Gustavo Mioto

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Saio daquela pocilga e resolvo chamar um Uber, não fazia ideia de como iria chegar em casa sem me arrebentar todo, mas isso é algo para pensar só amanhã. Com sorte consegui por tudo no endereço certo ou eu pelo menos acho que fiz isso, admirava o céu estrelado, completamente lindo como sempre, minha respiração pairava no ar de tão frio que estava, mas nem assim eu conseguia esquecer da cena do baile.

Termino de beber minha última cerveja quando o carro chega, eu praticamente me jogo no banco, ficando em silêncio o tempo todo, percebia que o cara me encarava pelo retrovisor com receio, provavelmente ele achava que eu iria vomitar a qualquer momento.

Será que eu estava tão ruim assim?

― Relaxa aí cara ― digo fazendo uma voz de doente. ― Eu não... ― inflo minhas bochechas e o cara arregala os olhos. ― Eu não...

Noto que estou a menos de dez metros da minha e então finjo que estou vomitando, ― pois sei que ele irá surtar e vai me fazer descer ―, então uma freada brusca acontece me fazendo bater a cabeça no banco do frente. Me sinto ainda mais zonzo pela pancada e começo a rir do desespero do motorista.

― PUTA MERDA! Seu bêbado nojento, desce do meu carro porra ― gargalho alto e abro a porta do carro.

― Desculpa cara... eu só estava brincando ― Ele me dá um dedo do meio e sai cantando pneu.

― Cadê o espírito de solidariedade das pessoas? Babaca!

Caminho calmamente até minha casa, trocando os pés, com dor de cabeça, um enjoo do caralho e uma fome assustadora. Entrei em casa tentando ser silencioso, segui para cozinha e fui direto para a geladeira onde achei pizza gelada.

― Delicia ― pego mais uma cerveja abro-a e bebo aquela maravilha e me delicio da minha janta. ― Por que diabos a pizza guardada na geladeira é tão gostosa?

Como três fatias das cinco que estavam lá e subo escada acima. A casa estava silenciosa e isso era tudo o que eu precisava. Silêncio e cerveja, eu também precisava de cerveja. Arranquei minha gravata e tirei os sapatos sociais enquanto entrava no meu quarto, quase rasguei a camisa social quando a puxei de uma vez fazendo os botões caírem sobre o chão, tiro o cinto, a calça e fico apenas de meia e cueca.

― Aquela cubana maldita... que porra! Visto esse caralho de smoking só por causa dela e o que ela faz? BEIJA O EX DELA e bem na minha frente. ― Resmungo com ódio arremessando meu celular na mesinha. — Se a vida fosse justa... ah, se fosse!

― Você é um idiota ― dou um grito alto nada masculino pulando para trás com tudo e quase caindo.

Por pouco não tenho um infarto ao me deparar com Ana Flávia sentada em minha cama, como uma expressão nada calma, completamente linda e com um olhar assassino. Respiro profundamente várias vezes antes de falar alguma coisa.

― O que diabos você está fazendo aqui? ― Pergunto com rispidez.

― Não me venha com esse tom grosso que você não me intimida Gustavo Mioto!

Mas que porra, só me faltava essa... Tento me recompor enquanto engulo em seco demonstrando uma indiferença que sequer tenho.

― Ana Flávia vai embora agora ― tento ser firme e ela parece estar pouco se fodendo para o que eu estava dizendo.

― Não. Você pode me dizer o porquê de ter ido embora assim, sem mais nem menos? ― Porque eu sou um idiota ciumento e apaixonado. ― Na noite mais importante da minha vida, quando eu enfrentei meus medos de perto... a pessoa que devia estar do meu lado simplesmente havia sumido e eu não entendi nada.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora