Gustavo Mioto

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Quando entrei no colégio, na semana seguinte ao baile, eu me sentia como na cena do filme Crepúsculo, onde Bella e Edward entram juntos e todos param seus afazeres — ou não afazeres —, para olhar todos os meus passos. Me senti incomodado, mas, não demonstrei, eu tinha uma namorada incrível me esperando em algum lugar dentro daquela escola e nada poderia estragar meu dia, ainda mais que o comecei tendo que comprar vários docinhos para controlar os cigarros, eu tinha um pirulito na boca, aquele era meu jeito de tentar conter meu vício quando eu ficava nervoso, por ela.

Passei pelo corredor em busca da minha namorada, ainda sob os olhares julgadores. Quando dei a terceira volta atrás dela e não a encontrei, apelei para meu celular.

G: Tá na escola?

Aguardo sua resposta enquanto analiso sua foto de perfil. Ela no meu colo, beijando-me na bochecha enquanto eu apenas sorria de lado.

— Até que formamos um casal bonito — Comento comigo mesmo, enquanto sorrio.

A: Banheiro.

Ana responde e eu fico preocupado, pois imagino que se me olharam daquela maneira... com ela com certeza não fora diferente. E eu sei o pavor que a minha garota tem de chamar atenção.

G: Qual dos?

A: Não vai invadir o banheiro feminino Gustavo.

G: Se não me disser em qual está eu vou entrar em um por um.

Três pontinhos sobem e depois desaparecem.

G: E não duvide de mim gatinha.

A: Você é tão... Meu Deus! Eu tô no vestiário feminino.

G: Estou chegando.

Caminho apressado e enfurecido no meio daquelas pessoas, pronto para esmurrar quem quer que tenha machucado a minha Ana Flávia. Odeio cada um deles com todas as minhas forças.

Aquelas escadas pareciam intermináveis e quando atravessei o campus finalmente avistando os vestiários, corri para o lado que nenhum dos meninos deveriam ir, mas aqui: eu sou um bad boy e como todos sabem, eu não sou de obedecer a regras. Entrando no vestiário começo a procurar por ela.

— Gatinha? — Chamo por minha namorada e ouço uma batidinha vir dos fundos.

Porra... não quero nem imaginar seus olhos cheios de lágrimas.

Abro a última porta e vejo Ana, sentada estilo borboleta, sobre a tampa do sanitário com um olhar nervoso.

— Ei, tem um pirulito pra mim também? — Diante daquele olhar triste e o que parecia ser um ataque de pânico, essa com certeza não era a pergunta que eu esperava, me ajoelho a sua frente e recebo um afago nos cabelos.

— Não, só trouxe um —Ana faz um biquinho e rouba o que estava na minha boca para ela. —Ah, claro eu estava muito afim de te dar o meu.

Ana Flávia lambe o pirulito tão lentamente que é tempo suficiente para enviar aquelas imagens para meu pau.

— A culpa é sua por não ter me trago um — Ela chupando aquela porra de doce não deveria ser tão sexy assim, sua língua fazia questão de lamber aquela bolinha de cereja tão devagar que eu quis estar no lugar dele, aliás meu pau quis estar sendo chupado daquela forma. — Para de me olhar com essa cara de tarado Gustavo.

Acordo do meu transe e limpo a babinha que escorreu dos meus lábios.

— Então para de boquetear o pirulito — Digo duramente antes de me levantar e beijar seu rosto lentamente. — O que aconteceu?

Ela respira fundo antes de começar a falar.

— Um grupo de admiradoras do time de basquete, em especial as que admiram Lucas, tentaram me atacar assim que cheguei na escola — Ela diz mordendo o doce e acabando com ele de vez.

Ah, doce tortura...

— Elas chegaram a agredir você? — pergunto, conseguindo enfim, me concentrar no assunto, sem imaginar sua boca chupando meu pau.

— Não — Ana Flávia respondeu tão rápido que o "mas" veio antes mesmo que eu perguntasse. — Mas elas me ameaçaram e eu fugi... acho que eu daria uma ótima corredora Gustavo.

Ela tenta fazer uma piadinha, mas seu sorriso nem chega aos olhos.

— Eu não vou deixar que elas machuquem você, nós vamos dar um jeito nisso.

— Nós? — Ela pergunta tão tristonha que meu coração quase quebra.

— Sim baby, nós. — Eu estava ajoelhado bem de frente para minha garota, que sorria ao mesmo tempo que me tinha um beicinho trêmulo. — Somos eu e você agora, namorados lembra?

— Você não tinha que ser tão incrível Gustavo Mioto — Ela agarra minha jaqueta e me beija intensamente. — Obrigada por seu apoio, é errado eu dizer que estou com medo?

— Não Ana, porque eu também estou. — Ela pisca e me encara com a dúvida estampada em seu olhar. — Mas não das pessoas e dos seus olhares doentios, mas de errar com você, tenho medo de te perder e tenho medo de dizer tudo isso em voz alta, porque as palavras tem muita força e mais, se você não parar com essa porra de Gustavo Mioto eu vou deixar de ser "fofo" com você e vou começar a te bater com força na bunda.

— Desiste disso, você sempre será meu bad boy, meu Gustavo Mioto e digo isso porque não me importo de tomar uma palmadinhas na bunda — arqueio minhas sobrancelhas e ela ri gostosamente. — E mais, eu estou aqui para curar seus medos e deixar que você cure os meus... porque... é isso que acontece quando se ama: é um pelo outro. Nunca um sem o outro. E eu estou contigo e sei que você estará comigo também, amor.

Sorrio. E nem me esforço para esconder.

— Amor é? — Pergunto emocionado.

— Amor. — Ela me beija outra vez e então me abraça. — Meu amor.

— Você me faz deixar de ser o garoto mau que eu era com esses papinhos Aninha — Ela ri baixinho ao pé do meu ouvido

— Eu amo quando você me chama de Aninha — ganho mais um beijo, e abraço minha garota, mantendo-a protegida em meu braços, contendo por hora, a minha fúria.

— Vamos sair daqui, não podemos deixar que eles pensem que tem vantagem sobre nós.

— Você tem razão —, ela diz se levantando, beijo sua testa e abraço sua cintura guiando-a para fora do banheiro, mas então ela para. — Pensando bem, nós bem que poderíamos ficar aqui, huh? Só eu e você?

— Proposta tentadora nanica, mas não. Vamos sair daqui, cabeça erguida lembra? — Ela me encara, assente e volta a andar, mas para outra vez e com os olhinhos suplicantes me faz outra proposta para que fiquemos aqui. — Ana Flávia, confia em mim, eles não vão te machucar.

— Promete — sua voz sai tão quebrada que eu tive vontade de partir no meio os responsáveis por deixa-la assim.

— Eu te prometo. Eu vou te proteger Ana, sempre irei.

Mesmo que isso um dia, signifique ter que te proteger de mim mesmo.

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Faltam apenas mais dois capítulos. tô triste 😢

Mas já tenho as próximas fics

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora