando os contornos de seu rosto, encantado por seus traços, desejando estar mais próximo dela que nunca. Estou com um baita pressentimento ruim em relação a essa festa... e quando minha intuição me chama, eu jamais a ignoro.

— Acha que em algum momento a gente vai parar com... é... de fazer essas coisas?

Meus sensores ficam em alerta imediatamente.

— Por que? Você não quer mais?

— Não... não é isso é só que... somos amigos e se em algum momento a gente acabar conhecendo outras pessoas...

— Não estou atrás de ninguém Ana Flávia, se você quiser parar com o que temos é só me falar. — Digo interrompendo-a duramente.

Ela se vira novamente para mim e me encara intensamente.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora