Gustavo Mioto

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Primeiro veio uma pontada forte na minha cabeça, depois eu abri meus olhos e o sol quase me cegou e então todas as cenas da noite passada voltaram com força na minha mente. E eu sorri. Como há anos eu não sorria. Há muitos anos eu não acordava com um sorriso nos lábios, há muitos anos eu não acordava vendo as cores do mundo, ao invés do negro que cobria meu coração, sim, cobria... porque agora ela é a cor que o domina. Sim, minha amiga Ana Flávia, meu sol, meu refúgio, meu ponto de paz, minha namorada... pensei ter sonhado com isso, mas quando a vi em meus braços, dormindo, tão em paz, completamente linda, tive a certeza de que eu finalmente fui homem para assumir meus sentimentos.

O sentimento de tê-la ali comigo, fez o meu pobre coração coração acelerar, me atingiu em cheio a constatação do quão importante essa garota é para mim, eu não sabia que alguém poderia se tornar tão crucial na vida de um outro em tão pouco tempo. Eu havia feito promessas para ela em pensamentos, promessas que quero sussurrar em seus lábios enquanto eu a beijo da melhor maneira possível. Promessas que vinham da minha alma.

Eu farei Ana feliz. E se eu perceber que não estou sendo bom em lhe dar sorrisos, eu irei em busca disso.

Darei a ela o melhor de mim.

Serei suficiente e mais, todos os dias.

Sempre irei protegê-la, cuidarei dela e mais, cuidarei para que sejamos felizes sempre e que fiquemos juntos para sempre.

Prometi a mim, mudanças, que eu sei que preciso fazer antes de me jogar de cabeça nesse relacionamento. Ana Flávia não merece sofrer eu sempre disse isso para ela e não quero eu, ser o responsável por mais lágrimas caindo dos olhinhos lindos dela. Será por ela. Como não ser frio, não descontar minhas frustrações nela e ser sempre sincero com absolutamente tudo.

A começar por agora.

Beijei a testa da minha namorada — é prazeroso pensar isso e dizer, é ainda melhor —, inspirei o cheiro doce de seus cabelos e acariciei seu rosto bonito, demorando apenas mais um segundo antes de me levantar para ir ao banheiro.

Com as energias renovadas depois de um banho gelado, escovei meus dentes e saí apenas de toalha, Ana ainda dormia profundamente o que me deu tempo de vestir uma calça para ir ao andar de baixo e por em prática o que eu tanto quero ser para ela: bom.

Dei de cara com minha mãe assim que entrei na cozinha, dei um beijo estalado em sua bochecha e ela me iluminou com um sorriso lindo.

— Bom dia querido — ela me analisa por uns segundos antes de me perguntar, — posso saber qual o motivo de tanta alegria?

Levo uma mão ao meu peito e mantendo minha expressão lhe respondo: — É que estou meio doente, sabe? — minha mãe fecha o sorriso na hora e eu gargalho.

— Ficou maluco Gustavo Mioto?

Meu Deus, eu odeio quando ela me chama assim.

— Para de me chamar assim mãe — peço em um tom indignado enquanto pego uma bandeja. — Mas é sério, eu tenho uma doença e ela é rara. Muito rara e não quero passa-la para ninguém.

Se antes eu já tinha ciúmes da minha nanica, agora eu tenho mais ainda.

Minha mãe põe as mãos na cintura e me dá aquele típico olhar durão enquanto eu começo a procurar por algumas frutas na geladeira pensando se faço vitamina ou se levo as frutas cortadinhas.

— E que doença é essa meu filho?

Sorrio, lembrando dela enquanto descido apenas descascar duas bananas, as corto em seguida, coloco elas numa tigela bonitinha que encontrei no armário.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora