Ana Flávia

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— E ele apareceu assim, sem mais nem menos na sua casa? — Seu tom é desconfiado e possessivo.

— Você acredita que aquele sem noção achou que era só vir, dizer uma ou duas palavras doces e pronto. Eu já estaria sedenta e nos braços dele. — Solto uma risada amargurada e observo os olhos de Gustavo.

— Achei hilário a parte que você me disse sobre o trinta e oito carregado, — observo seu sorriso o máximo que posso, pois sei que eles nunca duram muito tempo.

Apoio minha mão em seu peito e me acomodo melhor em seu colo, Gustavo e eu estávamos em sua casa. Assim que o Lucas foi embora liguei para Gustavo perguntando se podíamos nos encontrar, quando cheguei em sua casa viemos para seu quarto e comecei a contar tudo para ele, de alguma forma fui parar em seu colo, ele deitado com as pernas dobradas e eu recostada nelas. Digamos que era uma posição um tanto quanto confortável para mim.

— Como ele tem a audácia de dizer que tem sentimentos por você? Quero dizer, ele mal deve saber o que significa a palavra apaixonado. Um homem apaixonado jamais faria o que ele fez contigo — seus olhos esverdeados estão duros, suas palmas quentes estão pousadas sobre minhas coxas e me pergunto se ele está consciente do carinho que me faz. Sua indignação me trás incertezas e um sentimento de confusão.

— E você sabe? — Pergunto baixinho e bastante hesitante.

— O que? — Ele me encara e dessa vez ele é quem parece confuso.

— O que é estar apaixonado. — Gustavo me encara uns segundos e engolindo em seco nega em um murmúrio.

— Mas sei que se ele tivesse realmente apaixonado, não teria te ferido daquela forma... me sinto bem por ter conseguido abrir o seus olhos Ana, mas sinto tanto por saber que hoje, só sou seu amigo por causa de um episódio lastimável como esse.

— Você fala como se já tivesse vivido esse sentimento — digo séria. — Pode se abrir Gustavo Mioto, sou uma ótima terapeuta ainda que eu não saiba o que estou fazendo com a minha vida.

Ele ri baixinho fazendo-me senti a vibração desse som.

— Estou sendo sincero — sua boca fala uma coisa e seus olhos me dizem outra. — E você? Já sentiu isso por alguém?

Não sei se ele realmente quer ouvir a minha resposta então levo alguns segundos para respondê-lo.

— Enquanto eu estava com o Lucas, eu achava que sim — tenho vontade de ser realmente verdadeira mas sei que não posso. — Mas depois percebi que não.

— E por que diz isso?

Porque eu tenho sentimentos por você e sei que são verdadeiros. Mas do que adianta ser sincera, se você não é comigo?

— Só falando por falar... — Por um segundo Gustavo fica longe e sem mais nem menos diz:

— Eu tive sentimentos por uma garota uma vez — meus olhos se arregala quando o ouço. — Eu pensei que ela fosse tudo de bom para mim, que o que tínhamos era sincero e recíproco. Mas... foi tudo uma ilusão. Achar que aqueles olhos azuis eram voltados para mim, que aquele corpo era só meu, que o coração da Thay era só meu.

THAY? ESSE É O NOME DA DITA CUJA?

— Mas eu deveria ter sido mais esperto, deveria ter tido mais malícia, mas... quando estamos apaixonados, fazemos tudo com os olhos voltados para aquela pessoa, que os defeitos dela não existem e é aí que você se fode.

E então como se tivesse tendo um relapso Gustavo simplesmente piscou e se calou, seus olhos ficaram claros outra vez. Um silêncio constrangedor fica entre nós, seus olhos parecem desfocados e eu sustento seu olhar no meu. Deixando meus pensamentos vagos, meu coração fica apertado por saber que ele tem o dele ferido e subitamente tenho vontade de curá-lo.

Então quer dizer que alguém teve a chave do coração do meu bad boy um dia e ela se chama Thay... será que é alguma abreviação? Eu não sei o que sinto ouvindo isso, um ciúme me atinge mas o reprimo pois sei que passado é passado e também, não tenho nada com Gustavo para cobra-lo.

Fazer meu coração entender isso é o difícil.

— E onde ela está hoje? — pergunto de maneira cautelosa fingindo que não estou interessada no assunto. — Quero dizer... o que houve?

Gustavo desvia seu olhar do meu e puxa meu braço me fazendo deitar sobre ele.

— Esquece isso — ele sussurra com os olhos quase colados nos dele. — Foi apenas um dos meus impulsos para ser quem sou hoje.

— E isso é bom ou ruim?

— Me diz você — ele agarra minha nuca e me pega de jeito em um beijo incrível, saboroso e completamente quente e então eu não lembro de mais nada além de seus lábios beijando os meus. — No meio de tantas coisas... aprendi como te deixar louca — ele sussurrando nos meus lábios, sua mão na minha bunda a outra em meu cabelo, eu toda entregue ele, seu corpo quente embaixo do meu me entorpece. — Aprendi como te fazer gozar — tremo e mordo seu lábio lentamente — e principalmente: como te fazer esquecer rapidamente do idiota do seu ex-namorado.

Quem?

Decido por hora, esquecer o assunto enquanto aproveito os seus beijos e suas mãos quentes que passeiam e se agarram a meu corpo de maneira sedenta. Minha cabeça roda querendo saber mais coisas sobre a tal Thay que uma vez, roubou o coração do meu Gustavo, mas meu consciente me diz que esse terreno é muito denso para ser pisado e prefiro esperar.

Prefiro esperar, como tenho esperado por ele.

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Será que um dia Ana vai saber quem é Thay?

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Talvez solto mais um hj.

Bjos

Gabi

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora